domingo, 13 de fevereiro de 2011

noite


noite maior do que tudo
e mal cabe na aba do sonho
tão sem tamanho!

entre sombras de telhados
uma igreja no claro
assombração com o som cortante
dos carros que passam
passam passam passam
passar é destino

acima um arco marca
um ponto contra a fragilidade de tudo
tudo atando nossa pele à superfície
áspera das coisas
cadeiras, copos, corpos
tudo em nós escuros
tudo um tanto escuro tudo

os bêbados e seus tropeços
cadê?
os fumantes, os amantes,
de agora e de antes,
cadê?

deslizam em país de mentira
país de argila,
os pés embebidos de escuro
olhos consumidos de susto
na solidão da noite
ilusão de quem foge do sono
perscrutando estrelas
quando não pode vê-las
no poema

2 comentários:

  1. Chagas,

    Bebi tuas palavras antes da hora. Estava pronto o teu poema. Límpido, ritmado, reflexivo.

    Cenários defilaram pela noite insone.
    O silêncio passeou pelos versos solitário, em busca de um monólogo com a estrelas. Antes que elas entrassem no poema e se encantasssem, antes qua a manhã chegasse.


    Abraço,

    Claude

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  2. Pois é, Claude.
    E a poeira baixou tão logo o dia amanheceu.
    Vi que não havia nada a fazer.
    Então, deixei como tava.

    Abraço.

    Chagas

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