PORTO CENTENÁRIO
Naquele porto centenário
Você chegou desconfiado
Arrastando a sua dor
Pra enfrentar o dragão
Carregado de furor
Chegou triste, acabrunhado
Pra começar seu calvário
Trazido quase arrastado
Tal qual um touro enfezado
Puxado ao pé do mourão
No meio daquele espinheiro
Nem muita fé, nem dinheiro
Iriam fazer domar
Aquele dragão voraz
Que insistia em lhe devorar
Carregando a sua paz
Após um sono profundo
Você acordou pro mundo
Viu que na queda de braço
Tinha sido o perdedor
Saiu de lá deprimido
Qual um bagaço moído
Com o seu corpo já marcado
Pelo que lhe foi levado
Rancoroso, inconformado
Voltou ao seu velho ninho
Pra receber dos amigos
O conforto e o carinho
Mas, na doçura da moagem
No cheiro da rapadura
Você era a imagem
De quem vivia a amargura
E na imensidão da bagaceira
Sentiu-se o próprio bagaço
Pois na hora do abraço
Novamente o desgosto
Pela falta em pleno agosto
Que sentia do seu braço
Marcos Barreto de Melo
Marcos.Voce, com retrata muito bem as coisas que, embora passadas, estão presentes, encravadas em nossos corações. Naquela época,o sofrimento não nos deixava enxergar a fortaleza de nosso pai. Fortaleza que o fez permanscer, ao lado da família, por muitos anos.Acredito que hoje, ele desfruta de um bom lugar, onde não deixa de olhar para todos nós.Beijos. Tete
ResponderExcluirCaro Marcos
ResponderExcluirParabéns por expressar tão bem seu sentimento de amor filial. Bela poesia.
Um abraço
Marcos,
ResponderExcluirParabéns por transportares para a poesia lembranças difíceis de serem revolvidas. Grande texto.
Abraços
Aloísio