quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Mãos Dadas - Carlos Drummond de Andrade

Mãos Dadas
Carlos Drummond de Andrade


Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente,
os homens presentes,
a vida presente.

2 comentários:

  1. Arrasou !!!!
    Vamos poetar ?
    Café ou chá?
    Lua cheia ou minguante?
    Vinho guardado
    esperando chuva
    ou um encontro.
    Sílvia, e os Barretos
    que amamos !

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  2. Socorro,

    Esta é minha homenagem que presto ao grande Drumond.
    Nisto concordamos, eu também acho um arraso este poema; e claro, os Barretos estão fazendo falta.

    Abraços
    Aloísio

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