quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Bom Sono

Não era tão dilacerante a dor.
O desgosto nem tão imenso.
O poeta não é um fingidor,
um sacana mesmo.

Adorna as palavras,
lambe as feridas,
entre suspiros,
soluços,
uis, ais

mas na verdade
sob atmosfera oculta
sorri cínica a alma
que ninguém olha
nem ao ato fúnebre
que ninguém assiste.

É uma temeridade
enfeitar a cauda
não importa de qual lagartixa

ou a própria se deixa cortar o rabo
ou então logo esquece os guizos
debaixo da escrivaninha.

Sabe aquele ossinho da galinha
graveto bifurcado cabo da baladeira?

Pois esta é a dor poeta,
até uma criança quebra
até um idoso mastiga.

3 comentários:

  1. Com respeito à "Dor Poeta", hoje não tem "brincadeirinha."

    Um terno abraço, Buñuel

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  2. Corujinha Baiana,
    saiba que o seu lúdico olhar
    em hipótese alguma maculou
    nenhuma dor imaginada,
    afinal o poeta
    não é um fingidor:
    é um sacana mesmo.

    Abraço carinhoso,
    e, por favor,
    não se faça sisuda,
    minha terna amiga.

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  3. Corujinha "sisuda", EU ?
    Nem morta,estiradinha !

    É que a brincadeirinha
    dessa vez,
    teimou em não aparecer.

    Ficou escondida
    e fez charme
    por trás da cortina da sala.


    Um terno abraço,Buñuel,e muito AXÉ pra você.

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