sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A poesia de Domingos Barroso

Para Laura


Até agora não derramei uma lágrima.

Mas sinto aberta uma vala no meu peito.


Sei das minhas loucuras.

Do compromisso com o desconhecido.

Deixei ao relento minha alma sedenta

enquanto o corpo desfalecido pedia trégua.


Agora se refaz uma mente pacífica

em meio a destroços que adubam a coragem.

Não há necessidade do perdão

tampouco do conflito.


Aonde for levarei comigo

minhas paredes e minhas formigas.

Confesso sem medo do escuro

que a minha vida nunca foi tua

e que os meus olhos vivem cegos

desde os primeiros tombos no útero.


Fui um mau menino.

Um Lunático esposo.

A Poesia minha sombra.
Assusta, decerto.

Mas no dia seguinte

é a Ela que peço colo.


Até agora não derramei uma lágrima.

Mas sinto florido um jardim suspenso.



por Domingos Barroso

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