Fonte: Assessoria de Comunicação da Universidade Regional do Cariri - URCA
Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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terça-feira, 21 de junho de 2011
Professora Otonite Cortez nomeada Reitora da URCA pelo governador Cid Gomes
Fonte: Assessoria de Comunicação da Universidade Regional do Cariri - URCA
Seminário sobre morte realizará palestras abertas ao público na URCA
Pérola nos Bastidores - Por Zé Nilton
- Zé Nilton Figueiredo nesse comentário se refere ao texto de Armando Rafael - quando se reporta à fundação da cidade de Juazeiro do Norte
- Zé NIlton disse...
- Quando Padre Cícero chegou ao povoado de Juazeiro, em 11 de abril de 1872, para fixar residência, o local era um pequeno aglomerado humano com uma capelinha erigida pelo primeiro capelão, o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, uma escola, cerca de 35 casas (a maioria de taipa) e duas pequenas ruas (Rua Grande e Rua do Brejo). Cinco famílias importantes habitavam o local: Macedo, Gonçalves, Sobreira, Landim e Bezerra de Menezes. O restante da população era formado por escravos e arruaceiros afeitos à bebedeira e à prostituição. Assim diz, Armando a História. O pesquisador Pe. Gomes de Araújo dá esta versão. Interessante observar que o eminente Ralf Della Cava não cita a fonte escrita pela escritora, que ele chama Doutora, em outro seu escrito, sobre a criação de Juazeiro. Acho que isto se deve à asséptica formação histórica dos americanos em torcer o nariz para tudo que se diga ser MEMÓRIA. E o livro da excelente Amália Xavier, chamado " O Pe. Cícero que eu conheci", é pura memória. Lá está escrito, também, o que você escreveu, e que o pesquisador Gomes já havia dito no seu "Povoamento do Cariri". Boa polêmica esta. Não para dessantificar o nosso Pe. Cícero, como querem alguns que ficam nervosos quando se mostra a face histórica dos fenômenos de Juazeiro. Mas, para por as coisas em ordem. A História é mestra...
ONDE MORA A SAUDADE
Coração apertado pela saudade de uma pequena cidade onde vivi coisas simples e maravilhosas... Cine Casino, e o filme favorito...
Na igreja Matriz a promessa de amor até que a morte nos separe...
A ausência do meu avô, da fonte luminosa e sua música clássica...
Araguaia : o que as Forças Armadas querem apagar
Em meio ao debate sobre a emenda que propõe o sigilo eterno de documentos do governo, a Pública revisita uma das histórias mais obscuras do período militar: a repressão à guerrilha do Araguaia (1972-1975).
Em três dias de pesquisa nos 149 volumes do processo judicial que investiga o desaparecimento dos guerrilheiros do Araguaia, a Pública coletou relatos de dezenas de moradores que foram obrigados a prender, enterrar, matar e decapitar guerrilheiros – e sofrem até hoje as consequências do que viveram nesse tempo.
Veja todos os textos sobre esta reportagem na Agência Pública
Em entrevista exclusiva, a juíza titular da 1a Vara da Justiça Federal, Solange Salgado, diz que, passados quase 40 anos, reina o medo de se falar sobre o assunto entre os que participaram do conflito. Mateiros e ex-militares que colaboraram com o Grupo de Trabalho Araguaia - que investiga o caso desde 2009 em cumprimento à sentença judicial promulgada por Solange Salgado em 2003, que obriga a União a entregar os corpos dos desaparecidos às famílias – estão recebendo ameaças.
Por isso, quando esteve na região no ano passado, para recolher e checar informações sobre o paradeiro dos corpos, a juíza optou por preservar o sigilo dos autores dos depoimentos. “Foi uma garantia que o Poder Judiciário deu a essas pessoas. Elas ainda estão muito apavoradas, se sentindo muito acuadas”, disse ela à Pública.
Nossa reportagem esteve em Marabá, no Pará, e conversou com ex-mateiros e ex-soldados que confirmaram a realização das chamadas “Operações Limpeza”, por meio das quais os restos mortais dos guerrilheiros foram desenterrados e transportados a outros locais. Além disso, cinco entrevistados afirmaram ter visto atuando na repressão o ex-diretor do Dops de São Paulo Romeu Tuma, falecido em outubro do ano passado.
Forçados a matar
Eles viviam em povoados de nomes remotos como Palestina do Pará ou Chega Com Jeito, às vezes isolados, no meio da mata, entre os castanhais que ajudavam no sustento das famílias, baseado nas roças de mandioca, milho, arroz, feijão. Pescavam nos igarapés do Araguaia e sabiam se orientar na floresta, seguir o rastro de um veado ou caititu – abatido com tiro de espingarda e carneado ainda quente, com as facas afiadas, para facilitar o transporte da caça até a casa, onde seria assado na brasa ou cozido lentamente no leite de castanha.
Curavam com ervas e rezas as crises de malária, e gostaram quando os rapazes e moças chegaram da cidade grande trazendo remédios e conhecimento para socorrer um parto difícil, curar uma ferida, aliviar dores. Os “paulistas”, quase todos jovens, compravam da farinha e do mel, e pareciam à vontade em suas casas, fumando e palestrando até a lua ir alta no céu.
Para aquela gente abandonada pelo governo, não era difícil simpatizar com o que eles diziam sobre combater desigualdades e lutar pela posse da terra em que viviam, não raro grilada pelos donos das fazendas com ajuda do Incra – que logo abrigaria também os agentes da repressão, disfarçados de engenheiros.
Quando os “doutores” começaram chegar, vários camponeses já eram amigos dos “paulistas”, a quem avisaram sobre a presença de gente estranha perguntando sobre eles. À medida que os guerrilheiros recuavam para o interior da mata, o medo crescia entre os que ali moravam, atordoados pelos helicópteros e teco-tecos sobrevoando a floresta, lançando bombas.
Os “doutores” já não escondiam que eram oficiais militares e se mantinham à paisana, mas cercados de soldados armados, pressionando os moradores a dizer onde estavam os “paulistas” e alertando-os sobre os riscos que corriam se não entregassem os “terroristas” às Forças Armadas.
Foi o início da “guerra”, como os que vivem no Araguaia se referem até hoje à primeira metade da década de 1970. Lavradores, marisqueiros, castanheiros, caçadores, garimpeiros, e até índios suruís seriam envolvidos na operação que mobilizou 6 mil militares e deixou 67 guerrilheiros e um número indeterminado – e bem maior – de camponeses mortos, sem sepultura conhecida ou certidão de óbito.
As marcas da crueldade exercida pelas Forças Armadas brasileiras ficaram em todos os que viveram o conflito como colaboradores, vítimas ou testemunhas, mudando para sempre a vida no sertão do Araguaia.
Prisões em massa
e acordo com testemunhos constantes nos 149 volumes do processo, no início foram perseguidos apenas os que tinham amizade com os guerrilheiros, como o barqueiro Lourival Fontes, encontrado “suicidado” na cela da delegacia de Xambioá, em 21 de maio de 1972.
O processo revela ainda que, à medida que o número de presos crescia, alguns buracos fundos eram abertos no terreno das bases militares e passaram a servir de prisão. De lá, os camponeses eram retirados para “dançar” sobre latas abertas ou tições de fogo, forçados a beber água com sal ou sabão quando tinham sede, humilhados e espancados em rodas de “taca”(surra). Os que se prontificavam a colaborar, denunciando ou mesmo prendendo os guerrilheiros, recebiam 1.000 cruzeiros por captura. Os mateiros – que sabiam se orientar na floresta, caçar e sobreviver na natureza – também eram usados como guias nas expedições militares, às vezes, inclusive, uniformizados.
Nesses primeiros meses de 1972, as mortes ocorriam quase sempre em combate, ou em decorrência de torturas, a cargo de militares da região, e às vezes repetidas em outros centros de tortura como o PIC (Pelotão de Investigações Criminais) de Brasília, e os DOI-Codis, para onde os guerrilheiros eram enviados para novos interrogatórios.
À medida que as operações militares se sucediam, sem conseguir apanhar os guerrilheiros, os “doutores” aumentaram a pressão sobre os moradores da região para coagi-los a colaborar, realizando prisões em massa – há casos, como o da cidade de Bom Jesus do Araguaia, em que todos foram retirados de suas casas e alojados em casas de palha patrulhadas por policiais e militares. Tiraram assim o sustento das famílias, que ficaram sem os homens adultos, detidos ou enviados para missões na selva.
Os próprios camponeses passaram a ser encarregados de vigiar e punir vizinhos e parentes presos, de enterrar corpos dos mortos sob tortura e de emboscar os “paulistas”, que às vezes os visitavam em busca de mantimentos.
A partir da terceira campanha militar, que começou em outubro de 1973 com o objetivo de localizar e exterminar os guerrilheiros, os mateiros passaram a ser cada vez mais empregados nas patrulhas ou em expedições clandestinas – até mesmo sem a presença de militares, o que é ilegal em qualquer guerra, conforme a Convenção de Genebra.
Diversas operações que resultaram na prisão e morte de guerrilheiros atribuídas pelas Forças Armadas aos GC (grupos de combate) – e aos paraquedistas comandados pelo general Hugo Abreu – envolveram na realidade mateiros retirados da prisão e embarcados em helicópteros, de onde saltavam a mando dos militares, armados de espingarda e facão. Na mochila, levavam um saco plástico grosso para trazer aos “doutores” as cabeças dos homens abatidos na caçada.
Dos 62 guerrilheiros mortos no Araguaia, de acordo com a lista do livro “Habeas Corpus – Que se apresente o corpo”, da Secretaria de Direitos Humanos, 25 teriam sido presos ou mortos com a ajuda dos mateiros (13 presos, 12 mortos).
Mas esse número pode ser ainda maior. Alguns mateiros, que diziam ter presenciado a morte ou enterrado os guerrilheiros, mais tarde confessaram ter participado de suas mortes, incluindo três de quatro casos em que os corpos foram decapitados.
Recentemente também se descobriu que eles participaram das operações limpeza, promovidas pelos militares desde os anos finais da guerrilha, desenterrando corpos e os levando para outros locais para dificultar as buscas.
Parte dos ex-mateiros, soldados, pequenos agricultores e moradores da região do Araguaia reivindica, na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, indenizações pelas torturas, prisões e prejuízos que teriam sofrido na época.
Histórias de terror
Os contornos dessa história vêm de dezenas de depoimentos anexados ao processo 82.0024682-5, aberto em fevereiro de 1982, na 1a Vara da Justiça Federal, por iniciativa dos familiares de 25 guerrilheiros desaparecidos.
Camponeses que testemunharam ou colaboraram com a prisão, morte e enterro dos desaparecidos foram ouvidos por jornalistas, pesquisadores e defensores de direitos humanos e, mais recentemente, por membros do Ministério Público e pela juíza Solange Salgado – a mesma que em 2003 promulgou sentença exigindo da União a localizar e entregar os corpos dos guerilheiros às famílias.
VEJA O VÍDEO COM DEPOIMENTOS DE COLABORADORES DO EXÉRCITO
Em 2009, depois da União esgotar todos os recursos judiciais possíveis contra a sentença, foi constituído o Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), chefiado pelo Ministério da Defesa, com a missão de recolher documentos e depoimentos dos envolvidos na guerrilha e empreender buscas e escavações para resgatar os corpos.
São eles as principais fontes de informação do processo, já que os militares recusam-se a entregar seus arquivos secretos – enviando seguidamente os mesmos relatórios incompletos sobre os desaparecidos (há mais de 30 mil páginas de documentos repetidos no processo, conforme a Pública apurou). Eles também se negam a depor; os que o fizeram, optaram por fazê-lo de modo anônimo, diretamente à juíza (leia entrevista com a juíza Solange Salgado).
Além de esclarecer as circunstâncias da prisão e morte de diversos guerrilheiros, os depoimentos mostram que a tortura praticada contra os “terroristas” foi adaptada para destruir o caráter e a dignidade dos que se viram apanhados pelo conflito sem condições de resistir.
Famílias inteiras foram torturadas – como aconteceu com Oneide, mulher de Antonio Alfredo de Lima, camponês que aderiu à guerrilha, e os filhos do casal. Outro camponês/guerrilheiro, conhecido como Pedro Carretel, foi preso junto com a esposa, Joana Almeida, e exibido a ela vestido de mulher, antes de ser executado. No caso de Luiz Vieira, outro camponês que se juntou aos guerrilheiros morto pelo Exército, a família foi impedida de resgatar o corpo, embora soubesse onde estava. O seu filho, depois de preso, foi obrigado a se alistar no Exército.
O exemplo mais estarrecedor, no entanto, aparece no relatório do GTT de agosto de 2010, envolvendo a prisão e a morte do camponês José Ribeiro Dourado, conhecido como Zé da Madalena, e de seu filho, Deusdete.
Narrado pela esposa de Zé, e mãe de Deusdete, Madalena de Souza Ribeiro, e por seu neto Wecsley, filho de Deusdete, o episódio começa com a prisão do chefe de família, Zé da Madalena, em 1972, quando trabalhava em sua roça na região de Pau Preto. Ali mesmo, conta Madalena, Zé foi colocado em cima de um formigueiro por diversos dias para que confessasse seus laços com os guerrilheiros. Depois, foi levado preso até a base militar de Xambioá. Desesperada, Madalena, como muitas mulheres em sua situação, abandonou a terra e os animais para seguir com os filhos para onde tinham levado o marido.
Ao chegar na base, seu filho, Deusdete, foi preso. Alguns dias depois, desceria ao inferno.
Como confessaria a Wecsley, seu filho mais velho e neto de Zé da Madalena, Deusdete foi obrigado pelos militares “a cortar cipós, molhar na água e chicotear os presos que se encontravam em um buraco, inclusive o seu pai”.
Pouco antes de morrer, minado pela depressão e o alcoolismo, Deusdete também levou o filho à base militar de Xambioá e mostrou o local em que “estariam enterradas cabeças, perto de uma palmeira tucum”.
Tempos depois, já com o marido e o filho morto, Madalena “soube por outros camponeses que saíram da prisão que houve uma tentativa de fuga de Zé da Madalena” e ,quando consegiram prendê-lo novamente, “os maus tratos e as torturas aumentaram, até que um determinado dia foi retirado por militares do buraco, levado para o lugar aonde os presos eram torturados”. “Que do referido buraco, os presos ouviram as pancadas e gritos até que ocorreu o disparo de uma arma e o sr. José nunca mais foi visto”, prossegue o depoimento.
Dona Madalena “soube também pelos camponeses presos o que ocorreu com o seu filho (Deusdete). Que além de forçado a bater nos presos, Deusdete cortou a cabeça de seu pai”.
Esse seria o motivo, diz ela no testemunho, do descontrole emocional do filho, que o teria levado a beber até morrer.
Bicos de papagaio
o caso – extremo – mostra o grau de desestruturação dos camponeses diante da pressão dos militares – à época, “donos” do país e da região –, e da crueldade dos métodos que se viram forçados a compartilhar, no mínimo como testemunhas.
Nesse sentido, é esclarecedor o depoimento de Sinésio Martins, 86 anos, que se tornou colaborador do Exército depois da prisão, gravado em DVD pelo Ministério Público em 2008. (VEJA O VÍDEO).
“Eu estava em Xambioá no meio da rua, quando fui preso por dois soldados. Não tinha motivo. Eu morava fora, na mata, tinha minha terra, gadinho, minha tropa, criação, porco, bode, tinha uma roça de arroz, feijão que era uma maravilha. Passei 18 dias dormindo no chão, pegando chuva, sol, muriçoca, sem o direito de botar ao menos um papelzinho por baixo assim da cabeça”.
Ele conta em, seguida que os soldados chegaram ao curral pedindo que os 44 homens presos formassem uma fila. “Chegou a minha vez e eles perguntaram: ‘Você conhece a Pedra do Almoço?’ ‘Conheço. Por cima de São Geraldo, dentro do igarapé. Quando os barqueiros saíam para buscar castanha, lá ela era lugar de almoçar por causa de uma laje muito boa”, conta com simplicidade o homem que a partir daquela conversa com o “chefe” – que se fazia chamar “doutor César” – seria incumbido de caçar, matar e entregar aos militares as cabeças cortadas de pelo menos dois guerrilheiros que ele conhecia há tempos: Arildo Valadão, 25 anos, e Jaime Petit, 28 anos.
Embora tenha recebido 5 mil cruzeiros por cabeça entregue, ele afirma que não havia promessa de recompensa quando ele e mais dois mateiros foram obrigados a saltar do helicóptero do Exército com uma mochila, uma espingarda e um “saco forte de plástico branco” onde deveriam depositar “os bicos de papagaio” – “para não falar as cabeças dos homens”, elucida seu Sinésio.
“Quando nós saímos, ele (o militar) foi na porta (do helicóptero) e fez assim ó (faz gesto de cortar a cabeça). Quis dizer que se nós fugíssemos eles cortavam as nossas cabeças”, afirma.
De acordo com o depoimento, seu Sinésio e os companheiros, Raimundo e Iomar Galego, combinaram não levar nada que os identificassem como agentes do Exército, pois se encontrasse os “paulistas”, diriam que também estava fugindo dos militares.
Em menos de três dias, localizaram os guerrilheiros Ari (Arildo), Raul (Antonio Theodoro de Castro) e Josias (Jonas) no meio da mata.
“Nós escutamos mexer as folhas assim, aí a gente se agasalhou, pra frente do mato, parecendo um pau. Nós não pensamos que era gente não, nós pensamos que era anta ou veado, ia arrastando aquilo com aquela força, né? Aí eu botei a espingarda, Iomar botou a espingarda e atirou no Ari, e e eu parei o outro (Raul) com a espingarda na frente e atirei, mas só pegou na mochila, e diz que tinha um prato de malto e o prato foi que recebeu o tiro, aquilo não fura, aí ele tirou a mochila assim e ó (fugiu). E o Josias nós não vimos, estava escondido. E quando ele (Ari) caiu, eu disse: “Despe o homem e tira o bico do papagaio. Porque a ordem era essa”.
Uma semana depois, entregaram a cabeça ao “doutor César”, que os remunerou pelo “trabalho”.
Seu Sinésio carregaria pelo menos mais uma morte nas costas, a de Jaime Petit, assassinado quando estava perdido e doente, morando sozinho em uma choupana de palha.
“O Jaime atirou dois tiros e errou, e não atirou mais porque a bala engasgou na arma; aí a equipe – que dessa vez, além dos mateiros, tinha um sargento no comando e dois índios suruí como rastreadores – atirou muito”.
Mais uma vez, o corpo ficou insepulto na mata. A cabeça cortada foi na mochila de um dos mateiros para ser entregue ao dr. Augusto, que os recompensou com a mesma quantia.
“O Jaime estava muito magro, as pernas cheias de feridas de leishmaniose”, diz seu Sinésio, com desconcertante pesar. “Quando acabou tudo, os índios choravam e diziam: ‘Nunca mais nós vamos vir aqui’”.
*por Marina Amaral, publicado originalmente pela Agência Pública
Pedras no meu caminho
O fundador de Juazeiro do Norte – por Armando Lopes Rafael
E isso ocorreu porque, dentre suas várias propriedades rurais o brigadeiro escolheu uma delas para viver seus últimos dias. Era a Fazenda Tabuleiro Grande, (localizada onde hoje se ergue a cidade de Juazeiro do Norte) assim descrita por Amália Xavier de Oliveira:
“... imensa extensão de terra, partindo do município de Crato e espraiando-se em direção à serra de São Pedro, era a Fazenda Tabuleiro Grande, pertencente ao brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro e que, portanto fazia parte da gleba de terra do engenho Moquém que seus avós doaram aos seus pais como dote, quando eles se casaram. O ponto mais pitoresco da fazenda era uma ligeira elevação do terreno, próximo ao rio Salgadinho, onde havia três grandes juazeiros, formando um triângulo e sobressaindo, entre os demais, pelo tamanho de sua fronde e pela beleza do verde de sua clorofila. Sob esta fronde acolhedora, procuravam abrigo os viajantes feiristas, que, de Barbalha, Missão Velha e outras imediações se dirigiam a Crato para vender seus produtos e comprar mantimentos para a semana (...)
"Ordenara-se Sacerdote o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do brigadeiro, porque filho de sua primogênita, Luiza Bezerra de Menezes e de seu primeiro marido, o Sargento-mor Sebastião de Carvalho de Andrade, natural de Pernambuco. Para que o padre pudesse celebrar diariamente sem lhe ser necessário ir a Crato, Barbalha ou Missão Velha, a família combinou com o novel sacerdote a ereção de uma capelinha, no ponto principal da Fazenda perto da casa já existente".
Em 15 de setembro de 1827 foi lançada a pedra fundamental da capelinha de Nossa Senhora das Dores. Assistiu a essa solenidade o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, aquela época caminhando para os 87 anos de idade. A imagem de Nossa Senhora das Dores, destinada à capelinha, foi adquirida pelo brigadeiro em Portugal e ainda hoje é conservada, em excelente estado, na Casa Paroquial de Juazeiro do Norte.
Deve-se, pois, ao brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro a iniciativa da primeira urbanização da localidade – conhecida inicialmente por Fazenda Tabuleiro Grande, depois chamada de Joaseiro – com a edificação da Casa Grande, de uma capela, além de residências para os escravos e agregados da família.
Quem era esse Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro? Monsenhor Francisco Holanda Montenegro, no seu livro "As Quatro Sergipanas", descreve assim o perfil moral do fundador de Juazeiro do Norte: “... a relevar o nome do mais ilustre dos cratenses, o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, o nume tutelar dos Bezerra de Menezes do Cariri. Ele se tornou grande, primus inter pares, pela retidão de caráter, pela nobreza de sentimentos, pela vida exemplar de que era dotado. Homem de Deus, espírito límpido e transparente, franco, sincero, leal. A par de sua honestidade, corriam parelhas a prudência, o equilíbrio e o bom senso."
Quando o Padre Cícero chegou ao “Joaseiro”, para fixar residência, em 11 de abril de 1872, já como sexto capelão, encontrou um povoado formado em torno da capelinha de Nossa Senhora das Dores. Contava o lugarejo, à época da chegada deste sacerdote, com 35 residências, quase todas de taipa, espalhadas desordenadamente por duas pequenas ruas, conhecidas por Rua do Brejo e Rua Grande. Naquele povoado – à época da chegada do Padre Cícero – residiam cinco famílias, tidas como a elite do vilarejo: Bezerra de Menezes, Sobreira, Landim, Macedo e Gonçalves.
Não padece dúvidas de que o brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, viveu seus últimos dias na Fazenda Juazeiro, antiga Tabuleiro Grande, onde hoje se ergue a cidade de Juazeiro do Norte, por ele fundada, como afirma dona Amália Xavier de Oliveira.
É verdade, porém, que o povoado só veio a ter alguma projeção a partir da ação evangelizadora do Padre Cícero. E o vertiginoso crescimento demográfico da localidade só começou em 1889, motivado pela ocorrência dos fatos protagonizados pela Beata Maria de Araújo, que passaram à história como “O Milagre da Hóstia”. A partir desse episódio, Juazeiro ficaria conhecida nacionalmente. Nos dias atuais, milhares de romeiros visitam Juazeiro do Norte, durante todo o ano. A devoção à Mãe das Dores, como é carinhosamente tratada por seus devotos, foi espalhada por todo o Nordeste brasileiro. Hoje Juazeiro do Norte ganhou lugar entre as 100 maiores cidades brasileiras. E seu progresso vertiginoso é motivo de orgulho não só para os caririenses, mas para todos os brasileiros.
Fontes de referências:
– Amália Xavier de Oliveira. O Padre Cícero que eu conheci: verdadeira história de Juazeiro do Norte. 3 ed. Recife: Editora Massangana, 1981.
– Monsenhor Francisco Holanda Montenegro. As Quatro Sergipanas. Edição da Universidade Federal do Ceará, Coleção Alagadiço Novo. Fortaleza, 1996.
E a malandragem? – por José Roberto Guzzo (*)
Palocci, como se sabe, caiu pelo conjunto da obra, mas um dos seus piores momentos foi meter-se numa história de devolução de impostos para uma construtora. Deve haver alguma diferença com o caso da Tetra Pak, claro. Qualquer hora dessas talvez nos digam qual é.
(*) José Roberto Guzzo, é jornalista. Artigo publicado na edição de Veja de 22 de junhode 2011.
Postado por Armando Lopes Rafael
As luzes do Amor - Emerson Monteiro
Por mais que a Ciência dos homens mergulhasse nos segredos da Natureza, o senso do materialismo ainda predominava, limitando o poder das descobertas. Ainda que a Filosofia quisesse desvendar os tantos aspectos das investigações do pensamento, daria de cara com as fronteiras do desconhecido que não cabe no método científico. No entanto as emoções sinceras, vindas no seguimento do Amor, revelam os aspectos da alma que tais restrições da matéria deixaram de lado.
Assim tem sido há muito tempo. Grandes luminares, porém, quando admitem o caminho da essência, o campo invisível das percepções, abre espaço nas sábias teses para tais conotações da Verdade.
Nisto somado, reunido o conceito das visões do Espírito, resta exercitar o infinito potencial do Amor nas vidas individuais. Desarmar o instinto da destruição pela destruição, do apego pelo apego, e ampliar as chances de praticar os bons relacionamentos no seio da calma interna.
A consciência disto revela o quanto há de crescimento à disposição, no trato com os valores da liberdade sonhada. Bem próximos de todos, prêmios de realizações permanecem ao dispor esta virtude, cabendo tão só estender as mãos e traze-la a si mesmo. São os bons frutos das atitudes para consigo e com os outros. Esperança. Alegria. Paz e convicção, matriz da paz coletiva. Otimismo. Trabalho. Honestidade. Justiça. Em cada passo uma nova luz.
O sofrimento demonstra o quanto distante alguns ainda habitam longe da aceitação da Felicidade. Ninguém ficará à margem deste recurso, alimento da sobrevivência na Terra. Inconscientemente, no entanto, a Humanidade utiliza agressões do desequilíbrio, por vezes eliminando o direito pleno de outros usufruírem das benesses originais do Tempo. Não poucos, a qualquer custo, largam nas estradas rastros dolorosos de pouca, ou nenhuma, habilidade na existência. Esquecem os que virão e agem quais bichos atoleimados.
Níveis absurdos de prejuízos representam o que precisa mudar na percepção das criaturas humanas, os ingênuos aprendizes deste chão de nossa herança coletiva.
Por isso, ajustes pessoais do sentimento de amar significam a suprema realização de um destino melhor aos acontecimentos, nas responsabilidades do futuro.
Programa Cariri Encantado Sonoridades – 22 de junho de 2011
No mês de junho, por conta, principalmente, da data dedicada a São João, se celebram vários festejos que, reunidos, representam a maior festa popular do Nordeste Brasileiro.
Onde ouvir
Rádio Educadora do Cariri AM 1020 e www.radioeducadoradocariri.com.
Seminário do Departamento de História da URCA aborda o tema da morte
Carlos Rafael Dias
Professor e Assessor de Comunicação do Departamento de História - URCA