quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Namorados e garis - Por Stela Siebra de Brito

De vez em quando sou romântica.

Me comovo com nomes de namorados

traçados no coração/areia da praia:

Gerson e Tayná.

Ou entalhados

no tronco do jacarandá

Marília e Júlio.



O vai e vem das ondas

Vai destraçar Gerson e Tayná.

Marília e Júlio só se queimarão em

lenha de fogo brando

ou serão esculpidos em

mesa posta de pratos

vazios de amor-paixão.



Vez em quando eu sou romântica

e choro lágrimas do mar de Olinda

limpando minha alma,

como os garis limpam as praias

na manhã da segunda-feira,

ciscam o lixo da areia

papel, plásticos, latas, cacos de vidro:

sujeira humana.

Os garis só não ciscam os nomes

Gerson e Tayná

Isso é serviço do mar.



Meu olho de ver e sentir

chorou gratidão aos garis

de parcos salários

de sonhos imensos

de roupas vermelhas

desbotadas de água e sol

amarrotadas de sal, vento e

desilusões.

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