quinta-feira, 1 de abril de 2010

Limpo

Quanta loucura trazia no bolso.
Surpreendo-me agora
com a luz que escapa
do meu jeans surrado.

Sem chiabas
sem saquinhos plásticos
sem números de telefone.

Revela-se no meu jeans surrado
a minha alma atenta
que ouve música fm
com foninhos de ouvido.

Não há como meus inimigos
entrarem no meu coração.

O corredor longo
iluminado

assusta-os
queima-lhes as retinas.

Estamos sob uma frondosa sombra
eu e São Jorge,

seu cavalo (agora vejo) é um pégaso
pasta no meio-fio comendo aquela graminha.

São Jorge gargalha,
mostra seus dentes amarelos
iguais aos meus

e eu retribuo com um riso
de canto esquerdo de lábio.

São Jorge me diz
que é preciso a trégua
para que os inimigos entendam
que essa peleja é um jogo

não se deve sempre
pensar em ruínas
ou em vitórias.

Viver, digo eu,
é maravilhoso

quando no bolso
do velho jeans

só caem moedinhas
de dez centavos.

2 comentários:

  1. Do meu coração tbém lavado
    qual o teu bolso
    descosturado
    só pingam gotas
    do amor partido
    inteiro,
    nunca divido...
    E aquele olhar inquieto,
    mentolado,
    assusta com carinho,
    meus dias compridos !


    Meu amigo Domingos , você é Aleluia , nessa quinta-feira profana,
    que eu desejo se transforme Santa !

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  2. Sacerdotisa,
    somos todos santos
    quando a coragem
    nos comanda...

    Carinhoso abraço.

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