domingo, 7 de fevereiro de 2010

Crônica

Meu filho adora brincar com massinha colorida.
Não é tóxica. Mas gruda nas unhas.
Eu adoro escrever versos.
É tóxico e mancha a alma.
Meu filho fácil fácil gripa.
Tosse, tosse, tosse.
Dou-lhe xarope,
um expectorante gelado.
Enquanto meus pulmões
continuam chorando cinzas.
Meio-dia, domingo,
meu filho foi à missa com a tia.
Eu me ajoelho diante do teclado.
Rezo baixinho o que permite a mente.
De acordo com a vontade dos dedos.
Meu filho acabou de chegar:
"Pai... meu coração está doendo..."
"Playstation ou you tube de jogos?"
"Computador, pai... termina logo esse poema..."
Meu filho está ótimo.
Empurrou-me da cadeira giratória.
Apoderou-se do meu confessionário.

4 comentários:

  1. Sacerdotisa,
    é a nossa inocência
    vazada pelos vãos
    dos dedos...

    Carinhoso abraço.

    ResponderExcluir
  2. Buñuel,

    Assim não vale !!!
    Essa é "hors concours" !

    Um terno abraço
    Corujinha

    ResponderExcluir
  3. Corujinha Baiana,
    tua sensibilidade me basta...


    Carinhoso abraço.

    ResponderExcluir