Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Kaique Paz, um jovem talento que brilha

 Por Jackson Bantim (Bola) e Carlos Rafael

 


Kaique Paz é músico, cantor e compositor. Tem 27 anos e é filho de pai cearense e mãe capixaba, mas nasceu e foi criado no subúrbio da cidade maravilhosa do Rio de janeiro.

Desde a infância sempre foi muito criativo e divertido, pregando peças em suas irmãs e tendo uma vida feliz. Por isso, desde cedo, recebeu o incentivo dos pais para dar vazão à sua vocação pela arte.

Ainda criança, fez curso de interpretação teatral, sendo bastante elogiado como ator. Inclusive, participou de uma matéria veiculada, em rede nacional de televisão, no programa Mais Você, de Ana Maria Braga, da Rede Globo. A matéria foi sobre uma performance realizada no Dia do Beijo em um shopping carioca. Igualmente, estrelou uma propaganda da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), também veiculada em todo o país pela TV.

No campo musical, ainda em tenra idade, de forma autodidata, aprendeu a tocar flauta doce, o que o levou, automaticamente, a estudar e tocar também flauta transversal.

Aos dez anos, já tocava, com primazia, violão, quando começou a fazer suas primeiras composições.

No início da juventude, ao lado de amigos do bairro onde morava na capital fluminense, fundou uma banda que fez sucesso junto ao público local.



Nessas alturas, já dominava bem vários instrumentos, como guitarra, contrabaixo, teclado e
  bateria.

Influenciado e inspirado pela presença de muitos dentistas na família, optou profissionalmente pela odontologia. Formou-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com ótimo desempenho acadêmico, e hoje exerce esse ofício com muita competência aqui na região do Cariri.

Kaique Paz é, assim, pela sua eclética e talentosa vocação artística, um nome que desponta no cenário desta região do Cariri cearense, sempre reveladora de artistas com trabalhos e carreiras consistentes.

Parabéns, Kaique.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ENERGIZAÇÃO (TEXTO PREMIADO – ABRH – RJ - EM 1994) E O AMOR DIVINO (PREMA YOGA DE SATHYA SAI BABA)
Ao homem coube a missão de compreender a sua própria vida. E na realização dessa missão suprema deverá constatar que somente a Verdade pode libertá-lo dos seus condicionamentos e hábitos instintivos. O esforço de superação produz o milagre de morrer ou transcender em vida. E nessa transcendência o homem muda o rumo de sua própria história. A qualidade de vida que todos nós buscamos, consciente ou inconscientemente, se consagra no testemunho de um fenômeno notável: o Amor. Amor - expressão de um fenômeno sem dimensão. Amor - palavra que não liga diretamente o significado real às nossas experiências de mundo. Amor - mistério que oculta a passagem de nossa existência por esse plano nesse pedaço de Terra e de cosmos. Passamos a vida inteira acreditando que amamos e que somos amados pelos outros. Até que, a vida reclama da morte e num último suspiro de ignorância morremos e nascemos banhados pela energia cósmica formidável. E aí não somos mais os mesmos. Mudamos profundamente. Nossa visão dá um giro de cento e oitenta graus, e a partir desse novo ponto ou ângulo vemos o que até então, nos era oculto, irreal, imponderável. Escutamos o som inaudível do silêncio interior. Tateamos a energia sutil da antimatéria invisível. Viajamos pelo espaço infinito da imaginação. Rompemos finalmente a barreira racional limitadora do ser pessoal. E nessa reviravolta existencial, uma nova consciência surge. Doce e Bela. Inteligente e sutil. Sensível e bondosa. O mistério se torna presente. E o presente passa ser o mistério. O mistério em nós mesmos. E nesse mistério morremos para uma outra vida. Deixamos a vida agitada, apressada, desequilibrada e desarmoniosa. Abandonamos o caminho da infância adulterada. E assim compreendemos que raras vezes paramos para sequer argumentar porque seguimos os passos automáticos de uma sociedade agonizante. Onde as guerras se sucedem. Onde a violência explode em cada esquina, em cada lar, em cada pessoa. Onde a neurose transforma nossas fábricas em manicômios produtivos. Onde os próprios homens são sutilmente transformados: homens-robôs, homens-máquinas, homens-automáticos, homens-insensíveis. Eficiência, produtividade, lucro, competitividade. Essas são as leis que regem o fluxo sangüíneo em nossas veias. O cérebro apenas automatiza a pressão sangüínea. E nesse contexto, o automatismo desse ser-mundo processa sutilmente as informações-sugestões vindas de todos os cantos possíveis da realidade organizada e moldada. A vida passa ser um mundo ritmado pelo consumo utilitário e pela necessidade crescente de produção: “quanto mais melhor” ou “quanto menos pior”. Segue-se a lógica do “mais melhor” e do “menos pior”. Mas, a Vida verdadeira real reclama e nos “cobra”: “decifra-me ou te devoro”. Somente a compreensão pode fazer com que retornemos a trilha da verdadeira vida e do verdadeiro amor. O mestre Freud havia nos alertado desses dois caminhos: o pulsão da vida e o pulsão da morte. Jesus Cristo, também, nos alertou sobre a necessidade de visualizarmos a diferença entre o joio e o trigo. Vários personagens da história procuraram deixar “pistas” desses dois caminhos, Mas, esses esforços se não foram em vão, pouco puderam fazer para mudar a nossa visão. A lei natural da conquista evolutiva já havia estabelecido os critérios: “cada um terá que descobrir a si próprio”. O grande sábio Sócrates deixou sua “pista” na célebre frase: “conhece-te a ti mesmo”. A qualidade de vida total - Amor é o caminho do Autoconhecimento na tarefa suprema de se realizar a grande conquista da consciência de si. O mundo que construímos é o reflexo da visão limitada de uma sociedade carente e inconsciente de suas enormes potencialidades individuais. A miséria externa é reflexo de uma riqueza interna ainda não conquistada. Da mesma forma, a poluição externa é reflexo de um ambiente interno contaminado. O homem é o princípio de todo processo de qualidade. Tudo surge a partir do homem em direção ao próprio homem. O homem é a raiz de todos os problemas humanos. Não conseguiremos melhorar a qualidade de vida do mundo em que vivemos, sem uma melhoria na visão que formou ou criou esse mesmo mundo. E o melhoramento da visão tem por base o desenvolvimento ou a sutilização da sensibilidade. A sensibilidade se apoia na diferença dos pólos ou naturezas de energias, ou seja, entre: o positivo (+) e o negativo (-), o inferior e o superior, o escuro e o claro, o ruidoso e o harmonioso, a morte e a vida. Mas, o próprio fenômeno da vida se manifesta de forma simétrica: no fóton temos partícula e onda simultaneamente. É a lei da complementaridade: a harmonia se complementa no equilíbrio. E o equilíbrio se complementa no reequilibro. A diferença entre esses dois momentum é a evolução do ser. Nesse contexto, a evolução é a transformação dos momentum, de existências: do instintivo para o racional, do racional para o intuitivo, do intuitivo para o amoroso. Nesse percurso existencial de experiências, o homem se completa em si mesmo. Tornando-se, uno e cósmico num único momentum de realização. Finalizando, o homem ao transcender suas próprias fronteiras existenciais de experiências, conquista o espaço livre da consciência no Amor cósmico de Deus-Pai. Conquista dessa forma a oportunidade de vivenciar a qualidade de vida total na transcendência do amor conhecido. Vivenciando o Amor impessoal, harmonioso, equilibrado e holístico. Nesse estágio de experiências, o homem finalmente compreende que a Verdade de sua autocompreensão o libertou de suas próprias criações de imagens irreais ilusórias a respeito de si mesmo. O homem muda e deixa de ser apenas uma personalidade (“persona” - significa máscara) iniciando uma nova fase como individualidade [pessoa] (o que não se divide - uno). O Amor é a referência que buscamos para encontrar o sentido correto da vida. No entanto, desconhecemos a sua manifestação. E devido a isso somos todos conduzidos a acreditar no sentido estabelecido pelo “Objeto do Amor” (o desejo). Mudar o sentido do fluxo da energia vital é a transcendência e a sincronização com todos os fluxos de energias do cosmo. Nesse sentido, o homem ao se polarizar corretamente se integra a grande sinfonia cósmica do universo de Deus-Pai. Segundo Fritjof Capra (O Tao da Física): “Heráclito ensinava que todas as transformações no mundo derivam da interação dinâmica e cíclica dos opostos, vendo qualquer par de opostos como uma unidade. A essa unidade, que contém e transcende todas as forças opostas, denominava Logos” (p.24). A vida é um equilíbrio holístico de energias em transformações hipervelozes entre dimensões físicas e metafísicas. Ela é, portanto, indivisível, inseparável e una em sua harmonia. Por isso, a compreensão da vida transcende a busca racional da ciência oficial. A intuição é o próximo passo na transformação da visão científica do cosmo. E tudo que a ciência oficial descobriu e vem descobrindo é conhecimento verdadeiro, porém incompleto sem a contraparte das descobertas intuitivas das ciências sagradas tradicionais. Todas as descobertas científicas modernas são analogamente falando como um “filme negativo” que necessita ser revelado pela sensibilidade de cada indivíduo para se transformar numa imagem nítida e inconfundível. Assim, quando as duas ciências (oficial e sagrada) se integrarem na consciência individual [pessoal] de cada ser humano as relações humanas se tornarão equilibradas e harmoniosas produzindo um ambiente altamente energético em evolução. Urge, pois que nos esforcemos na realização dessa tarefa suprema de unir a ação de “vigiar” (participar/investigar) com a ação de “orar” (contemplar/meditar), conforme havia prescrito o mestre Jesus Cristo (e que praticamente todos os grandes cientistas se apoiaram, inclusive Einstein). A aproximação com a cultura oriental tradicional é vital e imprescindível para o resgate dos métodos de desenvolvimento da sensibilidade humana. Deixemos o “orgulho científico” de lado e busquemos com humildade a essência desse método ou caminho de realização das ciências sagradas tradicionais (a ioga é um exemplo). Não temos nada a perder, pois sem nenhuma sombra de dúvida o que iremos revelar é algo de profunda beleza e verdade interior. A sabedoria maior está dentro de nós, mas para se chegar a ela faz-se necessário um esforço ou trabalho de transformação (ou revisão) do ego do próprio indivíduo investigador. Nenhum método racional irá produzir um processo de energização que liberte e integre o homem. A liberdade (e a integração) é uma transcendência da própria razão. E começa na intuição. Prof. Dr. (Iogue da Prema Yoga de Sathya Sai Baba) Bernardo Melgaço da Silva

domingo, 23 de setembro de 2018

Parada em Ventania - contos

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Parada em Ventania lembra os livros de ficção fantástica latino-americana com seus personagens tão sofridos que parecem viver em uma outra realidade.

É o menino aleijado das pernas que conhece o mundo só por ouvir a irmã contar e pela passagem irregular do trem. É o menino que vai embora da roça, despedindo-se do seu bezerro no pasto, durante a noite. É o menino assistindo ao pai tirar os espinhos do ouriço do cachorro. São as crianças órfãs que assistem ao pai armando a Árvore de Natal, sofrendo com a saudade da mãe.

É o marido que encontra a mulher na cama com outro, que persegue, mata e depois foge, mas encontra na estação ferroviária a vendeta da mãe desesperada. É a mulher que enlouquece de desejo e solidão, dividida entre o amor de dois irmãos. São os irmãos que se amam e são castigados pelos pais que pensam que somente um sofrimento como o de Cristo poderia purgar tal pecado. É o menino que mata o pai com um martelo para proteger a mãe com quem dorme e satisfaz seus precoces e primitivos desejos sexuais.

É a mulher que acorda na solidão em que vive procurando sinal de vida e, como não encontra, julga estar morta. É a cidade inteira tomada pela lepra, num tempo recordado incrivelmente com dor e saudade. É o jovem assistindo à primeira morte de sua vida, com sua estranheza como toda morte, talvez maior do que qualquer morte. É o homem que se suicida pensando que matara o amigo numa bebedeira, amigo que aparece na igreja durante a missa, com uma enxó na cabeça, mas muito vivo. É o casal cuidando da prostituta linchada pelas mulheres da pequena cidade, em sua cruel vingança. É a praga dos urubus que cobrem o céu da cidadezinha. É a peste que dizima todos os bichos do lugar e o cachorro do andarilho louco também atacado pela peste.

É a mocinha e seu canarinho encantado como se vivesse num mundo mágico. São os irmãozinhos que brigam por causa de uma abelha. É um cavalo encantado nas colinas da lua e o pai do menino que se encanta também quando busca o cavalo. É o menino que evita que os urubus roubem a carne-seca com pedradas certeiras de estilingue. É o amor por uma pombinha aleijada. É o menininho que contempla extasiado um velhinho e um pato nadando no lago.

É o matador fazendo a sua tocaia e a sua vítima que luta pela vida. É um cavalo ruim como o diabo e seu dono também ruim. É o homem que lembra uma vingança cruel de marido traído que assistiu quando criança É o amor de uma cadelinha feia e uma menininha feia também, e o padre que persegue a cadelinha, que é mais rápida no gatilho. É uma cena amorosa sobre um túmulo.




quinta-feira, 12 de julho de 2018

Memorial da Imagem e do Som do Cariri convida:


Lançamento da Ladeira Cultural Geraldo Urano e da Instalação Portal dos Sonhos


O Memorial da Imagem e do Som do Cariri, através do seu diretor Jackson de Oliveira Bantim, tem a satisfação de convidar a todos para a abertura da visitação à Ladeira Cultural Geraldo Urano e à Instalação Portal dos Sonhos, em homenagem ao artista plástico cratense Sérvulo Esmeraldo. 

O evento acontecerá neste sábado, dia 14/07, as 19h30m, no Instituto Cultural do Cariri – ICC, situado na avenida Maildes de Siqueira, em frente ao Parque de Exposições do Crato.

Sua presença abrilhantará o nosso evento.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Homenagem a Franz Krajcberg







HOMENAGEM A FRANZ KRAJCBERG


A árvore secou no alto da montanha
e todas as árvores
prostraram-se
em pranto
copiosamente
em pranto

morreu o barbudo das pedras

agora estão definitivamente sozinhas
 






sábado, 5 de agosto de 2017

Pedro Bantim: um homem para ser lembrado

O mês de agosto assinala duas datas significativas para a conceituada família cratense Oliveira Bantim: o nascimento e o falecimento do seu patriarca Pedro Bantim Neto.
Bantim nasceu em 23 de agosto de 1924, filho de Pedro Bantim Filho e Ana Perpétua Bantim, cujas raízes são de Santana do Cariri, aprazível município da histórica e tradicional região localizada no extremo sul do Ceará. No entanto, Bantim se radicou em Crato ainda jovem e tornou esta sua cidade de coração. Aqui foi empreendedor de seus negócios por mais de 50 anos, constituiu uma sólida base familiar e deixou uma indelével marca na memória identitária da cidade. Comerciante do ramo de alimentação, Bantim foi proprietário de uma afamada lanchonete localizada no centro da cidade, fato que o tornou conhecido e benquisto da população. A Lanchonete Bantim, além de tradicional ponto gastronômico, foi palco de acontecimentos pitorescos que hoje fazem parte do ‘folclore’ local. Bantim foi o principal protagonista desses ‘causos’, todos com saborosa verve de humor e espiritualidade, marca que lhe era inconfundível.
Bantim foi casado, em longas e profícuas núpcias, com Djaci Oliveira Bantim, filha de Maria de Lourdes Oliveira e José de Oliveira e Sousa, sócio proprietário do Cine Odeon, em Barbalha, e neta do fotógrafo e primeiro exibidor de filmes do Cariri, Luiz Gonzaga de Oliveira, patrono do Memorial da Imagem e do Som do Cariri, que funciona em Crato, fundado e mantido por um dos filhos do casal Pedro e Djaci, o reconhecido cineasta e produtor cultural Jackson Oliveira Bantim, mais conhecido por Bola. Como se observa pelo ‘metier’ dos avós maternos, Jackson Bantim tem o amor à fotografia e ao cinema como uma herança atávica.
                                             
                                                                Pedro e Djaci com os filhos

Além do já citado Jackson Bantim, Pedro e Djaci tiveram mais seis filhos - Jocildo (advogado), Janildo (comerciante), Janedson (funcionário público), Celida Maria (in memoriam), Jane Eyre (psicóloga) e Jane Mary (formada em administração de empresa) -, dezesseis netos - Adriana, Erylana, Ramon, Rudolfo, Romél, Janedson Filho, Renan, Rener, Roberta, Jamylla, Andrezza, Thiago, Janaina (in memoriam), Jackeline, Larissa e Erinaldo Júnior -, quatro bisnetos - Igor Leoni ,Vitória, Jéssica e Jackson Manoel - e uma tetraneta, Maria Sofia.
Essas sucessivas gerações dos Oliveira Bantim são provas e garantia, pela sua firme robustez, que este importante e conceituado clã caririense estar perpetuado e, o que é mais interessante, devidamente plasmado no exemplo de honradez legado pelo ancestral casal.
Bantim  faleceu em 28 de agosto de 1999, mas, pela força de sua rica existência, sua memória permanece viva, sendo agora evocada para servir de testemunho de um tempo onde a probidade não era apenas uma qualidade reivindicada em discursos e eventos que clamam pela moralidade na vida pública.

Texto de Carlos Rafael Dias
Fotos: arquivo de Jackson Bantim

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Campo de Flores


J. Flávio Vieira

                                                            "O mundo é infinito porque Deus é infinito. Como acreditar que Deus , 
                                                                                                                                                                                                                       ser infinito,   possa ter se   limitado                                                                                             a si mesmo criando um mundo fechado e limitado?" 
Giordano Bruno


                              Giordano Bruno tornou-se , com sua trajetória , um dos mais importantes ícones da história da humanidade. Sempre que se cogita na luta desigual da Ciência contra o obscurantismo, da liberdade de pensar e se expressar,  seu nome vê-se imediatamente linkado. Viveu este frade dominicano italiano, no Século XV, ainda sob o domínio absoluto da interpretação religiosa em todas as facetas da vida humana. Bruno envolveu-se firmemente com os horizontes da Cosmologia Científica que nascia sob intensa perseguição religiosa. Defendia a infinitude do universo, a existência de outros planetas e  sistemas solares. Propalava que todas as coisas têm alma e que, portanto, deviam ser respeitadas e protegidas, fazendo-se assim um dos primeiros ambientalistas. Giordano também pregava que   Deus devia ser procurado no interior de cada pessoa e não nas coisas ou nos templos, o que confrontava diretamente o sistema hierarquizado das igrejas instituídas. Estas pensamentos ,na época, foram vistos como extremamente heréticos, não apenas pela Igreja Católica mas até pelos Calvinistas e Luteranos. Terminou preso e julgado pela Inquisição Romana. Torturado,  não abjurou. Manteve-se intransigente quanto aos seus princípios, sendo queimado na fogueira, em 17 de fevereiro de 1600, no Campo di Fiori em Roma. Tinha, então, 52 anos.
                                   Visitei, nestas férias, o Campo de Fiori. Lá existe uma estátua de bronze de Giordano, esculpida por Ettore Ferrari,  ali posta no Século XIX, em sua homenagem. O local tornou-se extremamente aprazível, cercado de cantinas coloridas, frequentado por jovens, que bebem e curtem o som de  bandas executando músicas eletrônicas e reggae. Durante o dia, em fins de semana, acontece ao redor do monumento uma feira livre, onde são comercializados produtos alimentícios e artesanais. Casais sentam ao redor do monumento, enquanto entornam copos de vinhos e palestram animadamente com o bulício e a agitação característicos da idade.

                                   Aos poucos, o Campo perdeu o ar pesado, que já possuiu um dia.  Ganhou até o sobrenome de Fiori ( Flores). A galera que se diverte, certamente nem tem conhecimento do passado trágico daquele espaço. Lá de cima, por sua vez, um Giordano circunspecto , coberto por seu manto, parece feliz com a alegria palpitante dos adolescentes ao seu derredor. Imolou-se com a certeza absoluta que dias melhores viriam, que um universo sem fronteiras e nem cancelas não podia limitar os horizontes do homem. Se cada um carrega consigo os genes da divindade,   fomos criados para desfrutar todos os frutos da árvore do  bem e do mal nesse paraíso erguido sem espadas flamejantes  e sem ações de despejo. Do alto,  Giordano percebe que  o cárcere e a liberdade são irmãos siameses; que a dor e o prazer são lâminas de um mesmo sabre. Cada gole de água fresca que corre nas fontes da história da humanidade brota das cinzas de alguma fogueira onde alguém foi imolado em sacrifício por tempos melhores e menos sombrios. O Campo que um dia foi de chamas e suplício , por conta da coragem e obstinação de um homem, viu-se, magicamente,   atapetado de flores.


20/07/17 

Memorial da Imagem e do Som do Cariri Luiz Gonzaga de Oliveira registra:

CDL e Prefeitura homenagearam cratenses que se destacam na cultura local

Por Jackson Bantim (Diretor do Memorial da Imagem e do Som do Cariri)

Os postes da Avenida Maildes de Siqueira, próximos ao Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcante, em Crato, durante o período da Expocrato, foram alvo das atenções da grande multidão que participou do maior evento festivo da região do Cariri. Lá, o Clube dos Diretores Lojista do Crato, associado a Prefeitura local, prestou um tributo a diversos cratenses que se destacam em atividades relacionadas às arte, cultura e educação, através da exposição de fotos dos homenageados.
A iniciativa foi bem recebida  por toda a opinião pública. Da nossa parte, enaltecemos este ato de reconhecimento às ilustres personagens cratenses.
Vejam algumas fotos:
 



 

terça-feira, 23 de maio de 2017

Memorial da Imagem e do Som do Cariri registra:

50 anos de morte do cantador cratense Cego Aderaldo

Por Jackson Bantim (Diretor do Memorial da Imagem e do Som do Cariri)
Foto: do Museu Histórico de Quixadá


No próximo dia 29 de junho, daqui há pouco mais de um mês, ocorrerá o transcurso dos 50 anos da morte de um dos maiores nomes da cultura popular brasileira, o poeta popular e cantador cratense Cego Aderaldo.
Aderaldo Ferreira de Araújo, nome de batismo do lendário Cego Aderaldo, nasceu em Crato, no dia 24 de junho de 1878, vindo a falecer em Fortaleza, com 89 anos, no dia 29 de junho de 1967.
Embora nascido em Crato, Aderaldo começou sua vida artística na cidade de Quixadá, após perder a visão em um acidente. Com o falecimento da mãe, Cego Aderaldo decidiu viajar pelos sertões nordestinos, cantando seus versos acompanhado de uma rabeca e disputando desafios de repente com outros cantadores. É lendário o desafio mantido com o também famoso cantador piauiense Zé Pretinho, ocorrido em 1914 e registrado por Firmino Teixeira do Amaral no cordel “A peleja de Cego Aderaldo e Zé Pretinho”, ficando, igualmente, imortalizado na memória e no imaginário popular.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

E a criatividade, por onde anda? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Tenho o costume de entrar no carro e ligar imediatamente o rádio. E o que ouço? Músicas antigas dos decênios de 1950, 1960, 1970 e até 1980 regravadas por outros cantores que passam a anos luz de distância do autores originais. Roberto Carlos é a principal vitima dos aproveitadores. Possui o maior número de seguidores que nada tendo para criar, usam a criatividade alheia. Até o cearense Belchior com seus "galos, noites e quintais" já teve suas belas músicas regravadas por outros cantores que preferem a comodidade de "nada criar e tudo aproveitar", seguindo a máxima do grande sábio Lavoisier.*
 
Tenho feito solitárias observações com a certeza de não serem elas frutos de alucinações. Acontece que nos dias atuais, eu vejo em tudo uma grande falta de criatividade. Na arte, na música, na cultura, na economia e na política.
   
Se abro um jornal de qualquer cidade, vejo cópias fieis dos grandes jornais do Rio e São Paulo repetindo a mesma cantilena de mais de meio século atrás. O medo do comunismo "ateu e comedor de criancinhas" está timidamente sendo ressuscitado por alguns desavisados. Voltaram as passeatas nas ruas, nos moldes da desnecessária e inócua "Marcha da Família com Deus pela Liberdade" e há até aqueles que na falta de algo mais original, clamam por uma imediata intervenção militar. Insensatos! Jamais souberam o que é a vida debaixo do tacão de uma ditadura.
  
Os jovens que viveram nos 21 anos da última ditadura não puderam exercer e desenvolver seu pensamento político. Foram reprimidos e muitos deles exilados, quando não vítimas de cruel tortura e até morte.
 
Saibam que foi desse meio que surgiram nossos políticos atuais. Copiadores das idéias reinantes na época do IBAD, da "Aliança para o Progresso" e submissos aos interesses da grande nação do norte. Daí a grande dificuldade de entenderem a democracia e respeitar a escolha da maioria. Provavelmente o ódio reinante de parte a parte seja a principal crise que é cantada e decantada em prosas, versos e reversos. 
 
Agora o perigo é muito maior. O jogo dos interesses está mais forte, com o aumento das grandes reservas energéticas do nosso país, principalmente o petróleo sob nosso mar continental. Se não acordaram ainda, pensem na razão do grande bombardeio para condenar a Petrobrás, quando o montante ali desviado pela corrupção é bem inferior à perda de impostos pela Receita Federal dos recursos clandestinamente enviados para a Suissa via HSBC por destacados políticos, ricaços e alguns atores globais. 
 
No Brasil, nossa imprensa está a serviço dos seus donos, que são capitalistas, cujo amor à pátria já jogaram na lata do lixo desde quando amealharam o primeiro tostão. E isso sim, é a criatividade que alimenta a lucratividade deles. O resto que "exploda", como bem dizia o genial Chico Anísio na pele do locutor "Roberval Taylor".    


Por Carlos Eduardo Esmeraldo


*Antoine de Lavoisier *1743; +1794: ("Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.")