Uma caixa de chocolates.
Depois um lenço perfumado.
Não me perguntes que horas
desde quando
meus dias belos
intrigantes.
Digo que cansei da morte
com seu longo vestido
fora de moda
atraente.
A foice, sei, enferrujada
é mais letal que uma dentada
do réptil de Komodo.
E tanto a morte
quanto o bicho
correm feito
Usain Bolt.
Não tem árvore frondosa
onde moram os dragões
nem sombra aprazível
por onde passa a morte.
Então te compro
uma caixa de chocolates.
O lenço perfumado
é outro sonho guardado
no fundo da gaveta.
Sei, lá têm traças.
Mas que importa:
traças, morte, chocolates.
Os versos também morrem
um dia.
Deixam saudades.
Os dentes amarelos.
Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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sexta-feira, 19 de março de 2010
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