sábado, 1 de outubro de 2011

Por Everardo Norões

 
 
 
Três urubus conversam
sobre a água-furtada.
Comentam o descaso das casas,
o vazio dos quintais.
Divagam sobre a ausência da podridão,
o cheiro que rege o percurso
dos abutres.
Lá estão eles,
sobre telhas,
a afiarem garras,
a deglutirem vísceras.
Ao erguer de asas
declinam
verbos, adjetivos.
Tentam decifrar,
do alto,
de que forma
morre o Recife.
 
(Everardo Norões)

(Fotografia de Benício Dias, do acervo da Fundaj)

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