quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

conclusão

quando chega a hora do poema
os ruídos das palavras: sinais
sons curvas deixas madrepérolas
filigranas que ninguém decifra
com olhos de águia na água fria
derramada sobre os pés
cansados de espinhos

não querer significado
mas palavras por onde se perde
o sentido do momento
e se banha com magia
números do calendário
tic tac tic tac tic tac tic tac tic tac
e a hora não passa entre os dedos
os dentes não trituram
as vísceras do tempo
o tempo cheirando a jasmin

a melhor maneira de limpar-se
do poema
deixá-lo em paz
ainda que a paz não seja

2 comentários:

  1. Beleza !
    Indispensável, a poesia do Chagas .

    Abraços, poeta !

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  2. Socorro, vou tomar a liberdade de uso sem permissão dos versos de Nicodemos, pois expressam o que eu gostaria de dizer nesse momento. Aliás, escrevi o poema depois de uma leitura dos poemas do blog dele, poemas de uma refinada poesia.

    "o poeta olha o mundo
    vê as pessoas
    vê as coisas

    não move um dedo
    nem pisca um olho

    mas
    quem vê dentro
    sabe..."

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