segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Corrente - por Socorro Moreira



A cidade era bonita ,  numa vida bem pacata. Eu vivia com a  família de gênio muito abrandado., e quse sempre feliz !
Papai pintava os carros, a minha mãe ensinava, e costurava uns vestidos, além de cuidar da casa.. Na sua moderna "Singer", escutava a zoadinha, que a tal máquina fazia, pra costurar meus vestidos.
Ainda  quase menina, cumpria alguns recados:
"Menina , me compre já, linha corrente-laranja, na cor branca  e rosa chá"!.
Mas a corrente  da rede, que  a vó me balançava, namorava o armador, ora pra lá e pra cá. Enquanto cantarolava, ela bem  devagarzinho, com seus pés  bem pequeninos , saía silenciosa , e me deixava a sonhar.
A correntinha de ouro, que  perdi no mês  de Agosto, foi presente do meu tio, quando completei 10 anos. Ela tinha uma medalhinha, só não sei qual era o santo.
Depois entrei na corrente do rio no Maranhão, cantava com o barqueiro, aquela velha canção:

" eu vi
as águas do rio correr
 e a canoa do negro passar..."

Lembro a expressão feliz,
do sol, naquela manhã
achava que todo canto
era na sua intenção.

Correntes nunca me atam,
não me escravizam , nem matam
não as tenho em sentimentos
nem tão pouco em pensamentos

" acorrentados ninguém pode
amar..."
 diz o refrão de uma música
 que eu já não sei mais cantar.

mas deixo um tolo conselho
não siga, se não gostar
não acorrente alguém
pensando que vai  ganhar
um amor  pra vida inteira
 sem deixar ele voar

amor é contra-corrente
é livre e gostador
pródigo em carinhos e beijos
mas precisa respirar
no jardim da sua dor.

Finalizando a palavra
vejo que falei demais
pois então complete agora
o  jeito de versejar
use a palavra " primeiro"
senão a loa não para
nem com a luz do luar.



Um comentário:

  1. Socorro
    Este seu "primeiro" só saiu recorrendo ao baú, ou melhor ao pen-drive.
    Abraços
    Aloísio


    Meu primeiro presente


    Minha mãe trouxe da cidade
    Uma bolinha pequenina
    Dessas que cabem nas mãos
    De uma criança franzina

    Carregando sempre a bola
    Em cada canto que ia
    Pra saber o que tinha dentro
    Mil conjecturas eu fazia

    Com a curiosidade aguçada
    Cada vez que a pegava
    Olhar para seus desenhos
    Isso não me contentava

    Brincando com meus irmãos
    Jogando com o pé ou com a mão
    Enquanto o tempo passava
    Ficava a mesma indagação

    O que tem dentro da bola?
    Para descobrir o segredo
    Acabei fazendo um furo
    E lá se foi meu brinquedo.


    Aloísio

    - . -

    Gostei da sugestão que ai está
    Vamos curtir o “ÓCIO”
    E continuar a brincar.

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