Além do mar se vê Poesia
dentro das botas também.
Pelas paredes e no reflexo dos vitrais.
Nas cerâmicas rachadas e no dorso do mármore.
A poesia é pudim, groselha, tamarindo
água para matar a sede do corpo pois
a poesia exaure os tendões e os cílios.
Não leia o poema com a mente
(nem a sua nem a do outro) .
Há de se permitir o tombo da alma
ao balé da folha seca despencando.
Não leia versos julgando-os amorosos
ou brincantes: quem desvenda o sorriso
daquele triste palhaço na sua alcova?
Não tentem aprisionar o poema
com sutis olhares de mestre.
Ninguém é mestre diante
da loucura e da lucidez
(de fogo) .
Nenhum conceito é puro.
Nenhuma mão que segura a pena é inocente.
Além do mar existe Poesia.
Além do quarto sombrio certamente.
A Poesia não é território somente dos corais ou dos ácaros.
Arranque seu coração experimente escrever sem este músculo.
O cajado do poeta são os versos
retorcidos sob a solidão necessária
de cada poema.
Escrever é o bastante
(e veja a dança) .
A Poesia é uma dança frenética (arrebatadora) .
Quem escreve não precisa de ajuda,
mas sim revelações.
Você e a poesia são irmanados.
ResponderExcluirVejo-os sempre de mãos dads , e corações em uníssono !
Abraços, mi amor !
Domingos,
ResponderExcluirA madrugada te revela
entre versos dispersos,
entre paredes e vitrais
sementes-poemas
sementes da mente
E a Poesia se incorpora
e mata a tua sede
e exaure a noite
e apaga os reflexos
do teu olhar sutil
A Poesia tem enfim
o sopro do vento
tem sabor de fruta
e na loucura dos versos
esconde
a lucidez do poeta
noturno
sonata
só
solidão.
Glosa de Domingos Barroso
ResponderExcluirAs conchas das mãos nunca estão vazias.
No mínimo estão cheias de nada
e mesmo o nada é poesia.
Tenho poesia no corpo todo,
nos olhos doentes de tanta luz,
nos pés gretados de tantos caminhos,
nas botas, nas unhas, nos cabelos
que caem e renascem a cada dia.
Leio o poema com os olhos,
sinto o poema com os dedos
com o nariz, com os ouvidos e com a língua.
Leio o poema com os cinco sentidos.
As folhas caem, mas, antes de cair, bailam
no ar, valsam suaves ou rodopiam endiabradas.
As folhas têm alma: a nossa alma.
Os versos são formas lúdicas ou são o corpo do amor,
mas a dor do poeta, esse palhaço, quem saberá?
O poema é livre como o voo do pássaro
e se queima no fogo das imagens iluminadas.
Ninguém escreve ou lê impunemente um poema.
Poesia se escreve com sangue pulsando nas palavras
e inundando a forma fecha, de concha, do poema.
O meu bordão flori a cada verso que eu escrevo.
Planto o meu bordão na rocha no meio do deserto
e não brota água, mas sangue convulso.
Escrever é uma dança imóvel à espera da revelação.
(Um abraço, Domingos, do amigo Brandão.)
Socorro (Sacerdotisa),
ResponderExcluira fraternidade poética
é o nosso elo, sempre
Carinhoso abraço.
Claude, obrigado pelos versos
ResponderExcluire pelo imenso carinho
...
Fraterno abraço.
Grandioso poeta
ResponderExcluire meu amigo,
José Carlos Brandão
tal homenagem
enche meus olhos
de puras lágrimas
e profundamente a alma
se abriga (em cada imagem)
contentíssima
...
Forte abraço,
meu amigo.
Nossa! que poemaço!
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