terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Sobriedade - Domingos Barroso


Não gosto da alma soberba
feliz pelos cantos da casa.

Bebo porque logo sofre
a alma que anda contente.

Mas cansei de levantar taças.
Que fazer?

Subir até o ápice da montanha de gelo
ou abraçar os pardais sobre os fios de alta tensão?

Dilema que resolvo
escovando os dentes
tossindo.

Distante da patética euforia
de presentes, panetone,

ano novo, roupa branca,
velas, búzios, pedidos.

Mãe viajou.
A irmã trama ceia fora.

Maravilha.

Sozinho pousarei alegremente
os pés no pufe

sem tv ligada
janela fechada

mas a luz
bem acesa.


por Domingos Barroso

Nenhum comentário:

Postar um comentário