terça-feira, 25 de agosto de 2009

Nem prosa, nem verso - Socorro Moreira


Meu caminhar é solitário

Que adianta voltar e buscar o que não ficou ?

Nem gente, nem pacote atrasam

minhas idas , minas vidas

Volto no pensamento

quando o tempo é escravo

- No presente ele é senhor

Acelera ou adormece um desejo animado



Já disse tantos adeuses

Já fiquei de mãos vazias, embargada de saudades

Já tentei reconduzir algum caso terminado

Tudo acaba numa pia :

o resto do café, farelos de pão, flores despetaladas ...



Não gosto das despedidas

Elas estão nas pautas dos meus dias

-Prefiro os encontros inesperados

Seja de música ou pessoa

Seja um conto ou seja um fato

Chega e fica

Desfaz a mala

Cabe num canto da sala

Fica postado num quadro

Faz cafuné, coça o pé

Deixa dormir sossegado.

(foto de Claude )

4 comentários:

  1. Emoção amadurecida
    que não se cansa
    dos mimos das palavras
    das imagens e do ritmo.

    Um carinhoso abraço.

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  2. Gostei. Gostei mucho! Do poema e da foto. Sugestão: decore esse para você apresentar na Oficina de Poesia. Que achas?

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  3. Domingos,


    A maturidade dita a oração. Em seguida , um novo momento , inibe a inspiração. Mesmo assim a gente ousa , achando que todo mundo é surdo e cego.
    Se imaginar platéia o dicionário da emoção não fala.Ele não gosta do verso que lhe expôe a alma.
    Eu quero a poesia vespertina. Entre o ocaso e a primeira estrela. Quem tem sempre pra contar , se não traz o verso , a gente entrega,o próprio anverso, e deixa a vela da poesia acesa.

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  4. Oxente , Stela !
    O tímido quando decora, se engasga !

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