quarta-feira, 9 de junho de 2010

Santidade

Sob qualquer hipótese
és eterno.

Mesmo com a minha morte
permanecerás açoitando
a memória dos outros.

Seria injusto da minha parte
somente aos objetos
coubesse meu silêncio.

Tu és toda a totalidade
dos próprios objetos.

Dos seres inanimados.
Falastrões.

Antes que recaia sobre eles
o meu olhar lunático

tu com tua generosidade
assopra aos meus ouvidos

que tipo de alma
devo ter.

O meu fim não tem importância.
É a tua vitória contra o efêmero.

Com a minha morte
estarás livre.

Sem incumbência.

O que pesará
é a lembrança.

Mas sabemos que toda lembrança é falha.
Que todo pensamento é propenso a falha.

Com o meu fim
a única verdade:

tu com tua cerimônia
tu com teu desleixo.

Infinitamente maior.
Além do próprio invisível.

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