sábado, 14 de agosto de 2010

Brumas

Prometo então que te deixarei
tão vã quanto desconhecida
abstrata
sem nome.

Não te apartarei dos sentidos
da falta e da ausência
nem do pleno vazio.

Prometo então que te deixarei
andar com as próprias asas
e guardarei meus óculos
embaçados de gordura
e de lágrimas.

Dentro do banheiro
ao observar as formiguinhas
desesperadas com a minha voz
correndo entre cantos e fendas

levantarei os pés cauteloso
para que elas se cuidem
sob meus chinelos.

Sei o quanto é doloroso
quebrar costelas e contorcer-se
rodopiando pelo frio do piso.

Prometo então que te deixarei
oculta no meu depressivo silêncio
também nos meus particulares sussurros.

Não te forjarei outra vida
nem ousarei aflorar a sequidão
dos meus lábios.

Serás o de sempre:
névoa e pedreira
sobre ombros
colada nos cílios.

Prometo então que te deixarei
em paz, rica e perfumada
a zombar da minha angústia.

Não é bom nem vistoso
o sangue do meu nariz.

6 comentários:

  1. Menino de Deus,

    Domingaste no sábado lindamente.

    Amei teu texto. Maravilha entalhada nos sentidos.

    Abraço,

    Claude

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  2. Prometo que não é mentira,(risos)Adoreiiiiii,muito bom mesmo,parabéns(abração)

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  3. Domingos,

    Entre a névoa
    e a rocha
    se esconde
    Os cílios molhados
    encobertos
    pelo vento da varanda
    que sopra seus cabelos
    E as plantinhas
    se admiram da novidade
    das formiguinhas
    que se aproximam
    pelo doce perfume
    de mulher

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  4. Claude, sempre que te ouço
    sei que ouço uma alma
    sensível que tem a Poesia
    uma companhia permanente.

    Carinhoso abraço.

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  5. Daniel, meu camarada
    sei que és um artista
    e estás sempre a criar.

    Acredito em ti (risos)

    Outro grande abraço.

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  6. Edilma,
    versos inspirados
    por alguém que sabe
    do vento da varanda
    e dos tremores das plantinhas
    quando a noite é de epifania.

    Estou com saudades
    da tua extasiante alegria.

    Carinhoso abraço.

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