domingo, 23 de agosto de 2009

Adoração

Só sou gente
quando escrevo.

No exato
e improvável momento
em que escrevo.

Fora isso,
sou um verme

e ninguém tem culpa
dos meus sobressaltos

nem pai nem mãe nem filho
nem os meus fantasmas prediletos

pois desde criança
exultava-me
com as paredes
e as sombras do quarto
meu futuro encantado -

esse vazio revelador
tão vistoso e altivo.

4 comentários:

  1. Domingos,
    Estava entretida , buscando nas paredes dos meus escritos passados, um ponto novo.
    Descobri que é tudo repetitivo : a paixão, noite e dia, saudade, solidão, esperas felizes.
    Mas você não ! Você tem a poesia nova em todo instante da vida, dia e noite, noite e dia !


    Sou tua fã. Mas isso não é nada novo.

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  2. E tu és minha Sacerdotisa.
    Um carinhoso abraço.

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  3. Domingos,

    E este corvo em tua cabeça de Egar Alan Poe? Não é na escrita que serias algo. É a escrita que só é o que é pois algo tens para além da contabilidade funcional dos dias desta ordem econômica.

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  4. José do Vale Pinheiro Feitosa,
    tu és mágico e com mágicos
    apenas nos curvamos.

    Um forte abraço.

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