segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A poesia de Everardo Norões



Sertão


As nuvens são baixas,
mas alto é o céu.

O que parece passar,
permanece.

O verde, no cinza
se descobre.

A luz,
da escuridão se tece.


O verbo afia,
a faca desafia:
no oculto de mim,
tudo é Sertão.


Fractais


Pelo mergulho
das sombras
calculo o itinerário da luz.

Meço
os contornos de nossas ruínas
na matemática particular
dos desesperos.

Abro a janela
Da página do sonho:
Soletro devagar, o Aywu rapitá:
o ser do ser da palavra
(flor pronunciada
entre as estrelas.)


A noite

Desaba sobre as telhas
Na explosão de um meteoro.

Conto estilhaços,
recomponho parábolas:
um mínimo do que sou
lembra as fronteiras
do Universo.


RETÁBULO DE JERÔNIMO BOSCH

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