Estou ficando cego,
literalmente.
Não compro outros óculos
nem me acostumo à vidraça.
Vidraça só é útil quando chove
se encosto meu rosto ao vidro
confundem-se os pingos lá fora
com as minhas doces lágrimas.
Não tem chovido.
Nem tenho chorado.
Mas a alma tem visto coisas
(de madrugada)
ao fazer eu a barba
ou a lavar cuecas.
De madrugada desvendo de que forma as formigas dormem.
Há aquelas excêntricas que levantam as perninhas e torcem
as juntas das clavículas, quadris, tornozelos.
De madrugada percebo pelas migalhas
(maçã, bolacha, miolo de pão, casca de tangerina)
que as formigas se comunicam através dos despojos.
Ao dia vivem silenciosas
mascando cravo e fumo.
(para não deixar pista no hálito)
Estou ficando cego.
Não é louco.
Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010
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3 comentários:
Você está ficando cada vez melhor como poeta, meu caro !
Grande abraço.
Domingos,
Que bom ve-lo por aqui.
Estou com saudades até das formiguinhas.
Tambem estive ausente por muitas razões, mas estou de volta.
Estamos, não é ?
Adoro suas poesias...
Me divertem !
Me emocionam !
Me intrigam !
Me surpreendem !
Me fazer pensar !
Estou aqui pedindo mais...
Grande abraço, poeta !
Sensibilidade é isso ai Domingos.Não só sensibilidade, mas percepção, olhos de lince e coração de poeta mesmo.Parabéns!
Abraços: Liduina.
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