quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Rima de Stela Siebra - José do Vale Pinheiro Feitosa

Stela Siebra,
Brechas da memória,
Uma mescla de feijão verde e rádio,
Um rádio, verde o estampado da Mescla.

Almécegas, que nem breu dava,
Era um lugar,
Mas um lugar de parar o coração,
Numa curva aterrando o abismo.

Stela Siebra,
Desde o prenúncio, um deslize de rima,
O restaurante esquecido de Adelino Moreira,
Aqui em Campo Grande, uma chácara de estrada.

E tinha a maldição da Semana Santa,
Armar arapuca aos passarinhos,
Apagando com uma borracha a risca do seu vôo,
Amofinados até a morte no roxo.

Stela Siebra,
A vala que valava os passos da moça,
Quando do ardor da bala de pipper,
Só para cheirar o sopro quente da alma.

E toda festa da penha perfumada de Lancaster,
O brilho da dura trunfa de gumex,
O elevador do Banco do Brasil por diversão,
E tão solitário entre o moderno e a estrada da Batateira.

Stela Siebra,
Desde o princípio deste feijão verde,
Deste debulhar-me em gotas de sabor,
O que pretendia mesmo é cantar,

Rimando Stela Siebra,
Com Dolores Sierra,
Nasceu em Barcelona,
A beira de um cais.

Mas alguém dirá,

E daí?

E então responderei:

Só para rimar,
E lembrar,
Stela Siebra,
Nasceu no Carás,
Na beira de um pasto.

Um comentário:

  1. Oi Zé do Vale,

    que bom que meu poema-memória provocou em você essa rima, também memória de um tempo outro, bem vivido e curtido.

    abraços
    stela
    (da Ponta da Serra, e depois da Pedro II, no Crato).

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