terça-feira, 18 de janeiro de 2011
O espelho de bronze
O CANÁRIO
O canário de ouro
entre as folhas da árvore
e os meus olhos.
A SOMBRA DAS NUVENS
Somente as nuvens fazem sombra
sobre as pedras e a areia do deserto.
O ESPELHO E O PÓ
O espelho reflete o pó sobre o relógio.
O pêndulo, pesado de sombra, não para.
VIRGÍLIO
Virgílio escreve o poema
do mar, dos deuses e dos homens.
Aos poucos a sua coroa de louros
transforma-se em bronze e ouro.
EVA
Eva recebe da serpente
uma maçã
e a minuciosa arte de amar.
O GIRASSOL
Senão em si mesmo,
onde o ser do girassol?
O ESPELHO DE BRONZE
Eu sou aquele que esquece.
Eu sou o esquecimento.
ESCREVO PARA NÃO ESQUECER
A poesia é filha da memória.
As imagens no espelho se iluminam
sob as águas do esquecimento.
A ROCA
O fio segue-se a outro fio
e a meada se completa.
E a roca a fiar, a roca a fiar.
O HIBISCO
O hibisco estende o pecíolo
à frente de suas largas pétalas.
Ofertório à beleza vermelha.

cada verso
ResponderExcluiruma partitura
de pura e grandiosa
imagem poética
...
José Carlos Brandão
(grande poeta e meu amigo)
forte abraço
...
Muito bom.
ResponderExcluirMuito bom mesmo!
José Carlos,
ResponderExcluirDomingos tem o dom de encontrar a essência dos versos... e através dela diz o que gostaríamos de ter dito.
Você com seu "espelho de bronze" reflete a musicalidade dos versos, toca, incita e envolve...
Abraço, poético
Claude