Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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sábado, 29 de maio de 2010
O CHÃO DA GALINHA OU O CÉU DA ÁGUIA: CADA UM DECIDE O QUE SABER-FAZER-TRANSCENDER EM SI MESMO!
IMAGEM RECEBIDA PELA INTERNET - A GALÁXIA DO CHAPÉU, OU A M 104. FICA À DISTÂNCIA DE UNS 28 MILHÔES DE ANOS-LUZ
Creio que no mundo em que vivemos onde as exigências da vida material nos obriga fixarmos nossas atenções e focarmos nossas energias na construção de um mundo cada vez mais individualista e materialista, nos sobra muito pouco tempo para refletirmos sobre o caminho que estamos realizando de fato. Faz-se necessário, portanto, dedicarmos algum tempo, ou seja, energia e atenção concentrada para outros caminhos alternativos possíveis no sentido de provocarmos uma mudança radical (um novo paradigma) e profunda em nossas convicções e produções de valores humanos.
Já faz alguns anos que o teólogo Leonardo Boff lançou um livro A ÁGUIA E A GALINHA onde procurou mostrar a vida limitada e condicionada que a maioria de nós acredita e segue sem perceber as possibilidades de um poder latente e transcendente no seu interior. Segundo esse autor, podemos viver ciscando e jogando terra para trás (que acaba atingindo os olhos do outro irmão – resultado: confusão!) - limitados e presos ao chão da sobrevivência-razão (o modo de ser GALINHA – segundo Boff) ou se libertar desse chão voando na imensidão da existência em direção ao sol da vida-amor pleno e infinito (o modo de ser ÁGUIA - idem).
A decisão de escolha é de cada um. Ninguém muda e conquista nada se sua maneira de ver o mundo e a si mesmo também não sofrerem uma transformação ontológica radical POSITIVA. Mas, para que isso ocorra de fato, o primeiro passo terá que ser dado saindo da inércia e do comodismo psíquico de acreditar que não existe mais nada a se descobrir ou revelar em si mesmo.
Faz-se necessário, romper com a gravidade e o condicionamento energético racional-instintivo que nos força a vivermos como GALINHAS ciscando e pulando de um lado para o outro na luta pela necessidade da sobrevivência de contínuas conquistas unilaterais materiais efêmeras. A transformação de identidade positiva transcendental (de GALINHA para ÁGUIA) não acontece por acaso, mas porque decidimos com vontade realizar a façanha mais espetacular de todos os tempos que é a autosuperação, ou seja, a superação da identidade de si mesmo: quem sou eu de fato? Águia ou galinha?
Ao animal foi dada a condição de viver preso ao seu instinto (no chão), mas ao homem foi “dado” a oportunidade de usar o seu poder interior para transcender (no “céu”) tanto a sua instintividade (animal) quanto a sua racionalidade (humana). Esse poder é um saber e uma perene filosofia e ciência holística. E sem esse saber maior o homem vive preso a sua condição que é a produção ou replicação de conhecimento inferior, até que movido pelo impulso da força forte interior do Espírito ele se supere para poder-saber-viver uma nova e inédita vida de realização cósmica superior universal. Em outras palavras, não existe conquista maior sem o mérito da persistência na disciplina interior de saber-fazer-transcender (ou saber-agir de forma ascética – práxis) que os hindus denominam de SADHANA. Jesus Cristo foi um mestre dessa ciência maior espiritual. Sai Baba atualmente, na índia, segue essa mesma corrente de sabedoria interior, universal e perene.
Bernardo Melgaço da Silva
Prof. e Pesquisador do Núcleo de Estudos Sobre Ciência, Espiritualidade e Filosofia – NECEF/URCA
“Todos os homens são mortais” um problema existencial sem solução no romance de Simone Beauvoir. A imortalidade de apenas um quando todos os outros morrem. Sem que o imortal pudesse completar o ciclo de cada geração. Sem os seres que amam: vindo e indo, nenhuma possibilidade de viver como eles, por eles e igual a eles. A imortalidade é o supremo tédio de uma estrela morta, de um buraco negro da astrofísica.
Mesmo que espuma usasse nas balas de canhões, a solidão a que os mortos me levariam, seria um horror maior do que nunca ter vivido. Nascido bem pertinho do leito do Rio Batateira, lambuzado o bucho de garapa e ter sofrido todos os óleos de rícino com os quais as lombrigas retornavam ao solo de onde seus ovos me contaminaram. Não poderia ter as cicatrizes das pedras de baladeira que alguns, só por puro desafio, me criaram.
Jamais ter visto os olhares que derretiam a cratera do meu vulcão interior. Olhares tão intensos e dissimulados, na Praça Siqueira Campos. Elas se recolhiam à proteção de seus pais e eu secava todo o magma da força do amor, sem interrupção de dias e noites, frio e calor, chuvas e guarda-chuvas.
Oh! Meus queridos leitores destas plagas dos Cariris, não quero a morte, não quero a solidão, quero a vida até daquele de mais duvidoso comportamento. Sei que mesmo que assim imagine, resta para ele a dúvida sobre a qualidade da minha classificação, que bem pode estar errada. Eu não sou nada sem que estejam brotando e pulsando cada minuto da vida como desejam a vida para si.
Se vivesse para tocar fogo no rastilho do canhão, iria desejar que a fundição nunca houvesse existido ou que em breve se findasse. Gostaria que nunca tivessem misturado o salitre, com o enxofre e o carvão. Não se pode querer vida sem derrubar os obstáculos a ela.
Quero a vida de todos. E entre todos gostaria de me encontrar. Até quando vida não houver, apenas memória dos filhos e netos. Pois se a quero para mim, não posso ficar calado, paralisar as vibrações de minhas cordas vocais, dizer, mesmo que flechas pareçam, aquilo que vejo e revelo. Apenas revelo por desvelo.
- Claude Bloc -
Aos poucos fui chegando perto até juntar-me ao grupo. Minha chegada deixou toda aquela meninada empolgada. Afinal, eu seria mais uma para alegrar a brincadeira. Todos fizemos um círculo e apontamos os dedos para o centro. Nas mãos só tinha zero ou um. Estávamos decidindo quem ia contar para que os outros pudessem se esconder. A brincadeira pegava fogo. Era gente escondida pra todo lado. Enjoados de brincar de esconde-esconde, optávamos por uma brincadeira mais animada. Pega-pega, lembra? Era uma gritaria só. Meninos correndo atrás de outros tentando tocá-los para fazer “o pega” ser o outro. E assim, continuavam as infinitas brincadeiras. A meninada parecia nunca cansar. Bastava enjoar de alguma coisa, com um tempinho a brincadeira mudava.
Sei que os tempos são outros. O computador agora também faz parte dessa brincadeira, assim como a televisão, o mp3, 4, etc. É como se o tempo presente tivesse se esquecido da infância. Hoje menino não corre, não sobe em árvore, não respira ar puro. As escolas são quase mini-presídios, com exíguas salas de aula, recreios limitadíssimos, sem árvores nem espaço para brincar. Mas não podemos mudar o tempo nem as coisas. Eu, por exemplo, ainda sou capaz de me lembrar dos sons das vozes da minha turma na hora das nossas brincadeiras. E você? Do que se lembra?
Claude Bloc
Síntese
no meio da minha testa.
Sinal sagrado
da santa loucura.
Houve tempos mais estranhos:
beija-flor pela casa,
paredes rabiscadas
por Picasso.
O majestoso inferno da poesia
é um tesouro de pouco valor.
O mundo vive sem seu brilho.
Os entes sobrenaturais indiferentes.
Os versos importantes
apenas para quem os escreve.
A baba escorre da boca entreaberta.
A alma dá pulinhos um adolescente.
Às vezes um espírito penado
derrama uma lágrima
sente-se enamorado.
Mas é raro.
Normalmente quem lê
deixa claro a perda de tempo.
Lê o poema confessando a si mesmo:
"não sou tolo, não sou tolo, não sou tolo..."
Ou quando se arrebata
é tão rápido o êxtase
quanto o gozo
de um coelho.
Medo.
Pavor de ser tragado
pelo sombrio pântano.
De fato causa pânico
um matagal do qual
escapa juntamente
tigre,
serpente,
borboletas.
Se eu não escrevesse versos
certamente seria um covarde.
Escrevo, e apesar da escrita,
sou um covarde.
Imagino aquele que se sustenta
sonhando com suas estrofes
dentro da gaveta.
A temer o abismo.
Tentando de todas as formas
regular o juízo um tanto capenga.
Este hematoma no meio da testa
lembro-me quando surgiu.
Do nada.
Do Vazio.
A partir desse tombo
enlouqueci de vez.
- Claude Bloc -
Hoje pude comprovar, talvez por isso, que aquele chocolate tinha gosto de infância realmente! Atualmente, mesmo com o paladar mais exigente, ainda fecho os olhos antes de saborear uma barrinha dessas e, nesse momento, me sinto voar para o Crato, para as minhas travessias pela Irineu Pinheiro, sempre meio a galope, indo aqui e ali, trocar um dedo de prosa ou buscar alguma brincadeira junto com a turma do bairro.
Mas, afinal, o que é o “gosto de infância”? Talvez uma mistura de inocência, despreocupação e alegria. Era isso que éramos: ingênuos, alegres, barulhentos e acalorados, sobretudo nas horas em que brincávamos das mais diversas brincadeiras de que dispúnhamos na época.
Ao morder aquele pequeno pedaço de chocolate, aquele que peguei na minha bolsa há segundos atrás, relembrei alguns desses momentos e senti vontade de terminar de comê-lo assistindo a algum filme com Graça, Glória, Judite, Simone, Fátima, Rita, Dominique, Iza... numa interminável apresentação de cinema, e depois, no tempo exato em que o passeio culminava na Praça Siqueira Campos. Como era uma barra generosa, deixei para comer o restante depois. Mas, nesse momento, simplesmente flutuei pelo éter das lembranças e divaguei febrilmente. Faltava-me apenas um laço nos cabelos, pés descalços e um vestido rodado para eu voltar a ser criança.
Lembrava também das tardes em que minhas amigas e eu brincávamos pela rua. E das muitas vezes em que íamos ao Granjeiro para nos refrescarmos na piscina. Nesse tempo, éramos meros/as aprendizes da vida, eu sei. Mas esse processo nos transformou no que somos hoje, delineou nossa caminhada e consolidou amizades eternas.
Numa dessas vezes, cheguei em casa com minha barrinha de Diamante Negro e olhando para os olhinhos pidões de Bertrand, dei o último pedaço do meu chocolate ao meu irmão, repetindo uma frase que tinha ouvido de uma amiga. Ele me olhou com estranheza, mas na primeira mordida, compreendeu o “gosto de infância” naquele pedacinho da barra de chocolate.
Dennis Hoper
Ficou famoso mundialmente ao dirigir e estrelar ao lado de Peter Fonda o filme Sem Destino (1969). Como ator, ele apareceu pela primeira vez no western Johnny Guitar, de 1954.
Em 2010, foi revelado que Dennis Hopper sofria de câncer da próstata em estágio terminal. A doença tornou-se irreversível e o ator faleceu em 29 de maio do mesmo ano.
wikipédia
ESTRELAS E LUARES - Por Xico Bizerra
Por Xico Bizerra
Ainda sem destino - Emerson Monteiro
Esse clássico enfoca, sem meias tintas, o drama daqueles finais de século, numa fusão sintomática de drogas, sexo e ânsias existenciais da juventude, busca desesperada de encontrar o promo do crescimento tecnológico impaciente e recheado de fascismo opressor, frieza inútil da macroestrutura capitalista materialista, institucional, avassaladora.
Ao lado deste, um outro filme, o inglês Depois daquele beijo (Blow-up), do diretor Michelangelo Antonioni, também refletiria com vigor o quadro sem saída que se desenhava no horizonte das eras e previa nuvens de impossibilidades reais da política, no futuro das próximas décadas mundiais.
Eram tempos de profundas divisões de águas, auge do movimento contestatório dos hippies, quando jovens de todas as classes sociais do mundo se espalhariam, a circular feitos formigas atônitas, catando possibilidades apenas imaginárias, a fim de tranquilizar a consciência das intuições que prenunciavam geopolítica infame a subjugar o âmbito das pessoas humanas.
No roteiro de Sem destino, dois fiéis representantes da contracultura viajam de motocicleta entre as cidades americanas de Los Angeles e Nova Orleans, cruzando impávidas o território estadunidense.
No longo itinerário, sentem de perto a liberdade do espírito aventureiro a lhes sacudir os longos cabelos, pelas estradas desertas, imprevisíveis, expostos e submissos às circunstâncias do acaso desafiador, porém confrontam os habitantes reacionários das povoações interioranas por demais preconceituosos.
Campo aberto para avaliações do tempo histórico totalitário da época, o filme apresenta com sucesso as marcas frias da mentalidade que dominaria logo mais os quadros planetárias posteriores à Guerra do Vietnam e, um pouco adiante, à queda do Muro de Berlim, portas atuais de outros absurdos totalitários.
Em rápido apanhado de verdadeiro profeta, ao término da narração, Dennis Hopper chocaria seus contemporâneos, que aguardavam final menos infeliz, com a explosão amarga da destruição dos dois personagens, cena de uma tocha de fogo produzida pelo disparo das armas dos seus perseguidores. Algo equivalente à incapacidade reconhecida de mudar o sistema plenipotenciário em que se reverteu o sonho das realizações ilusórias deste chão que foge ao contato dos nossos pés.
Hopper tinha 74 anos e morreu por volta das 8h15 deste dia, cercado por familiares e amigos, disse o seu amigo Alex Hitz.
Mulheres x Canções - por Socorro Moreira
O caminho para atingi-la é uma fábula!
Temos na mistura feminina
o ingrediente de todas as manhas e dons:
A pureza de Maria;
O olhar de Dulcinéia;
A graça de Isadora;
e, principalmente...
Os mistérios de Clarissa!
Teresa é muito dividida;
Marina só pensa em passar batom;
Januária ganha o mundo na janela;
Carolina não tira o cisco,
que a deixa triste;
Luiza é uma fotografia,
num prisma de sete cores;
A Rita leva o sorriso do povo,
Doralice já encontrou uma saída,
Luciana , e o casaco marrom já poído,
Dora precisa entregar a faixa
de rainha do frevo...
Laura , e o sorriso ameninado ,
Rosa , imagem de mulher
Irene, aquela louca ,
que vive no prozac!
E Beatriz?
Por ela,
manhã de sábado
e caminhar.
Sem olhar para trás.
Sem olhar para frente.
Chutar pedras
gravetos
tampinhas de refrigerante.
Esquecer teu aparelho dos dentes.
Os teus óculos lilases.
Somente uma vez por mês
o célebre porre homérico.
No teu dia.
Enquanto vertes sangue.
Bebo vinho.
O negócio agora é não se deixar morrer
iludido pelos pensamentos.
Dizem que são apenas névoas.
Mas cegam, meu velho.
Preciso abrir logo o olho.
Meter os pés no tênis sujo.
Nem lavar rosto.
Nem beber cafezinho quente.
Escapar do quarto.
Fugir da masmorra.
Até Voltaire se entristece
com tanto silêncio.
O negócio agora é levantar a cabeça
e bater asas.
Não olhar para o teto.
Não cortejar o passado.
Dizem que é apenas vento.
Mas vem junto o cisco.
A lágrima presa é outra estória.
Noutro dia conto.
Vejo da janela um lindo jardim
com pula-pula e carrossel.
Quem sabe não encontro por lá
uma fada esperta ou uma babá
que me abrace e me console
oxalá queira trocar
minha fralda geriátrica.
As formiguinhas do vaso sanitário
sabem que a minha urina é doce.
Portanto venham, oh, minhas fadas
oh, babás do condomínio
peguem pelo braço este poeta
e lhe deem o que beber.
Bateu sede.
Serve um peitinho.
Sem drama angelical.
Sem neurose puritana.
Ultimamente o poeta sofre
espantalho sob noite fria.
Tremem os ossos.
Acorda o coração moído.
O negócio agora é levantar-se.
Cortar as unhas.
Fazer a barba.
A cafeteira me espera.
Ouço seus espasmos.
Ofegantes sussurros.
Amada cafeteira
nunca deixa
o poeta desvalido.
olhos de mel
nos meus arroubos.
Se te envolvo em minha lábia
e durmo contigo de novo
que será da realidade
no amassado dos travesseiros?
Eu que nunca te convidei pra jantar fora.
Nunca te ofereci um sorvete.
Vem então essa onda de saudade.
De sujeito cretino.
Faço força no olho direito
para que desça uma lágrima.
Se te conquisto novamente
e acordo contigo
pensaste na inquietude
passado o sonho?
Os travesseiros jogados fora.
Queimados na calçada.
Pensamento para o Dia 29/05/2010
Pensamento para o Dia 29/05/2010
“Para o fogo aumentar ou diminuir, o combustível é a única causa. Quanto mais combustível, mais brilhante será a luminosidade. O fogo tem o poder de produzir luz por sua própria natureza. Do mesmo modo, no fogo do intelecto do aspirante espiritual, o combustível que produz renúncia, tranquilidade, verdade, bondade, paciência e serviço altruísta tem que ser constantemente alimentado de modo que a luz da sabedoria seja produzida. Quanto mais "combustível" for colocado, mais eficaz e refulgente os praticantes espirituais se tornarão. Apenas as árvores que crescem em solo fértil podem render uma boa colheita. As árvores que crescem em solos salinos terão apenas um rendimento ruim. Assim também, é só nos corações que são imaculados que sentimentos santos, poder divino e dádivas brilham em esplendor.”
Sathya Sai Baba
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“Por razões políticas ou outras, algumas pessoas são presas e mantidas em detenção a fim de preservar a lei e a ordem do país. Elas são mantidas confinadas em grandes bangalôs e recebem um tratamento especial por ser próprio de seu status e são fornecidas refeições, bem como artigos de luxo compatíveis com sua classe de vida social e política. No entanto, em torno do bangalô e no jardim, sempre haverá policiais de guarda. Qualquer que seja o padrão de vida desfrutado pelo prisioneiro, ele não é um homem livre. Assim também, uma pessoa confinada na ‘prisão’ do mundo não deve se sentir eufórica sobre o conforto sensual de que pode desfrutar. Ela não deve se sentir orgulhosa por seus amigos e parentes ao redor, mas deve reconhecer e ter em mente que está na prisão.”
Sathya Sai Baba
Eduardo Lara Resende
Para Ana Cecília - Com carinho e amizade
Pai e mãe hoje festejam
Essa criança em você.
A criança se acha grande,
quer fazer tudo o que gosta,
que em sua idade ninguém faz.
Deixa a infância em silêncio
em sossego, esse amor
deixa quieta a saudade
Ora! hoje é seu dia,
Hoje!
Cadê a infância?
Cadê a criança?
Que dormia e sorria em paz?
A criança de outros tempos
Que outras crianças apraz...
Aquela criança tranqüila
Aquela menina feliz
Que tanta lembrança nos traz...
Mas hoje é dia de festa
Dessa criança em você
Todos hoje celebramos:
Parabéns, parabéns
Abraços de bem querer.
(por Claude Bloc)
Ana Cecília o Cariricaturas abraça você.
A poesia de Ana Cecília S.Bastos
Um poema de Everardo Norões
Restos de falas na mesa
e a náusea matinal.
O bule, a xícara, os copos.
A mão, submersa no sal,
da tarde, na planície,
tão clara, dessa mesa,
onde deslizam os repastos
da habitual tristeza
que cobre a toalha branca
de rendas. E essa fome,
bordada sobre a mesa
como as iniciais de um nome.
O jarro com flores e
as cinzas do outro dia,
fugindo aos arabescos
das rendas, tão frias,
como as coisas distantes
que nos aguardam à mesa:
o leite, o bule, o café,
o sono, a morte, a incerteza.
Em: Poemas. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1999. Prêmio Eugênio Coimbra (Conselho Municipal de Cultura), categoria Poesia, 1998.