terça-feira, 18 de janeiro de 2011

E agora?
- Claude Bloc -


E agora, José?
Como descrever cada sussurro da noite?
Como conter o barulho (in)discreto
dos dedos pelo teclado
ou
pelas plangentes cordas de um violão
como se um e o outro
fossem o mesmo e único instrumento singular?

Como descrever as palavras desgarradas
ou a quase perfeita intimidade
entre os silêncios rasgados e o desapontamento?

E agora, João?
como em meio às marés
poder escorregar para outra dimensão
devagarinho,
como as gotas de chuva
e esquecer a doçura
e esquecer a saudade
e ainda
desmedidamente
poder sonhar?


Claude Bloc

9 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Como não me emocionar com tamanha gentileza?

    Abraço,

    Claude

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  3. Claude,

    Favor corrigir um erro de concordância colocando "As águas" em vez de "a água"; na "Pérolas nos Bastidores, e aproveita e altera meu nome para "Aloísio"
    Muito grato.

    Abraços
    Alopísio

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  4. Belo poema, de uma poeta dotada de fina intuição poética.

    João Cabral de Melo Neto tem um belo poema chamado Ferrageiro de Carmona, que termina assim:

    Forjar: domar o ferro à força,
    Não até uma flor já sabida,
    Mas ao que pode até ser flor
    Se flor parece a quem o diga.


    Domar o ferro à força, lutar com as palavras, enfrentar os desafios da linguagem.

    Mas nada disso surte efeito, penso eu, se o poeta não tiver a intuição necessária. E Claude me parece ter de sobra.

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  5. Claude,

    Emocionante e lindo poema.
    Você nasceu com a caneta na mão.(Risos).

    Abraços: Liduina.

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  6. E agora, Claude?
    A noite canta
    nos dedos líricos
    pelo teclado
    ou pelas cordas
    do violão.

    Não cessa a música
    com a poesia,
    com a palavra
    ou seu silêncio
    encanta a dor.

    E agora, Claude?
    A intimidade
    no coração
    das suas palavras
    e algum despeito
    dentro do peito.

    E agora, (v)ocê?
    Eu sou qualquer
    José da vida,
    você é Claude
    com o seu sonho
    como eu ou nós.

    Eu sou poeta
    como você.
    Sou no poema,
    o meu espelho.
    Você me lê,
    você me vê
    tal como sou:
    uma palavra
    ou uma imagem.

    E agora, Claude?
    Hora do fim
    deste poema
    jogado ao léu
    na tela fria
    para dizer
    o que não pode:
    vou a galope
    nos cascos e asas
    da criação.

    E deixo aqui
    o meu abraço
    de poeta-irmão.

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  7. Chagas,

    Você tem um jeito especial de fazer a alegria transbordar na gente, quando trata a poesia com ímpar gentileza.

    Ao fazê-lo, você toca a palavra e a transforma numa delicada seda que afaga a alma.

    Abraço,

    Claude

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  8. Liduína,

    Não sei se nasci com a caneta na mão, mas quase nasci de óculos (risos)...

    O que sei é que certamente essa sensibilidade poética se instalou em mim muito cedo...

    Abraço,

    Claude

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  9. Claude,

    Lindo!!!
    Como não se emocionar lendo este poema?
    O barulho do teclado
    Acompanhando o ritmo do violão
    As águas da chuva correndo
    que ao mar chegarão
    desmanchando as saudades
    num sonho ou alucinação.

    Abraços
    Aloísio

    P.S.: Repostei para corrigir um erro de concordância.

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