quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SANGUE E MEMÓRIA



Sou um jorro de sonhos na paisagem
onde canta um pássaro louco. Ó grifo
sepulto e vivo em mim, por onde me levas?
Sou um lobo de fogo num poço de febre.

Um cavalo cego no lodo agoniza. Ó verbo
de Deus e do Demônio e meu. O caos
é nosso domicílio. E nós queríamos
o belo e o horror. A luz selvagem

dos espelhos. E a nossa água devassa
o pânico das conchas. Purifica o nojo
a nossa lava, mas não salva a flor.

Noite terrível, ó grandioso amor.
Acolhe-me em teu seio! Lua sangrenta
sobre o abismo... Eia, sus! Eu sou o abismo.

                                                 J. C. Brandão



Um comentário:

  1. José Carlos,

    Estávamos sentindo sua falta aqui...
    Você sempre nos ilustra e apraz com seus poemas.

    Abraço,

    Claude

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