domingo, 19 de setembro de 2010

Não Creio em Deus - José do Vale Pinheiro Feitosa

Sinceramente não creio em Deus pai, criador do céu e da terra, julgador de todas as coisas, que virá para resgatar vivos e mortos. Não creio não vida eterna amém.”

E quando digo amém, sei que repito o “assim seja”, mas não creio no meu poder e nem no de ninguém de assim proclamar. É que não creio no império que tudo pode, tudo vê e tudo fez, faz e fará.

Mas creio em ti. Na tua dor solitária que precisa da adição de um pedaço da minha vida. E doarei meu tempo sem me preocupar em viver outras invenções, pois não existe invenção maior que a tua própria existência.

E aceito tua fé, tua esperança, teu devir inclusive na forma de uma ordem celestial que ti acalma, alarga as paredes deste mundo opressor e ultrapassa o arame farpado desta vida material de mercancia.

Como creio na cura das feridas que procuras sarar. Levo fé em tua capacidade de superar a rejeição, compreender a descontinuidade de discursos sublimes, pois o maior crente é aquele que duvida de sua própria crença.

Não desconsidero tua oração, a necessidade do teu verbo se comunicar, manifestar-se, reclamar, pedir, explicar, concluir e até mesmo seduzir para que sejas inteiramente aceita. O maior erro não é o teu. O maior erro é se imaginar um mundo sem erros.

Creio no teu lugar no mundo. No teu brilho e nas tuas manchas. Nas tuas posses e naquilo pelo qual és possuída. O maior e o melhor são apenas escalas comparativas aos outros, e isso não basta, pois no mundo és singular.

Não desconsidero tuas crises de individualismo. Os fardos dos preconceitos, os conceitos ainda não sabidos, a ignorância do teu olhar perplexo. É que o mundo e nós não somos objeto do conhecimento em si. Somos apenas o conhecimento sem intenção.

Creio que teu vínculo de fé com o além dos tempos é um passo para reinventares o modo como inventas o teu tempo. Como doas este em adição ao fluxo do outro, também inventas a ti própria como matéria do tempo geral.

Considero que a vida não é um demolir-se eterno e nem um reconstruir-se permanente, é, sobretudo, um transformar-se independente dos materiais de construção. Não que os materiais inexistam, é que a força motriz da transformação se encontra no tempo geral. E o tempo geral é o tempo da humanidade, dos seres vivos e do planeta terra.

3 comentários:

  1. Não creio em Deus, graças a Deus.
    Parabéns,um assunto que muitos fogem
    mas... é debatido.

    abraço,
    Jacques Boris

    ResponderExcluir
  2. Li cantarolando uma música que aprendi, na voz do Alytemar ... Você a conhece !
    Nem me incomodo com explicações teosóficas , embora goste de tudo um pouco: poesia, filosofia ...ias !
    Gosto sobretudo de preencher as horas
    de muitas
    muitas formas
    e o tempo na medida
    me entrega na bandeja
    muitas alternativas
    Bendita solidão
    que nos deixa perto de nós
    e chama
    e chama !
    Chama que não se apaga
    feito vela de uma era.
    Daqui a pouco o dia
    de novo amanhece
    Água fazendo zoada na pia
    cheiro de café
    e a canção da vida
    até nas buzinas
    de quem está no veículo
    que apressa caminhos.
    Desacelero o tempo
    e paro num momento ...
    momento que chega do futuro
    "Olá, como vai"?
    Deus está no meio de nós... e o resto eu não sei.
    Creio em Deus? Sim !
    Mas não gosto de rituais católicos, nem de música gospel.
    Sou da lua e do sol, que te ilumina !

    Eu escrevo sem pensar, mesmo não sendo improviso.

    Boa semana, e volte sempre !

    ResponderExcluir
  3. Sinto um respeito enorme pela profissão de quem cura .
    Abraço você e Teresa.

    ResponderExcluir