A cegueira é uma das mais terríveis limitações da vida. Mas nós também, ainda que tenhamos visão invejável, freqüentamos com assiduidade o mundo dos cegos.Somos cegos quando não prestamos atenção na presença de Deus em nossa história e nos voltamos para interesses de pouca valia. Somos videntes quando sabemos perceber a passagem de Deus ao nosso lado, atendemos às suas propostas e cobranças e aceitamos com gratidão a salvação que ele nos traz.
Somos cegos quando nem tomamos conhecimento do nosso semelhante e, entre nós e ele, erguemos barreiras de cor, de classe social e de religião – de modo que ele não venha a cruzar o nosso caminho. Somos videntes na hora em que o aceitamos como companheiro de viagem e como irmão muito querido.
Somos cegos na hora em que fechamos olhos e coração ao sofrimento, às lágrimas e ao abandono de tantos excluídos condenados a morte prematura pela falta de remédios, alimentação e moradia. Somos videntes quando temos a coragem de entrar na tribulação e na tragédia deles; quando nos tornamos solidários com sua cruz e nos pomos a seu serviço, a fim de levantá-los e restituir-lhes a dignidade de filhos de Deus.
Somos cegos na hora em que jogamos nas costas dos outros a responsabilidade pelas coisas erradas que acontecem em nosso meio. Mas somos videntes quando admitimos a nossa injustiça, violência e dureza de coração e nos emendamos, com coragem, de nosso pecado.
Somos cegos quando nos julgamos dono da verdade e, roubando o lugar de Deus, lançamos sentenças de vida e de morte em cima do irmão que errou. Somos videntes quando do nosso irmão, ainda que pecador, nos fazemos defensores, lembrados de que a nossa luta deve ser contra o pecado, não contra o pecador.
Brilhe para nós um raio da luz de Cristo, a fim de que possamos andar sempre com o amor, a justiça e a verdade.
Por Padre Virgílio Ciaccio, ssp
Extraído do jornal “O Domingo” dia 04.04.2011. Postado por Carlos Eduardo Esmeraldo.
Gostei da postagem Carlos.
ResponderExcluirO texto nos serve para retirar nossas vendas, aquelas que nos deixam cegos/as diante da vida, do encontro com o outro e com os sentimentos humanitários.
Abraço e grata pela postagem
Claude