sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Use a Ira em seu favor : escreva uma carta de amor! - por Socorro Moreira




Meu bem,

.
Depois de 25 anos escrevendo memorandos, e em “oitavados”, especializei-me em listas de Supermercados:
- queijo branco
- pão integral, frutas, azeite e uma garrafa de vinho.
Casamento fora do papel merece carta do amor pensado, escrita, perfumada, e manchada de batom.
(Amassei. Não gostei...).
Vou tentar novamente:

Meu amor,

.
A noite também chegou por aqui. Já me fez cumprir todos os rituais, antes de dormir... Só falta uma espiada na janela, e fechá-la seguramente, pra que ela não me rapte de ti.
Li alguns textos no blog, apaguei e-mails, encaminhei alguns, abri Windows sucessivos, restaurei artigos, que vi na lixeira. Na falta do fogo para queimá-los, salvei-os!
Procurei-te nos sites de músicas, e Diana Krall deu-me teu recado: Fly Me To The Moon. Depois foi o Chico, que pegou pesado, cantando "Vitrines”... E o Vinícius, que também postou um poema: "Conjugação da Ausente".
Pesquisei sonetos de J.G.de Araújo Jorge. Achei-os melosos demais, e fiz umas trocas... Edu Lôbo com Cacaso, na “Toada”, e com Torquato Neto, no "Pra dizer adeus”.
Chega de ensaios!
Finalizo os prefixos musicais com a música “Amado”, por Wanessa da Mata.
Enfim, agora estamos a sós. Eu e pensamento. Pensamento e papel, em conflito ardente. Sem fundo musical. Silêncio total, para ouvir o coração bater, como os tambores do Salgueiro.
Entro na freqüência do teu esquecimento, e te acordo... É hora!


Vem cá...

O mar veio para cá.

Ele engole os mistérios da serra,

quando chega a madrugada.

Vamos catá-los um por um,

desvendá-los...

Estou farta de segredos invioláveis.


Lembra do começo, que nunca foi?
Lembra do encontro, que esperou sem chegar?
Lembra dos desvios, arrodeios, e esbarrões,

nos atropelos dos sentimentos?


O amor chegou mil anos depois!

Quase etéreo

Atrevido na pureza, racionando carinho

Mas é tão intenso e tão lindo

que alimenta, mesmo dormindo!


Fui clara?
Fui anônima, ou indiretamente fácil?
Direto é dizer nesse cantinho de papel,

em letras tremulas e pequenas,

quase indecifráveis... Adoro você!

.
Um abraço,
Zen(ira)

P. S. “O amor que nos separa é o amor que nos une”.


* Carta não enviada. Escrita, quando fuiu apaixonada .( risos)

Socorro Moreira

6 comentários:

  1. Muito bom! Essa Zenira (ZEN IRA)
    sabe lidar direitinho com o sufixo do seu nome, buscando o estado de ZEN com a música e a poesia. É mesmo a melhor receita: trate sua ira com amor. E fique zen.

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  2. Socorro,

    Breve estarei escrevendo uma bela carta de amor.
    Pois leva tempo,concentração e paciência.Estarei falando dos amores simples,dos mais complexos,dos mais amados,dos meio amados,dos ilários,
    dos comuns,..."Ah o amor quando é demais ao findar leva paz"....
    Tem muito amor prá falar ai gente!!!!

    Beijos e bom final de semana:Lidu.

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  3. que lindo, Socorro!
    adorei.
    O amor não é um tema fácil de tratar literariamente, mas você entende do riscado!
    grande beijo,
    Ana Cecília

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  4. Aninha ! Que saudades.
    Enquanto voc~e estava cá, eu pensava na " cor da tarde". Hoje a minha não será gris !


    Sabe, que eu entendia mesmo de bilhetes para namorados ? (risos).
    Agora só tenho o papel , e a vontade de escrever para o ex-príncipe encantado.


    Beijo !

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  5. Essa é a Socorro que adoro.
    Alegre e espontãnea e criativa. Hoje você está em amarelo radiante e não esmaecido como ontem.
    Em cartas de amor não sou boa quanto você amiga.

    beijo !

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  6. Stela, Edilma,Liduína , mulheres , aproveitem a energia do dia : escrevam uma carta de amor. No mínimo , o remetente vai ler duas vezés, ficar sorrindo à toa, e baixar os olhos, nas estrelas.
    Quando a gente perdeu nossos canditados, em prol do vestibular, quem segurou a ilusão por uns dias foram as cartas... Até que elas começavam a espaçar, a esfriar... Aí, eu já entendia : Tem boi na linha !
    Quem acabou um namoro por carta, faça o favor de pedir perdão, numa carta que não será enviada ...
    Se "Alice" não mora mais aqui, ele também não !

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