segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Náufrago

Não estou cansado
suporto ainda muito vento
chuva pedaços de unhas
(pelo tapete) e a xícara sobre
meu bermudão de zíper aberto.

Não me vejo morto
barba a ser feita mesmo gripado
(olhos vermelhos, nariz de louco)

e sei lá se passa com este meu coração
que altera de batimento quando lembro

que preciso beijar mais bocas
e amar menos os objetos da casa.

Não choro agora
as lágrimas sentem frio

e sem lágrimas alfinetando faces
(apenas abraçadas à saudade)
o que sou?

Digo-lhe,
um sinal preto
(acima do lábio direito)
feito o farol da tristeza.

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