terça-feira, 30 de novembro de 2010
Mancha do batom - por Socorro Moreira
Esperas nas madrugadas
O boêmio não chegava
E o dia já clareava
Enfim, a porta rangia...
Seu corpo tremia
Fechava os olhos
Fingia um sono profundo
Um respirar num ronco magoado
Cheiro etílico impregnando o quarto
Embebedava-lhe o alívio de sabe-lo em casa
Dormia
Acordavam silenciosos
Por diversas culpas
Ai, que ódio,
Ser Amélia das Dores...
Se Amália fosse
Cantaria um fado
Os homens não adoçam bocas
Quando se sentem culpados
Penitenciam-se num silêncio grotesco
Pronto para o bote da explicação
Olhos desencontrados da expiação
Desgaste contínuo
A vida não cola o que a noite quebrou
A vida descobre o que a noite ocultou.
Deixaram a sua marca
Na gola que Amélia lava
Com suas próprias lágrimas.
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