quarta-feira, 22 de julho de 2009

Café - Por Everardo Norões


Desencarno arábias

de uma xícara morna

de café.

E um fio negro

me assedia a boca.


( Através da janela

o galho de pitanga

ostenta seu adorno

encarnado).


Viajo pelo negror do pó:

Dar-El-Sadam,

Bombaim,

Áden

Sem Nizan, sem Rimbaud

as colinas ocres,

a poeira dos dias.


De onde vem o grão

dessa saudade?


Desentranho arábias

dessa xícara fria.

Enquanto aguardo o dia

que não chega.


Desacordo e sorvo

a sombra morna

do que sou

na borra

do café.


Texto de Evarardo Norões - do livro Retábulo de Jerônimo Bosch

Um comentário:

  1. Everardo,
    Os inéditos ficam por tua conta.
    Teu poema é o "café" dos nossos dias.

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