terça-feira, 29 de junho de 2010

Pensão- por Everardo Norões

 
um tempo se destece nos telhados
e desce sem saber ao nosso tédio:
um tempo sem espaço e sem remédio,
pegado à solidão de um negro armário.

exilado no mundo do meu quarto
ou na copa de árvores distantes:
tempo-pedra disposto nas estantes
(feito a hora infinita de um infarto)

tempo que se despenca ou desfalece
nas tranças distraídas de algum mês,
de algum ano de seca e sem semente.

assassina meu sono e desvanece,
perdido no curral, como uma rês:
viajante sem fim de um sol nascente.

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