quinta-feira, 13 de maio de 2010

Liturgia dos Olhares de Esquina - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Andei pelos caminhos da política. Na planície em que as partes de afastam.
E ela dizia: poesia.
No contraste entre o vale e as montanhas. E ela publicava um poema.
Quando eu dizia disputa, ela versejava.
Se falasse em vitória, ela rimava.
E quando disse movimento, ela colhia uma flor de maracujá peroba.
No alto da Chapada do Araripe.

Daí, nesta manhã, o encontro na rua Jardim Botânico:

Nossos olhares separados,
Na esquina de cada lado,
Com mel todo esparramado,
O dela no outro perfumado.

Meu olhar descobriu,
O dela, num lance, seduziu.

Enquanto o sinal nos separava,
Meu olhar ao dela se juntava,
Em simbiose digestiva,

O meu intrusivo,
O dela eruptivo.

O verde moveu os olhares,
O meu? Farol de milha!
O dela, véu em oração.

Passou de pálpebras abaixadas,
Toda exposição de corpo nu,
Assim como sempre fazem,

Na distância nos laçam,
Perto, trêmulas se acalmam,

Por meu olhar em ebulição,
O dela, guia da liturgia da fusão.

Um comentário:

  1. O momento é político , em clima de copa !
    Fico brincando de poesia , catando-a , nas trilhas do passado.
    Viajo, só pra ficar na janelinha , e me dispersar , no desenho indefinido das nuvens.
    Sempre chego em algum canto, de preferência , num jardim botânico, onde posso achar, cruzar, no verde olhar.
    Minha alma se espalha , mas não perde o rumo, nem pede a luz, que já brilha há anos.
    Cativa, seduzida ,penso no correr dos dias, que o meu voto é um ponto !
    Vou por aí, por aqui... Passeio nos blogs de Noblat e Augusto Nunes... Mas é teu linguajar que informa o que não enxergo, e preciso tanto !

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