sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ceia

Quando a felicidade bater à minha porta
eu paro de escrever versos
e vou pra varanda com aquele sorriso
meio pateta.

O que mais adoro no homem feliz
é o seu semblante pateta:

as longas orelhas lhe caindo aos ombros
os dentes enormes, a fácil gargalhada
o olhar distante a suspirar estrelas.

Eu sempre sonhei ser pateta.
Mas não passo de um metralha louco.

Quando a felicidade bater à minha porta
abro a janela em seguida.

Os sonhos quando demoram na sala
tornam mais sombrio o quarto.

E o quarto é toda a minha poesia:
sombras, insetos, minhas botas.

2 comentários:

  1. A ceia é poesia...Pão e vinho !
    Felicidade são afetos , poesia !
    Viva o poeta !

    ResponderExcluir
  2. Ah, Domingos, nem vou dizer nada além de "sua poesia é demais"!!!

    xeros
    stela

    ResponderExcluir