segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Poemas - Por Stela Siebra Brito

TEREZINHA DE JESUS NÃO CAIU, NÃO FOI AO CHÃO

Por Stela Siebra Brito



Primeiro amor:

Andávamos de mãos dadas

e não nos dizíamos (ou sabíamos)

namorados

os lábios roçavam-se fugidios

tenros

assustados

com a delícia da carícia

com a leveza fugaz

insustentável

oscilante

do amor adolescente,

do amor nascente.



Segundo amor:

Meio dia de luz e calor

teu olhar se adulçorou sobre o meu

lambuzando-me de ternura e frescor.



Noite clara e fria

teu olhar se derramou sobre o meu

como árvore debruçada no rio,

beijando as águas do meu rosto

banhado de chuva e lua.



Terceiro amor:

Subia pela varanda

sem que eu jogasse meus cabelos de Rapunzel.

Dizia amar-me, mas Vênus me piscava um olho, descrente, irônica.

O obstáculo intransponível não era a torre,

era o encantamento feito pela bruxa que morava dentro de mim:

meus olhos só brilhariam com poesia.

E ele era tão somente um príncipe,

desprovido de graça poética,

da loucura e lucidez dos que amam

estrelas,

madrugadas, trovões

e a solidão das palavras.

Rapunzel ainda está na torre,

mas, cadê o poeta?
.

Stela Siebra Brito

Um comentário:

  1. Que maravilha, Stela !

    Conta a procura, o acaso ,o encontro e o desencontro.Conta também a solidão, ora resignada, ora cheia de esperança , no tempo da espera , que ainda é criança !


    É claro que amei pela forma e pela essência.
    É claro que é fácil amar o poeta, mesmo aquele , que nunca fez nenhum verso.

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