domingo, 5 de setembro de 2010

Ofício do Negro - Por Everardo Norões

O som sobre o descampado
ressoa solto na casa.
Som da explosão de gomos
( incêndio fruta encarnada).

Luz de ébano macia
relampejada entre dedos:
(orquídea ainda em semente
ou flor de noturno medo?).

Respingos de chuva aflita
se ofertando à terra quente
Abrir de nota à semente
( métrica de oculto rio).

O som negro se desvela:
banha de luz os vertígios:
de muros, pedras, arcadas:
( redondo fulgor do frio ...).

No interior de orifícios
( deslocamento de ofídios)
de onde escapam lagartos.
Do solilóquio dos quartos.

O som sobe ao descampado
ressoa solto na casa.
Som de explosão de gomos
( incêndio fruta encarnada).

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