sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Engrandecer-se - por Domingos Barroso

Quem tirou minha armadura
não sabia que toda brisa
de planície arenosa
purifica almas -

eis-me renovado
espinhas carnais no queixo

o olhar firme
bem mais contemplativo.

Lavo os pratos,
ouço os devaneios do meu filho

[entre os dentes uma espinha de peixe
me pede mais cuidado com as sensíveis gengivas]

...

Quem arrancou do braço meu escudo
não imaginava que a lua do pântano
encanta nosso lado sombrio

surpreendente como um suspiro
sem nada desejarmos.

Lavei os pratos,
meu filho comeu seu macarrão

e talvez ainda me faltem roubar
os cílios envelhecidos -

muito fracos não caem
orgulhosos se agarram
às últimas remelas.

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