quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Aos cariricaturais de todos os dias - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Tuareg, Socorro Moreira, Daniel Dantas e Eike Baptista.

O Tuareg, geração após geração, se reconhece como tal. Não têm um território, são nômades, mas vivem nos desertos e oásis: têm o deserto e este os tem. Socorro Moreira, filha de Moreirinha, geração após outra, reconhece sua identidade. Têm um território, vivem no vale do Cariri, na linha com o Piauí. Têm um território e este os tem.

Agora sintam outro termo para o mesmíssimo verbo ter. Daniel Dantas e Eike Baptista têm uma riqueza de capitais imensa, poder tremendo de comprar, dirigir e decidir. Mas ambos são mortais e a riqueza permanecerá. Afinal se a riqueza sobrevive ao poder de ambos, quem tem o poder de ter nesta história?

Não tem diferença, afinal, entre um parágrafo e outro? Reflita. O poder é finito. O deserto, o oásis e o vale do cariri são infinitos em termos da espécie humana. Mesmo quando estes não houver, a Via Láctea do Tuareg e da Socorro Moreira estará lá.

Isto é que é solidão

Nem vou ao dicionário. Não precisa. Sabemos o que a solidão é. Mas a reconhecemos relativa ao outro. Existe uma solidão absoluta?

Mesmo no interior da mina que aprisiona os mineiros chilenos, pode-se subentender o céu e as estrelas. É em direção ao céu estrelado que se pretende como a necessidade do ar livre. Então vem a teoria da expansão do universo. Todos os astros se afastando um do outro em todas as direções. Ninguém viaja em parelha. Haverá um dia em que nenhum astro será visível ao outro.

Eis a solidão absoluta? Estaremos próximo ao zero absoluto?

Números da Audiência

Há quem nos ouve, não liga e se vai para longe das nossas cordas vocais. Quem nunca nos ouviu por que nos desconhece. Existem os que ficam nos ouvindo e conosco conversam. O fluxo da audiência é mais ou menos isso a todo o momento que se afira o público presente.

E quando ela aumenta? É que divulgamos. Nos fizemos conhecidos. Mobilizamos, assim como um almoço, uma festa e um livro.

No estribo do bonde

Tantas vezes o bonde passa e não posso pegá-lo. Tenho que construir pelo menos duas paredes de tempo a cada dia: uma para o dia e outra para a noite. Então quando posso pintar uma tela de minutos, saio correndo pelas ruas juntando segundos um ao outro e sempre encontro o bonde cheio.

Me resta o estribo com o qual mantenho meu circular aqui nesta praça.

Um comentário:

  1. O abandono às vezes é um pedido implícito de quem deseja o deserto criativo.
    O abandono é a paga
    o preço de abandonar
    de ser sozinho
    pra depois se harmonizar
    o abandono é o resultado
    de um sopro divino
    que nos carrega pra novos desafios
    Mas a realidade
    mesmo transformada
    permanece na essência
    desabandonada...
    Ninguém consegue chegar
    sem a ajuda de um vizinho
    Anjo ou pessoa
    na troca sinérgica
    todos crescem
    todos trocam de rumo
    mas vivem nas paralelas
    O encontro final
    Reúne !

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