quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

desilusão

hoje mudei de ideia:
nunca mais quero saber
de poesia, cansei
de repetir-me assim
nas palavras bolorentas
que recolho nessas ruas
passando em cima de mim

os mesmos muros estão
lá com suas cores frias
emparedando a vida
os mesmos olhos vasados
querendo enxergar o fim
disso que chamamos dia

caramba!

de tarde chove demais
dá para ouvir o barulho
da água estralando dentro
do sonho que se supõe
ser uma forma melhor
de não morrermos de ódio
porque o tédio acaba com...

que merda!

amanhã vou pegar meu
casaco e pôr fogo nele
versos escritos nas mangas
não combinam com as sobras
de otimismo incompatível
comigo, filho do gelo
degustando o flagelo
que nasce nessa paisagem
pesada e tão enganadora

viu?

Um comentário:

  1. Mesmo que a metáfora o afogue
    Mesmo que o poema o sufoque
    Não deixe a poesia ir embora

    Mesmo de olhos fechados
    Mesmo de lábios cerrados
    Deixe que os sonhos se acheguem

    Deixe que a poesia navegue
    No mar de suas queixas
    Mesmo que o dia se apague
    E que a noite chegue ao fim.

    Deguste as alegrias
    As saudades benfasejas
    Das coisas simples de outrora
    E mesmo que seja tarde
    E o dia se for na noite
    Repita tudo amanhã.

    Viu?

    ResponderExcluir