Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sábado, 8 de agosto de 2009

FILHOS - por João Marni

Filhos são tudo para nós. Quando pequenos, não dormem sem um balanço ou sem uma história. Pela manhã, ao acordarem, abraçam-nos com aquele cheirinho maravilhoso, típico deles, e já nos pedem algo. Adiante, crescidos, não dormimos nós enquanto não chegam! Preocupam-nos se não comem, se não estudam, com quem andam, o que fazem; interferimos como se vestem, reclamamos quando falam alto, se não escovam os dentes, se borram as roupas de baixo- as quais lavamos-, se escutam as músicas deles, se falam entre o grave e o agudo... Quando namoram, queremos saber de seus pares, para dar-lhes notas. Não damos chance nem que aprendam e protestamos sobre seus odores, sem valorizarmos suas dores. O fato é que, a partir deles, quase perdemos nossa identidade, não sabendo mais quem verdadeiramente somos, sem tempo para introspecção. Dói em nossas consciências se compramos um par de meias que seja sem que pensemos neles. Melhor usássemos só alpargatas...

Chutaríamos nossos filhos crescidos dos ninhos se plumas ou penas tivéssemos. Mas não as temos. Tirou-nos Deus as penas, pondo-as em nossos corações, recanto dos nossos ais. Talvez isso explique porque choramos quando vão e nos alegramos quando chegam. A casa de sempre são nossos corações. Se adoecem, adoecemos mais ainda. Ao recuperarem-se, ficamos em oceanos de paz. Mas se um dia a vida nos reservá-los mortos, invocaremos ao Misericordioso que os acompanhemos também.

A vida é um legado tão extraordinário que somos impelidos a homenagear e agradecer àqueles que nos antecedem e a proteger a estes que nos sucedem, a todo o custo. Pelos filhos, o discípulo Pedro não teria ouvido o canto do galo. Dirá três vezes!

A grande indagação é sobre a melhor maneira de educá-los, discipliná-los. Não há uma fórmula única, mas o diálogo e a paciência predominam em todas as culturas. Seria como a teia da aranha na tensão certa: nem demasiadamente frouxa, nem tão esticada. Por “reconhecimento”, de presente, dão-nos netos. Não é um grande momento?

Cuida, senhor,
... para que tenhamos filhos e que os beijemos até quase desbotá-los;
...para que nossas mãos os soltem somente quando puderem andar por si próprios;
...que não percebam nossas dores e nossas lágrimas, garantindo-lhes o sorriso;
...que se preciso for, enganemos a nossa fome, para que lhes sobre o alimento.

Proteja, senhor, a nossa família num grande abraço. Todavia, seríamos indignos de tamanha bênção, se pedíssemos apenas pela nossa. Então que abrace a todas.

Uma homenagem às mulheres , no dia dos pais- Por Eurípedes Reis



Não importa o quanto pesa. Saber seu peso não proporciona ao sexo masculino nenhuma emoção. O homem não tem a menor idéia de qual seja seu manequim. A sua avaliação é visual. Ao homem pouco importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas. As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas.... Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo.

As magrinhas que desfilam nas passarelas seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, a grande maioria e formada por gays (nada contra eles) e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo.

Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. Inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a dos homens. Os cabelos, quanto mais longos, melhor. Para andar com os cabelos curtos, bastam os dos homens. As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas. Por que razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam com as pernas masculinas? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão: o homem gosta é assim. Ocultar essas formas é como ter o melhor sofá embalado no sótão.

É essa a lei da natureza... Que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulímica e nervosa, logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde. Entendam de uma vez! É melhor agradar aos homens e não as outras mulheres. Porque nunca terão uma referência objetiva do quanto são lindas, dita por uma mulher.

Nenhuma mulher vai reconhecer, jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda. As jovens são lindas... Mas as de 40 para cima são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas o homem é capaz de atravessar o Atlântico a nado. O corpo muda... Cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas, que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto, uma mulher de 40 ou mais anos, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se autodestruindo.

Os homens, geralmente, gostam das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes); quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (não se saboreia e não sofre); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa... Viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados,que os homens, sem querer, as encheram de estrias, de cesáreas e demais coisas que tiveram que acontecer para toda a humanidade estar viva.

Cuidem-se! Amem-se! A beleza é tudo isto. Tudo junto!

.Eurípdes Reis
(Amanhã é dia dos pais. Mas eu vou, como sempre, homenagear a mulher. Por que a mulher? Porque sem a mulher todos nós não existiríamos...! )
.
* Eurípedes é um paulista amigo meu e do Cariri ( já visitou o Crato) , escritor , de quem recebi nesta data, a colaboração postada

* Foto : Daniela Moreira ( filha do meu único irmão- Alfredo Moreira neto).

Amizade - por Mario Quintana

"Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim... Nem que eu faça a falta que elas fazem... O importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível... E que esse momento será inesquecível... Só quero que meu sentimento seja valorizado... Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades, às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!"
.
"Loving you" by Minnie Riperton

Balaço

O meu escalpo
podem oferecer
de bom grado
ao grande chefe
Touro Lunático.

Os meus olhos
se envernizarem bem
hão de ver um certo brilho.

Arranquem o direiro
que é o mais vivo
e troquem pelo de vidro
daquele caolho simpático.

As minhas unhas
arranquem todas
lavem-nas com sal grosso
e deem de presente às ciganas
Das Dores e Das Rosas.

O meu coração não toquem.
Deixem-no frio.

Os vermes da terra fofa
úmida das minha lágrimas
sabem o que fazer.

AINDA QUE EU....POBRE DE MIM!

Bernardo Melgaço da Silva



Ainda que eu tentasse falar a língua dos sábios.
Ainda que eu tentasse falar a língua dos profetas.
Ainda que eu tentasse falar a língua dos santos.
Ainda que eu tentasse falar a língua dos místicos.
Ainda que eu tentasse falar a língua mais perfeita inventada pela ciência dos homens.
Mesmo assim.
Pobre de mim!
Eu estaria limitado.
Preso.
Amarrado.
Amordaçado.
Impossibilitado.
De falar a gloriosa Língua de Deus.

Ainda que eu ganhasse um mundo de dinheiro.
E com ele comprasse o mundo inteiro.
Ainda que eu andasse no meio da nobreza.
E dela me servisse para corromper a alma da humana natureza.
Mesmo assim.
Pobre de mim!
Eu estaria limitado.
Iludido.
Cego.
Impedido.
De conhecer interiormente a beleza do imenso Poder de Deus.



Ainda que eu viajasse numa nave para lá de cima mapear a terra.
Ainda que eu olhasse pelos olhos de um satélite de precisão.
Ainda que eu conhecesse cada pedaço desse chão.
Ainda que eu juntasse todo conhecimento produzido pela razão.
Mesmo assim.
Pobre de mim!
Eu estaria limitado.
Desinformado.
Perdido.
Sem visão.
Para localizar o maravilhoso e grandioso Reino de Deus.

Ainda que eu conhecesse o mais sensual beijo da mulher menina.
Ainda que minhas nuas pernas tocassem outras suaves femininas.
Ainda que meu corpo abraçasse a bela mulher e gemesse carente de desejo e paixão.
Ainda que minha alma encontrasse a alma gêmea numa outra encarnação.
Mesmo assim.
Pobre de mim!
Eu estaria limitado.
Carente.
Vazio.
Ignorante.
Na minha pequena visão do Fantástico Amor de Deus.

Ainda que eu sonhasse o sonho dos poetas.
Ainda que eu intuísse a visão dos profetas.
Ainda que eu imaginasse a imaginação dos gênios.
Ainda que eu sobrevivesse junto com a história durante milênios.
Mesmo assim.
Pobre de mim!
Eu estaria limitado no meu horizonte.
Desatualizado.
Incapacitado.
Desqualificado.
Para transcender na eternidade do Paraíso de Deus



Pois, onde vive Deus o Amor é Único e Inconfundível.
É um estado da Consciência Amorosa sem comparação.
É o Poder Criador em puro Estado de encantamento de Sua Bela Criação.

Cínico

Morte, morte, morte
já desatei os laços
da sua sapatilha.

Agora dance
sobre meus pulmões
e meus testículos.

Ui, ui, ui
mas não com tanta altivez -

seus pés limpos
além de ossudos
são tão frios.

Os pais não morrem, nem envelhecem;os filhos não crescem...- Por Socorro Moreira

Criadores e Criaturas,
em baixo ou em cima das nuvens,
vivem o papel da paternidade.
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Os pais não morrem ...
Ficam fazendo serenatas no céu ou
ensinando a Geografia da Terra.
.

Os pais não envelhecem
Ficam da idade dos filhos.
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Os filhos não crescem ...
Precisam de colo !
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* Fotos 1 e 2 - Giorgio e Pedro ( by Zélia Moreira)
* Foto 3 - Seu Abidoral Jamacaru ( do acervo de Pachelly Jamacaru)
* Foto 4 ( João Nicodemos e João Francisco- do acervo de João Nicodemos).
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Não, Não é de Fernando Pessoa ( I I )


Poema - Saudação do Amigo

Quero ser o teu amigo
Nem de mais e nem de menos
Nem tão longe, nem tão perto
Na medida mais precisa que eu puder
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida
Da maneira mais amiga
Da maneira mais discreta, sem jamais te sufocar
Sem forçar tua vontade, sem jamais te aprisionar
E saber quando falar e saber quando calar
Nem ausente, nem presente por demais
Fraternalmente ser amigo e dar-te a paz
A paz que o mundo não dá, a paz de Jesus
A paz esteja com você!E comigo também!

Fonte: Site do Padre Zezinho.

Saudação do Amigo de autoria do Padre Zezinho amplamente modificado e divulgado na Net como sendo de Fernando Pessoa.

Sobre o Vulgo “Poema Do Amigo Aprendiz

Quero ser teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
Versos acrescentados:
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias.

Alguns Poemas do Padre Zezinho

A Lagarta
Nunca por falta de Amor
Alfa e Omega da Paz
Oração por meus amigos
Amar além da medida
Para repensar as mães
Bem amados e bem criados
Perder alguém querido
Bênção da Luz
Piedoso desejo
Canção ao pé do Matrimônio
Prece ao pé da lareira
Casal quase perfeito
Prólogo
Ciúme nunca faz bem
Quando eu faço a minha prece
Duas estrelas
Salmo 18
Ecumênicos
Salmo 23
Finalmente foi Natal
Salmo 25
Gravidez
Santos lá do céu
Jesus é Luz
Saudação do amigo
Lá vem vindo a Paz de Deus
Sejam como a lua

http://www.padrezezinhoscj.kit.net/poemas/poemas.html

"O vulgo “ Poema do Amigo Aprendiz ” não foi escrito por Fernando Pessoa, respeitem os direitos autorais!!! Original: Ligue o Som, ...www.scribd.com/.../Sobre-o-Vulgo-Poema-Do-Amigo-Aprendiz - "
·
· Poema do Amigo Aprendiz = Saudação do Amigo
·
· Poema do Amigo Aprendiz
·
· "Olá! Me perdoa, mas esse poema não é de Fernando Pessoa e sim de Padre. Zezinho, SCJ. Gentileza corrigir. Grato! "
· http://www.padrezezinhoscj.kit.net/poemas/s5.htm

Padre Zezinho

Padre José Fernandes de Oliveira, o Pe. Zezinho, scj, começou a compor em 1964 e seu projeto inicial era de fazer apenas algumas canções para a sua paróquia.

Depois de 35 anos cantando ele se vê autor de 1.500 canções para a igreja do mundo inteiro, traduzidas em cinco línguas e divulgadas em 40 países. Já gravou mais de 98 discos e CDs.
Os shows deste sacerdote-cantor arrastam uma média de 15 a 40 mil ouvintes.
Calcula-se que mais de 120 milhões de brasileiros conhecem suas músicas, entre elas: "Oração pela Família", "Um Certo Galileu", "Vocação" e "Maria de Nazaré". O CD Sol Nascente, Sol Poente, que traz a gravação da música "Oração pela Família", chegou a vender um milhão de cópias.

Esquema

No meu quarto
tem um quadro
onde um peixe grande
devora um peixe pequeno
ambos contornados
por uma forte pincelada
em tom amarelo.

No meu quarto
tem um armário
desses de hospital
sobre o qual
quatro jarrinhos
sem planta
são os duendes
da minha miopia.

Em um cantinho
entre as sombras
dos livros
e do travesseiro
tem um ventilador
bem limpinho
sequer faz ruídos.

Olho para o alto.
Examino as quatro junções do teto.

Não vejo como
pendurar um arpão de matadouro
e trespassar meus pulsos

a dois palmos do chão
ficar com os pés suspensos.

No quarto
da minha nova casa
não tem lagartixas
não tem baratas
não tem formigas

é tudo muito alvo
é tudo muito triste.

Miss Crato, Miss Ceará - Parte I



Miss Ceará Internacional/Mundo/Universo 1960
Data: 28 de maio de 1960
Local: Clube Náutico Atlético Cearense
Promoção: Diários e Emissoras Associados
Coordenador: Stênio Azevedo
Número de Candidatas: 8

Resultados:
1º - Miss Crato – Wanda Lúcia Gomes de Mattos Medeiros

2º - Miss Comercial Clube – Irineide Silveira


Demais Candidatas:
Sem ordem de classificação
3 – Miss Iate Clube – Yolanda Romcy
4 – Miss Juazeiro do Norte – Neir Sobreira de Mello
5 – Miss Líbano, Círculo Militar e Diários – Irene Delne Bastos Forte
6 – Miss Maguari Esporte Clube – Regina Sílvia Dias de Araújo
7 – Miss Náutico e Iracema – Marta Garcia
8 – Miss Sobral – Zelly Carneiro Frota
#Wanda Lúcia nasceu em Jacobina, na Bahia. Muito nova mudou-se para o Crato. Stênio Azevedo e Geraldo Nobre dizem que ela era: “a estudante simples e de família modesta, até então desconhecida..., mesmo no Crato".
#Stênio Azevedo e Geraldo Nobre no livro “Momentos Inesquecíveis” nas páginas 28, 29 e 30 contam que Stênio Azevedo teve a idéia de fazer um concurso no sul do Ceará para eleger a mais bela do Cariri, contam que restaram duas candidatas: uma de Crato e outra de Juazeiro. As cidades de Barbalha e Jardim tinham se retirado do concurso. Mesmo o júri sendo ímpar, o presidente do júri deu como empatada a competição, devido aos ânimos acirrados entre o povo das duas cidades; dando assim a oportunidade de ambas disputarem em Fortaleza. Este concurso foi realizado no Crato Tênis Clube.

#Wanda Lúcia no Miss Brasil vestiu uma confecção feita no Ceará por Dulcinéia Damasceno.
#No jornal "O Povo" de 5 de março de 2000, Wanda Palhano, patronesse da representante do Crato, relembrava: "Eu estava no Crato, junto com a minha cunhada, quando conheci Wanda e a trouxe para o concurso. Eu me lembro que eu emprestei um maiô meu para ela desfilar e que nós tivemos um trabalho imenso para arrumá-la. Era uma época em que as pessoas usavam o cabelo bem liso, e a Wanda tinha o cabelo bem crespinho. Nós mandamos fazer uma escova no cabelo dela. Ela mudou tanto que o próprio pai não reconheceu a filha."

#Wanda formou-se em Psicologia, hoje é psicóloga aposentada. Mora atualmente em São Paulo, onde atua em voluntariado. Tem três filhos e quatro netos.

Fontes: Livro "Momentos Inesquecíveis" de Stênio Azevedo e Geraldo Nobre, jornais da época. Colaboração de Antonio Carlos Gomes de Castro.
Foto: - Wanda na noite de sua eleição - Arquivo Ramundo Jr.

Miss Crato, Miss Ceará - Parte II





Miss Ceará Universo/Mundo/Internacional 1966

Data: 4 de junho de 1966
Local: Clube Náutico Atlético Cearense
Promoção: Diários e Emissoras Associados
Coordenador: Stênio Azevedo

Número de Candidatas: 6

Resultados:
1º - Miss Crato – Francy Carneiro Nogueira (renunciou)
3º lugar no Miss Brasil 1966.
Francy tem 1,71m, é loura natural e tem lindos olhos verdes.


2º - Miss União dos Clubes Suburbanos – Maria Cláudia Maciel de Aquino
(substituta)


Demais Candidatas
Sem ordem de classificação
3 – Miss Clube Iracema – Dulcina Holanda Palhano
4 – Miss Clube Náutico Atlético Cearense – Maria Regina Alves Garcia
5 – Miss Messejana – Maria do Socorro Aguiar
6 – Miss Sobral – Marion Martins Viana

# Francy na realidade chama-se Francisca.
# Francy Carneiro Nogueira foi coroada por Ana Clara Ferreira de Almeida( Miss Círculo Militar 1965), substituta de Iassodara Cavalcante (Miss Ceará 1965), que renunciou.
# Francy Carneiro Nogueira classificou-se em terceiro lugar no Miss Brasil 1966, tendo a oportunidade de ir para Long Beach concorrer ao Miss Beleza Internacional 1966. Este concurso foi cancelado pelos organizadores.
# Francy renunciou ao título em outubro de 1966, devido ao seu matrimônio, sendo então substituída pela Miss Minas Gerais 1966, Virgínia Barbosa de Souza, que foi assim escalada para o Miss Beleza Internacional 1967.
# Francy Carneiro Nogueira casou-se ainda em 1966, com o comerciante da cidade cearense de Barbalha, o Sr. José Ilanio Gondim, com quem teve quatro filhos -um homem e três mulheres -, em 1980 ficou viúva. Tem três netos. Fonte: Diário do Nordeste (Caderno Eva), de 10 de abril de 2005.
#O jornalista cearense Lúcio Brasileiro, sempre inclui Francy como uma das dez mais elegantes do Ceará.
#Sua caçula, Sarah Nogueira Gondim, foi Glamour Girl de 1998, numa produção do jornalista Marcondes Viana do Jornal Diário do Nordeste.
# Francy foi capa da revista “Manchete” em duas ocasiões, numa aparece com a então Miss Guanabara 1966 (Ana Cristina Ridzi), e futura Miss Brasil, junto a Florianel Costa Portela (Miss Bahia 1966), quando da eleição desta. Na outra capa ela foi fotografada com as vencedoras do Miss Brasil 1966, Miss Mato Grosso Marlucci Rocha Manvailer, e Ana Cristina Ridzi (Miss Guanabara e Miss Brasil Universo 1966).
# Francy foi capa de um Lp lançado pela revista “Manchete” cujo título era “Estas Venceram”.
# O jornal “O Povo” informava em 5 de outubro de 1966: “A senhorita Francy Carneiro Nogueira, miss Brasil nº 3, como representante do Crato, no concurso nacional de beleza, em nota oficial ao público, renuncia ao título da terceira mais bela do Brasil.”
#Em abril de 2007, Francy apareceu numa festa, que foi noticiada pelo jornal Diário do Nordeste. Ela continua tão bela quanto na época em que foi Miss Brasil Internacional 1966.


Fontes: Jornais Correio do Ceará, O Povo e Diário do Nordeste. Revistas O Cruzeiro, Manchete e Fatos e Fotos. Livro “Momentos Inesquecíveis” de Stênio Azevedo e Geraldo Nobre.
Fotos: 1 - Revista O Cruzeiro; 2 e 3 - Revista Manchete.
Postado por Raimundo Junior às 21:29 2 comentários
Marcadores: Ceará
Sábado, 19 de Maio de 2007

Miss Crato, Miss Ceará - Parte III





Miss Ceará Mundo 1992 - Monalissa Esmeraldo de Figueiredo
Miss Ceará Mundo 1992
Data: 29 de agosto de 1992
Local: Crato Tênis Clube, na cidade do Crato-CE

Número de Candidatas:15
Não temos informações do nome das outras 14 participantes.

Resultado:
1º - Monalissa Esmeraldo de Figueiredo – Miss Crato


#Monalissa tem 18 anos, é morena de olhos verdes, estuda Fonoaudiologia na Universidade Católica de Pernambuco.
#O concurso foi dividido em duas fases, na primeira Monalissa concorreu com cinco candidatas, Monalissa foi escolhida então a Miss Crato. Não sabemos a nome das outras quatro candidatas.
#Monalisa foi enfaixada por Maria Letícia Ferreira Barbosa (Miss Ceará Mundo 1991).
#O concurso de Miss Brasil Mundo 1992 foi ganho pela paulista Priscila Maria Furlan em Maceió-AL.
#Monalissa é filha do médico João Figueiredo e da diretora do Hospital São Francisco, Maria de Fátima Esmeraldo, todos da cidade do Crato.


Fonte: Jornal Diário do Nordeste de 04 de setembro de 1992 - Arquivo Djani Pinheiro Landim.
Fotos: 1 - Jornal Diário do Nordeste e 2 - programa do concurso Miss Brasil Mundo 1992.

PANAIR DO BRASIL - Cesar Augusto Fontes




A Panair desde o início se destacou por trazer avanços e novidades, instituindo o que ficou conhecido informalmente como "Padrão Panair", garantia de excelência técnica-operacional. Pioneira sob diversos aspectos, poderosa, charmosa, a companhia mereceu até elogios em prosa e verso: "Nas asas da Panair", canção imortalizada por Elis Regina e Milton Nascimento.

No entanto, nada disso lhe valeu quando de seu vergonhoso fechamento. "Quebrada" por decreto, numa das mais tristes páginas de nossa história política, teve sua morte decretada pelo Governo Federal, numa manobra que contou com a participação da Varig.

Avançada desde o princípio

A Panair tem origem na NYRBA (New York-Rio-Buenos Aires Line) criada pelo norte-americano Ralph O`Neill, um apaixonado por aviação que passou alguns anos costurando as alianças e entendimentos políticos com os Governos do Brasil, Argentina e Estados Unidos. Apoiado financeiramente por James Rand, fundador da Remington Rand. Constituída oficialmente em 17 de março de 1929 e iniciando vôos experimentais em 11 de junho com um hidroavião Sikorsky S-38, O`Neill vê finalmente em 1º de agosto seu sonho decolar: começam os vôos regulares entre Montevidéu e Buenos Aires, logo extendidos para Santiago de Chile, prolongada em novembro até a Bolívia. Estes operados com os Ford Trimotor.

Em 24 de janeiro de 1930, a NYRBA é autorizada a voar no Brasil (Decreto n° 19.079) . Sem perder tempo, vôos regulares começam com os hidroaviões Consolidated Commodore em 19 de fevereiro, ligando em seis dias Buenos Aires a Miami. Desde então, os vôos mantiveram impressionante regularidade, mostrando desde os primórdios a excelência e seriedade operacional que caracterizaram a Panair. Mas outra faceta de sua história mostrou-se já no princípio: a feia face política por trás do sucesso operacional.

Nos Estados Unidos, o governo subsidiava a Pan Am deixando claro seu apoio para sua expansão aérea. Sem apoio do governo e com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929, a NYRBA passa a ser controlada pela Pan Am em agosto de 1930.

21 de novembro de 1930 – A NYRBA passa a ser reconhecida como Panair do Brasil S.A. conforme resolução aprovada em Assembléia geral extraordinária realizada em 01/10/1930. (Decreto n° 19.417). Até 1942, 100% de suas ações estiveram em poder dos controladores norte-americanos, que então começaram a vender suas ações para mãos brasileiras.

Como subsidiária da Pan Am, a Panair recebeu oito novas aeronaves (quatro Commodores e quatro Sikorsky S-38). Em 2 de março de 1931, decolaram os primeiros vôos de passageiros, ligando Belém ao Rio de Janeiro, com conexões imediatas aos vôos da Pan Am nas duas pontas. Em 1933 a Panair conquistou a Amazônia, prolongando a linha de Belém até Manaus. Em 1935, o primeiro piloto brasileiro, Coriolano Luis Tenan, assume o comando de uma aeronave da empresa. No ano seguinte, é inaugurada a sede e o hangar de manutenção no aeroporto Santos Dumont.

Em 1937, começa a primeira modernização da frota, com a gradual substituição dos Commodores por Sikorsky S-43 Baby Clippers . Chegam também os bimotores Lockheed L-10 Electra, iniciando assim as operações terrestres, inaugurando vôos para Belo Horizonte em março. São Paulo também passa a receber os aviões da Panair em cinco vôos semanais entre Rio de Janeiro e Porto Alegre. Em junho de 1940 chega o primeiro Douglas DC-2 de 14 lugares, o PP-PAY.
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Mais política, mas desta vez, a favor.

No início da Segunda Guerra Mundial (1940), o Brasil tinha duas grandes empresas aéreas: a Panair (apoiada pelos Estados Unidos) e o Sindicato Condor (apoiado pela Alemanha). Peças de reposição norte-americanas para a frota da Panair eram fáceis de se obter, ao contrário dos componentes germânicos da Condor, que não mais atravessavam o Atlântico. Além disso, o nordeste brasileiro passava a ter importância estratégica para os Estados Unidos, que pretendiam utilizá-lo para atravessar o Atlântico Sul. Sem recursos para construir aeródromos, em 25 de julho de 1941, o Governo Brasileiro autoriza ( n° 3.625) a Panair a construir, operar e manter aeroportos em São Luiz , Fortaleza, Belém, Natal, Recife, Maceió e Salvador. Nessa mesma data, a Panair ganha ainda rotas para Assunción, Goiânia, Corumbá e vários outros destinos no centro-oeste e sul do Brasil, além de extensões nas rotas Amazônicas.

A partir de 1941, a frota de quatorze Lockeed Lodestar, é acrescida pelos modernos L-049 Constellation, primeiros quadrimotores terrestres da empresa. A Panair, com 52% de seu capital já em mãos nacionais, é autorizada a voar linhas internacionais para quaisquer países sul-americanos, bem como para a Europa. Em 03 de abril de 1946, o primeiro Constellation recebido (PP-PCF), inaugura a 1 a . linha transoceânica para a Europa da Aviação Comercial Brasileira. O vôo efetuou as seguintes escalas: Rio de Janeiro – Recife – Dakar – Lisboa – Paris – Londres , sendo por sinal o primeiro avião internacional a pousar no recém inaugurado aeroporto britânico.
Com a chegada do PP-PCG, Roma foi adicionada à malha. Ao final deste ano, a empresa comemorava 222 travessias do Atlântico. Em abril de 1949, 3 anos após cruzar pela primeira vez o Atlântico, a Panair celebrava sua milésima travessia, com mais de 60 mil passageiros transportados.

No mercado doméstico, porém, a competição era grande com os DC-3 excedentes de guerra voando para todos os lados nas mãos de dezenas de pequenas empresas, que com um ou dois aviões competiam sem o menor preparo. A Panair, porém seguia crescendo, chegando em seu auge a operar com vinte e três Douglas DC-3, doze Lockheed L-049/149 Constellation, e oito PBY-5 Catalina nas rotas amazonenses.

As rotas internacionais acabaram desviando a atenção dos executivos da Panair. Enquanto outras empresas cresciam no mercado doméstico, como foi o caso da Real, Varig, Vasp, Aerovias, Lóide e Cruzeiro, a soberana Panair voltava-se mais e mais às rotas intercontinentais. De toda maneira o presidente da Panair, Paulo Sampaio, em 1952 foi à Inglaterra e anunciou a compra de dois de Havilland Comet 2 - compra essa somente cancelada em razão dos problemas enfrentados pelo Comet 1. Em seu lugar vieram quatro e depois mais dois Douglas DC- 7C , utilizados nas rotas transatlânticas no lugar dos Constellation. Com quatro Douglas DC-6B arrendados do Lóide, a frota de Constellation passou a ser utilizada somente nos vôos para o cone sul e em linhas-tronco domésticas. Foi justamente nesta fase que os problemas começaram a ocorrer.

Nuvens negras

A Panair começou a sofrer acidentes sérios. No início dos anos 50, acidentes aéreos infelizmente faziam parte da vida de quase todas as empresas aéreas. Além de ter perdido seis Lodestar nos anos 40 e 50, os grandes quadrimotores começaram a acidentar-se em números alarmantes. Em 28 de junho de 1950, o PP-PCG, pilotado pelo Cmte. Eduardo Martins de Oliveira bateu na aproximação para Porto Alegre, matando todos os seus ocupantes. Mas o fato é que os Constellations continuavam caindo. Em seguida, em 1953, o PP-PDA bateu em aproximação noturna para Congonhas: 17 mortos. Em junho de 1955, o PP-PDJ, coincidentemente também em pouso noturno, caiu numa colina próxima ao aeroporto de Asunción, matando 19 pessoas. O último Constellation perdido em acidentes fatais foi o PP-PDE, acidentado em outra aproximação noturna, desta vez em Manaus (56 mortos) no dia 14 de dezembro de 1962.

Outro terrível acidente, envolvendo o DC- 7C PP-PDO também ocorreu em aproximação noturna: Em 1º de novembro de 1961, o Douglas bateu na única colina próxima ao aeroporto de Guararapes, Recife, matando seus 51 ocupantes.

Apogeu e declínio

Os acidentes mancharam a imagem de segurança da Panair, mas mesmo assim a empresa ocupava uma posição de destaque em nossa aviação. Por exemplo, foi a Panair que levou e trouxe ao Brasil a seleção bicampeã mundial, usando um DC-7 em 1958 para trazer os atletas da Suécia e o Connie PP-PDH para trazer os bi-campeões do Chile. Os DC-7, por sinal, inauguraram em conjunto com a TAP os "Vôos da Amizade", na realidade os primeiros serviços compartilhados na aviação internacional brasileira, ligando o Rio de Janeiro à Lisboa. Em 1959, ao completar 30 anos, a Panair já realizara com êxito 5.827 travessias do Atlântico. Voava para mais de 70 cidades de Beirute à Santiago, numa malha que percorria 110.000 km .

Sem saber, a Panair entrava na década que veria seu triste fim. Já 100% nacionalizada, a empresa recebeu em 21 de março de 1961 dois DC-8-11, de prefixos PP-PDS e PP-PDT, seus primeiros jatos intercontinentais. Pouco tempo depois, em 20 de julho de 1962, chegaram os quatro jatos para etapas médias, encomendados para os vôos domésticos e sul-americanos: os Caravelle 6-R, matriculados PP-PDU, PP-PDV, PP-PDX e PP-PDZ e contando com 64 assentos. Um total de quatro DC-8 foram operados, sendo que um deles, o PP-PDT, foi o primeiro jato brasileiro envolvido num acidente fatal, decolando do Galeão na noite de 20 de agosto de 1962. Um dos Caravelles, o PP-PDU, em 6 de setembro de 1963 quase colidiu em vôo com outra aeronave próximo a Recife. A manobra evasiva feita pelo comandante salvou os ocupantes, mas não a aeronave. Pousando minutos depois em Recife, constatou-se que na manobra, as tolerâncias estruturais da aeronave foram ultrapassadas. O Caravelle sofreu deformações que decretaram o fim de sua operação.

Vergonha Problemas operacionais, dívidas crescentes e a inflação - novidade até então - começaram a rondar os hangares da Panair e de todas as outras empresas aéreas. Foi então que o sonho se desfez. O presidente da Panair, Paulo de Oliveira Sampaio, despachava normalmente em seus escritórios quando chegou, por telegrama, às 15 horas do dia 10 de fevereiro de 1965, a mensagem que informava a decisão do Governo Federal (assinada pelo Ministro da Aeronáutica Brigadeiro Eduardo Gomes) de cassar o certificado de operação da empresa naquele momento. Numa nota repassava as linhas internacionais para a Varig "em caráter provisório". Cinco dias depois, o Governo decretou a falência da empresa, tomando-lhe as instalações, aeronaves e outros ativos. As linhas domésticas e os Caravelles passavam às mãos da Cruzeiro do Sul. Os DC-8 e rotas internacionais ficavam com a Varig.

A página mais vergonhosa de nossa aviação havia sido escrita, num conluio entre um Governo Federal totalitário, então sob comando dos militares e uma empresa aérea concorrente, que surpreendentemente operou na noite de 10 de fevereiro todos os vôos que até então eram da Panair como se isso fosse coisa simples. Nenhum passageiro da Panair ficou no chão: naquela noite, os 707 da Varig partiram para a Europa voando nas rotas da Panair.

Uma empresa foi quebrada pelo poder concedente em benefício de outra. Eram os anos críticos da ditadura e os executivos da Panair não tiveram a quem se queixar. Cinco mil trabalhadores perderam seus empregos e muitos deles a razão de viver. A justiça tardou, mas não falhou. Aos 14 dias de dezembro de 1984, os herdeiros da massa falida da Panair ganharam, embora tardiamente, a ação movida contra o Governo: a falência foi considerada pelo Supremo Tribunal como fraudulenta e a União condenada a ressarcir a Panair.

Ressarcir como? Não há bem material capaz de pagar pelas experiências tão duramente extirpadas da alma da empresa e de seus funcionários. Mesmo assim, a sentença foi clara: os herdeiros poderiam até retomar da Varig as rotas usurpadas.

A Panair foi morta. A livre iniciativa e a competição de mercado, alicerces de uma sociedade livre, plural e capitalista foram massacradas naquela tarde de fevereiro. Sobreviveram os funcionários da empresa, reunidos até hoje em encontros anuais da Família Panair. Sobreviveram alguns aviões, operados pela própria Varig e Cruzeiro até 1975. Mas naquela quarta-feira de fevereiro de 1965, morreu a inocência. Morreu uma geração de aviadores. Morreu o Padrão Panair.

Fontes:

• Baseado no texto de Gianfranco Beting publicado no site:
http://www.jetsite.com.br/• Efemérides Aeronáuticas Brasileiras – Centro de Relações Públicas do Ministério da Aeronáutica – 1959.
Disponível em:
http://www.proflight.com.br/historias_panair.htm

Seu Ramiro Maia - Esse pai o Crato conheceu por mais de cem anos

As mãos do meu pai


As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...

(Mario Quintana)

* Esse anjo viveu entre nós mais de cem anos.
* Foto : Seu Ramiro e filhas ( Terezinha e Ismênia Maia)

´Projeto Água pra que te quero!- Nívia Uchôa


Real Aeronorte pousando no Crato - José do Vale Feitosa


O cariri cearense faz parte da história nacional desde o século XIX. Aliás, isso quer dizer que desde sempre, uma vez que o nacional brasileiro só passou a existir de fato neste século. Em outras palavras o que era nacional e fazia parte da evolução histórica do mundo sempre esteve presente na região. Independente de no início a cidade do Crato ser muito acanhada, também o era o império brasileiro inteiro. Então o fato é sempre estivemos pari passu com a dinâmica do mundo. O que surpreende não é o fato, mas a geografia onde tal ocorria. O cariri fica no centro do hinterland nordestino (assim a chamava Padre Gomes) distante do arco do litoral do qual se afasta na média de 650 quilômetros ou mais.

Os modernos meios de transporte, como o trem e caminhões, facilitaram enormemente este papel da região. A avidez por meios rápidos foi total. Nada diferente do que ocorreu em todas as populações do século XX, mas de muito maior significado, foi o advento do avião, das fabricantes dos mesmos e a conseqüente aviação comercial e militar. Até hoje ainda repercute na cidade do Crato o histórico do seu filho Brigadeiro Zé Macedo, dada a importância que teve no nosso imaginário tanto subjetivo como objetivo (algo que considerar sobre o bombardeio aos retirantes do Caldeirão?). Mas o tema mesmo é o avião e sendo avião fazer um guisado composto de memória e pesquisa.

Gledson, sua vírgula de barba sob o lábio inferior. A camioneta, ou sopa, ou o que nome se tenha, que era exclusivamente para idas e vindas ao Aeroporto Nossa Senhora de Fátima bem no cimo da chapada do Araripe. Isso numa época em que as chuvas atolavam os veículos que pretendiam subir a ladeira das guaribas. Quem há de esquecer a freqüência com que Cândido Figueiredo, magro, risonho, alegre com a vida, subia até o aeroporto para pegar mercadoria. Pois bem, Cândido é responsável pelo maior mito automobilístico que até hoje guardo: um Cadilac Rabo de Peixe, conversível, verde claro. E aí João que furo nos demos, porque não conseguimos guardar até hoje aquele carro do teu pai? Você não teria fotos do mesmo? Envie para o Dihelson que ele publica neste tapete persa em que se tornou a rede do blog do Crato. Mas o Dihelson é isso mesmo: tem mania de grandeza como o Crato.

Aos mais antigos que eu e meus contemporâneos sabe o que me veio na memória? O Coringa da Real Aerovias e depois Real Aeronorte posto bem na frente da aeronave. O símbolo da companhia era um corcunda que eu não associava ao baralho, remetia-me ao romance de Victo Hugo. Dizem que o coringa se originou de duas lendas: uma em que um dos fundadores da Real e sua verdadeira alma, o comandante Lineu Gomes, ex-piloto da TACA, gostava de jogar baralho e o coringa valia qualquer coisa, era a sorte no baralho. Ele teria comprado a primeira aeronave da companhia no carteado. Mas outra versão há que o coringa era uma referência a um funcionário corcunda da empresa que era uma espécie de mascote da sorte do próprio Lineu.

A Real teve uma história não muito longa: durou 14 anos, de 1946 até 1960. Aliás, esta é a natureza das companhias aéreas: quantas gigantes não já sucumbiram nos últimos 60 anos? No entanto sua história é fantástica: chegou a ter em sua frota 116 aeronaves, sendo classificada pela IATA na sétima posição do ranking mundial. A empresa se expandiu comprando outras e se associando a gigantes, terminando por formar um consórcio sob a bandeira dela. Ela é uma das primeiras empresas brasileiras a de fato fazer rotas internacionais regulares, como Miami e Chicago no ano de 1956. Foi uma aviação pioneira na travessia do Pacífico, quando recebeu quatro Constellations, inaugurou um vôo para o Japão, isso numa época em que se voava naquela imensidão sem horizontes com um sextante e fazendo duas escalas a partir dos EUA: Honolulu e Ilha Wake.

A Real também foi a primeira a ter vôos regulares para Brasília ainda em sua fase de construção (1957). Chega o ano de 1960, a companhia comemora seu aniversário com cifras impressionantes: 12 milhões de passageiros transportados, rotas para sete países e uma das melhores estruturas do país (escola própria para formação de suas equipes, mais de um milhão de horas voadas etc.). Neste ano três desastres abalam a empresa. O primeiro deles ocorreu em fevereiro, uma aeronave vinda de Campos no Estado Rio de Janeiro choca-se com um avião militar americano que vinha de Buenos Aires para o Galeão. Morrem 26 pessoas na aeronave da Real e 35 no avião americano. A investigação da Aeronáutica apontou que a culpa teria sido do piloto americano, mas a investigação independente da US Navy culpou as condições de controle do tráfico aéreo brasileira, eximindo os dois pilotos. Esta história faz parte das referências primeiras para o exame do recente desastre da Gol.

Em junho de 1960 uma aeronave Convair 340 da Real realizando uma aproximação noturna do aeroporto Santos Dumont no Rio, chocou-se com o mar, morrendo 49 passageiros e 4 tripulantes. Este faz parte dos grandes desastres em número de vítimas da aviação comercial brasileira no século XX. Não tive como comprovar, foi impossível achar a lista de passageiros, mas acho que neste acidente morreu um comerciante do Crato, cujo nome me foge à memória agora, o qual era dono de um posto de gasolina Texaco bem no final da rua da Vala. O terceiro acidente foi na Serra do Cachimbo no Pará, numa rota entre Manaus e Cuiabá, quando o avião começou a perder altura, a tripulação ainda jogou a carga fora, mas não conseguiu evitar o choque com a serra.

A Real é vendida por mais de dois bilhões de cruzeiros para a VARIG numa transação que envolveria "forças ocultas", as mesmas que logo a seguir estariam na renúncia do Presidente Jânio Quadros segundo explicações dele mesmo. A transação de compra foi rápida e VARIG assumiu toda a malha e as aeronaves e logo os cratenses começaram a observar nova bandeira comercial em seu aeroporto. Aquilo também marcou a transitoriedade das empresas filhas dos homens e como eles mortais: Lineu Gomes estava no fim da vida.


*"José do Vale Pinheiro Feitosa – nascido na cidade de Crato, Ceará, no dia 21 de dezembro de 1948, morando no Rio de Janeiro há 34 anos. Médico do Ministério da Saúde. Publicou o Romance Paracuru em 2003. Assina matérias em alguns blogs e jornais. Em literatura agita crônicas, contos, poesia e ensaios de temas variados. Gosta de pintar e tem alguns trabalhos de escultura."

É impressionante a quantidade de textos do escritor José do Vale, espalhados com propriedade, no universo virtual.

Sua presença entre nós tem sido assídua ( não podemos nos queixar), mas toda vez que me deparo com ele por aí, sinto vontade de trazê-lo para cá.

Umas das grandes surpresas foi saber que ele ,além de escritor, membro do Instituto Cultural do Cariri , desde o dia 27.10.2007, possue outras habilidades artísticas.

Um dia, essa entrevista unilateral ficará mais completa . Sei que é pai , que tem com Tereza ( sua esposa) uma filha chamada Renata. E Sofia ( sua neta ) será filha da Renata ?


Quem puder acrescentar dados, por favor, que o faça !

Esse moço é do nosso interesse - patrimônio cultural do Crato !

Homenagem a um PAI (inclusive às mulheres que são Mães e Pais.)

Anita D Cambuim

Mais que pai, és amigo...

ao teu lado, nunca temi o perigo.

És mais que pai, és abrigo...

Mais que pai, és bom motivo

pra voltar ao lar que edificaste,

onde nutro o corpo, o coração e o Ser.

Pai, orgulho-me de ter a tua herança.

Serei, eu sei, tua eterna criança,

mas hei de dar-te tanto orgulho,

pois, o que semeaste em mim,

meu pai por certo frutificará!

A origem da minha espécie

Filho das palavras que truncam
Dos risos negados
Das regras que burlam
O que me foi tão negado

Filho das putas que gozam
Filho das rosas nos prados
Das lâminas das facas que podam
O que outrora foi sonhado

Filho de um câncer que come
Os nervos feitos d'aço
Filho da coragem que some
Filho das chagas e do cansaço

Venho da utopia mais rala
De quimeras medonhas
Ergo com a força motriz de quem sonha
E da placenta do impossível renasço.

Imagem:Marcos Moreno
Site: http://br.olhares.com/bebe_del_desierto_foto2637692.html

Ninguém pode dizer: CORONEL DE MERDA por José do Vale Pinheiro Feitosa

Fiz esta mesma postagem em dois outros blogs da região. Aqui me explico. A troca de insultos entre Renan Calheiros e Tasso Jereissati igualam os dois ao mais comum das brigas de bairro. Quando a sociedade observa que tudo afinal é mentira, que os educados também no desespero dizem coisas impróprias, recai sobre todos a mesma sensação. O ser humano no desespero é capaz de tudo para se defender. E o povo dos bairros, o povo pobre, humilhado, chamado pela classe média cearense de "mundiça" vive no desespero, igual estavam os dois senadores. Esta introdução quebra um pouco o ritmo do texto, portanto a partir de agora leia como se fosse um outro texto.



Esta é velha que só a Serra do Araripe. Ninguém na rua Dr. João Pessoa teria coragem de soltar um palavrão com todos os decibéis possíveis em cordas vocais humanas. Ninguém mesmo. Nem o mais valente dos valentes. Mas driblavam. A sociedade é cínica e corajosa ao mesmo tempo. Leva-se a sério a ponto de matar, mas nem vira a página e já está na esculhambação.

Quem se lembra de Antônio Corninho (Cornin)? Era escalado pela sociedade séria do Crato para soltar palavrões na João Pessoa. Então qual era o motivo de quem o enfurecia. Ouvir os palavrões de todos os tamanhos e qualidade. As mulheres de família, as meninas virgens, os irmão de São Vicente ouviam tudo num silêncio de aceitação da loucura. Afinal todos eram simultaneamente e não eram. O quê? Loucos e Machado de Assis tinha dito. O Alienista.

Agora veja vocês aquela porcariada toda no plenário do Senado e alguém chamou o outro de CORONEL DE MERDA e pronto a república vai cair. Os jornais tiveram a desculpa para repetir a expressão por todos os lugares da notícia. Já chamaram o caminhão de secar fossa para levar o material fecal até a mesa da Comissão de Ética.

Mas chamar o homem de CORONEL pode, não pode é adjetivar: excremento, fezes. Quem iria rebaixar o coronel com tantos serviços na folha corrida em favor da humanidade? Especialmente em prol daquele povinho para o qual costumam usar a derivação de sentido do vocábulo em julgamento ético: acúmulo de lixo; sujeira, imundícia, porcaria, sujidade?

Mas a defesa do agressor pode recorrer ao dicionário. Vá lá que no calor da discussão ele apenas quis dizer que aquela postura e argumento eram do coronel dizendo: coisa desprezível, sem valor, porcaria. E então a defesa do Coronel pode na mesma tábua dos significados repetir que o agressor usou o termo no sentido de caracterizar o coronel como “coisa insignificantes, que não presta para coisa alguma”. E isso o coronel não aceitará, pois ela já nasceu melhor que os outros, tem até jatinho para ficar mais perto do céu.

Mas como o cinismo é a substância desta melopéia fétida, o que diz a defesa: aquilo foi apenas uma “expressão de raiva, desprezo, impaciência, irritação, decepção, indignação, desespero”. Agora os agressores e agredidos permanecem no melhor compartimento da nave brasileira. Afinal, lembra a defesa, tudo aqui é teatral. Tudo recorda o palco, no momento em que os atores vão para a difícil cena da vida e para exprimirem desejo de boa sorte a todos gritam: MERDA. MERDA.

Caiu na Rede - Cora Rónai





CAIU NA REDE por Cora Rónai


Este livro da escritora e jornalista Cora Rónai é uma coletânea dos melhores textos apócrifos - de autoria falsa - da internet. São clássicos da web sobre amor, fama e poder. O resultado é um divertido esclarecimento sobre autoria e plágio em tempos de tecnologia digital.

158 páginas
http://books.google.com.br/books?id=XSyzNALqVQIC&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0#v=onepage&q=&f=false

Abaixo temos uma matéria sobre o livro Caiu na Rede, de Cora Rónai, no programa Mais Você, de Ana Maria Braga, com participação de Rosana Hermann



http://www.youtube.com/watch?v=ErzzAyIUIEo



Crônica do Kledir Ramil sobre "Caiu na rede"


A escritora e jornalista Cora Rónai acaba de lançar um livro interessante chamado Caiu na Rede, onde coloca os pingos nos is e esclarece a verdadeira autoria de certos textos que circulam pela internet.Dentre eles está incluído o meu Tipo Assim, um dos campeões de circulação, que se transformou em um "clássico" assinado por Luis Fernando Veríssimo.


Tipo Assim é de 2003 e dá título ao meu primeiro livro de crônicas. Tenho recebido meu próprio texto, de várias partes do Brasil, assinado pelo mestre Veríssimo. Inclusive em arquivos Power Point, com música e ilustrações bonitas.Alguns amigos e admiradores me escrevem indignados com tudo isso e já criaram até uma comunidade no Orkut. Na tentativa de desfazer o equívoco, criam novas mensagens e fazem circular para que a autoria seja devidamente creditada.


Fico agradecido pela iniciativa e pelo carinho. De minha parte, não esquento muito a cabeça, pois já estou acostumado a ser confundido com outro. Durante minha vida inteira a história se repete. Por mais que eu tente explicar, ninguém aprende quem é o Kleiton e quem é o Kledir. E tem até gente que pensa que somos colados um no outro.Como foi no dia do casamento do Kleiton, quando o padre perguntou pra noiva:Luciana, aceita casar com Kleiton & Kledir?

Quando eu era criança, lá no sul, havia uma brincadeira chamada telefone sem fio. Não, não estou falando de celular. Telefone sem fio era uma brincadeira de rua, onde um grupo de crianças ficava passando mensagens faladas, de um para o outro. O primeiro criava uma frase, dizia baixinho no ouvido do segundo, esse por sua vez repetia para o terceiro e assim por diante até chegar ao último da fila, que então falava em voz alta o que havia sobrado da mensagem.A diversão era exatamente essa, comparar a frase inicial com a bobagem em que ela havia se transformado após atravessar todos os obstáculos intermediários. Desde interferências reais, como problemas de audição, até contribuições voluntárias, como trocadilhos e piadinhas sem graça.


Hoje em dia vejo essas mensagens que circulam pela internet, sem autoria correta, um pouco como esse antigo telefone sem fio. Alguém pescou uma idéia, mexeu um pouco e passou adiante.

Aí vem um e cola uma figura. Outro corta um parágrafo e acrescenta uma gracinha. Muitas vezes o que chega ao destinatário é um monstrengo literário, um texto Frankstein, sem pai nem mãe, pois ninguém é louco de querer assumir a paternidade de um negócio desses.

No caso do meu Tipo Assim, até que o texto se manteve mais ou menos fiel ao original. Apenas mexeram em alguns detalhes e acrescentaram um pedaço de uma outra crônica de minha autoria, que não altera o espírito da coisa, apenas o ritmo da narrativa.Ah sim, e no final concluíram a obra com uma citação de Einstein.Da qual eu nunca ouvi falar e não posso garantir que seja verdadeira.Só Deus sabe!



http://livrocaiunarede.blogspot.com/




O legado de Euclides da Cunha - Extraído da revista CULT


Há cem anos, o Brasil perdia um dos maiores nomes de sua literatura

Walnice Nogueira Galvão


Quando nos abalançamos a avaliar o legado de Euclides da Cunha, logo nos defrontam alguns tropeços, derivados da amplitude de seus interesses e da impermanência de suas atividades. Espírito irrequieto e índole aventuresca, embora nem sempre lembrados quando se trata desse autor, são todavia traços marcantes na conformação não só de seu temperamento como de sua obra.

Vivendo e morrendo durante a vigência da belle époque, um rápido relance de sua época pode ajudar a entendê-lo. Esse período, que recobre a virada de século até a guerra de 1914, foi assinalado entre nós por uma intensa galomania. Tudo aqui seguia então o modelo francês. A reforma Pereira Passos, que urbanizou e modernizou o Rio de Janeiro, capital do país, foi executada conforme o paradigma da reforma Haussmann, de Paris.

Largas avenidas de traçado retilíneo, interrompidas regularmente por uma praça de que irradiavam, com palacetes formando o casario de frente, forçaram a semelhança. Publicavam-se matérias em francês nos principais jornais e revistas. Grã-finos, artistas e intelectuais buscavam Paris com frequência, como era o caso de Olavo Bilac, entre tantos outros. Vinham de Paris as modas do vestuário, os hábitos da elegância, os costumes da sociabilidade, mas também maneiras de pensar, os padrões estéticos e as novidades da ciência.


O anseio de conhecer o Brasil

De toda essa francesice, Euclides iria divergir, juntamente com uns poucos contemporâneos. Fizera seus estudos na Escola Militar, uma das mais avançadas instituições de ensino que já houve no país. Muitos ministros e parlamentares continuavam a dar aulas ali enquanto atendiam a seus mandatos, o que evidencia o prestígio da escola. Ali também se originaram algumas mentes privilegiadas, como Benjamin Constant, que seria, imediatamente após a proclamação da República, o primeiro ministro da Guerra e, em seguida, da Educação, autor da reforma de ensino republicana, seu mestre desde o colegial.

Entre os colegas, caberia lembrar Cândido Mariano Rondon, criador do indigenismo e do Serviço de Proteção aos Índios, que comandou a instalação das linhas de telégrafo que uniram o sul ao norte do país, através dos sertões. O que havia de comum neles todos era o projeto de conhecer e dar a conhecer o Brasil, o engajamento e o senso de missão. Assim, voltaram as costas para a Europa e buscaram decididamente a hinterlância.
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Foto:Acervo Academia Brasileira de Letras

Euclides da Cunha: Engajamento e senso de missão no projeto de conhecer o Brasil

Em mais de uma ocasião Euclides, que já em sua poesia juvenil manifestava ansiar pelos sertões, embrenhou-se pelo país adentro. Deixaria a farda para ser engenheiro de obras públicas do estado de São Paulo, profissão que exerceu enquanto residia em cidadezinhas do interior. Seu mais importante livro resultaria de uma incursão ao sertão da Bahia, quando foi fazer a cobertura da guerra de Canudos.

E mesmo mais tarde, já famoso e membro eleito da Academia Brasileira de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ainda viajou para a Amazônia, enfrentando as agruras de uma expedição que durou ao todo um ano e meio, após pleitear e obter junto ao barão do Rio Branco o cargo de presidente da comissão de reconhecimento do Alto Purus.

Euclides estava permanentemente descontente com sua situação atual e arrenegava dela, recomeçando o processo quando conseguia trocá-la por outra, para logo reiniciar as reclamações. É o que se pode observar nas tentativas malsucedidas de fazer carreira política ou de transferir-se para o magistério, algo que conseguiria apenas poucos meses antes de morrer.

Nota-se que o fio condutor de toda a sua obra, mais voltada para dentro do país do que para fora, tratado com constância, é o tema da viagem, em suas várias metamorfoses.

Pelo alcance, mas também pelo número de páginas que lhe deu mais espaço para desenvolver seus interesses, Os sertões é a obra em que seu talento culmina. Entretanto, não devem ficar na sombra os ensaios e artigos que escreveu ao longo da vida, intervindo constantemente no debate público: alguns são de fato notáveis.

Recolheu-os em Contrastes e confrontos e À margem da história. Nos dois volumes destacam-se os ensaios amazônicos, resultantes de sua excursão ao Alto Purus, em que produziu algumas das mais válidas reflexões que já se fizeram sobre a região, sua natureza e seus habitantes.


Diário de uma expedição

Foi integrado à última das quatro expedições da campanha de Canudos, na qualidade simultânea de enviado especial do jornal O Estado (então A Província) de S. Paulo e adido ao estado-maior do ministro da Guerra, que Euclides se tornaria testemunha ocular da campanha, enviando para o jornal a série de reportagens que levaria o título de "Diário de uma expedição".

O arraial calou-se, sem se render, a 5 de outubro de 1897, após ser incinerado mediante o lançamento de querosene e bombas de dinamite. Os últimos resistentes, tombados numa cova que servia de trincheira no largo das igrejas, não eram mais que quatro, dos quais dois homens, um velho e um menino. Sempre rememorado, esse final inglório tornou-se representativo daquela que foi uma guerra de extermínio contra uma população indefesa. Da experiência, resultaria seu livro mais reputado. Mas antes Euclides dedica-se a acumular uma notável gama de saberes para escrever Os sertões, consagrado ao resgate da memória daqueles que pereceram defendendo Canudos.

Sua indagação fundamental é esta: por que existiria esse tipo de fenômeno num país que acabara de dar dois gigantescos passos na direção do progresso, emancipando os escravos e derrubando a monarquia? Na ânsia de encontrar respostas, Euclides procederia a estudos sobre "A terra", que aparecem na primeira parte, interessado que ficou pela formação geológica da região, detendo-se na flora e na fauna, nos determinantes da seca endêmica naquelas paragens, na aridez de deserto que ali reina.

Na segunda parte, "O homem", o autor estuda as correntes de povoamento e as teorias da miscigenação para compreender a genealogia do sertanejo e analisar o conjunto de fatores que deu origem a um líder extraordinário como Antonio Conselheiro. O restante do livro é dedicado à luta, com base no que viu e anotou em suas cadernetas de campo, nas reportagens que fez como correspondente, mas também em materiais como o noticiário de outros jornais, as ordens do dia dos militares, os relatórios de governo.

Torturado, emocional, quase sempre grandiloquente, não é de leitura amena e reboa como o discurso de um tribuno. A lição principal que Euclides nos lega no que concerne a uma guerra fratricida e desnecessária é a admiração pelo esforço desenvolvido por populações carentes de tudo para criar novas formas de vida em comum. De um modo ou de outro, engendraram uma estrutura alternativa de poder que as subtraía ao mando de fazendeiros, padres e delegados de polícia - que encarnavam as autoridades máximas no sertão, representando a propriedade, a Igreja e as forças da repressão.

Com a guerra de Canudos, completa-se o processo de consolidação do regime republicano. Graças ao sacrifício dos conselheiristas, exorcizou-se o espectro de uma eventual restauração monárquica. O papel que esse livro teve na história e na cultura brasileira foi fundamental. A opinião do país estava abalada por ter incorrido num equívoco, escancarando sua sanha sanguinária contra um punhado de pobres, que não ameaçavam ninguém.

A manipulação a que fora sujeita, por parte das autoridades e dos jornais, ficou evidente, bem como o triste papel do Exército. As manifestações de desagravo aos canudenses espalharam-se pelo país e pelos setores sociais, mesmo aqueles inicialmente mais vociferantes.

De todo esse movimento da consciência nacional fez-se a súmula em Os sertões, que funcionou como um vasto mea culpa. Seu êxito imediato e duradouro mostra como os leitores se identificaram com a busca angustiosa de respostas e com o resgate do heroísmo dos canudenses. O livro, além da mais alta literatura, erigiu-se em monumento consagrado à memória de Canudos. Ainda hoje, constitui a peça maior do legado do escritor, na beleza de sua escrita, nos meandros de seus raciocínios e na paixão que expressa.

Pássaros e Homens.

Hoje levantei-me,saudei o novo dia e falei baixinho para ele ser aquele dia!
Fui até o jardim reverenciar as plantas,as flores ,a velha Acácia que está secando de tão
idosa,alguns pendões que em breve desabrocharão,senti o cheiro da grama ainda
verde......
Mas de repente vi algo que me deixou em desalento:um pássaro de penas
arroxeadas visivelmente sem vida pela a ação da minha gata Branquinha
que brincava com ele como se fosse um brinquedo lúdico.
Ai pensei:que paradoxo! Fauna destruindo fauna...Isso é mais comum nos
humanos.
Mas continuei minha contemplação à natureza que existe dentro do meu habitat
entre muros de cimento salpiscado. E me alegrei ao ver outros pequenos pássaros
cantando e vivendo,celebrando à vida, o universo e a continuação do existir.
E pensei nos pássaros pais e nos mesmos ainda filhotes.No carinho do casal
ovíparo ao preparar aos poucos(trazendo no bico) galhos secos para assim
construir o ninho de amor de seus futuros rebentos;suas crias.
E quando estão prontos para nascer,quebram aquela casca,
nascem indefesos e os pais os lançam para o primeiro vôo em direção
à liberdade,a maturidade.
O Pai humano não é tão diferente:recebem seus filhos,orienta-os e ama-os.
E esperam como os pássaros ,alçarem seus primeiros vôos rumo a independencia
e amadurecimento.
E continuando minha meditação e contemplação matinal,lembrei do dia dos Pais e
reverencio e parabenizo a todos pela grande chance que a vida lhes deu
de serem simplesmente mas apaixonadamente PAPAIS!!!
Los Padres el dia feliz!
Liduina Vilar.

Agorafobia provoca medo incontrolável e afeta segurança

http://yahoo.minhavida.com.br/materias/saude/Agorafobia+provoca+medo+incontrolavel+e+afeta+seguranca.mv

Mais do que uma crise de pânico, ela torna a pessoa dependente das outras

Buscar locais que tenham uma saída fácil, caso a situação necessite de uma fuga rápida, e evitar situações onde escapar seria algo difícil. Esses são dois sintomas característicos da agorafobia. O distúrbio é frequentemente confundido com a síndrome do pânico, que geralmente se manifesta por crises agudas de ansiedade sem que seja identificado o estímulo. Já a agorafobia torna a pessoa dependente das outras para tudo, já que sente medo de se ver em uma situação em que se depare com o medo. De acordo com a psicóloga Adriana de Araújo, especialista do MinhaVida, quem sofre do problema sente necessidade de ter sempre uma companhia por perto. "Dessa forma, a pessoa tem uma sensação de segurança", explica ela.



Como qualquer fobia, o medo de sentir medo pode oscilar desde o nível mais leve até o mais grave. O primeiro é aquele que não influencia diretamente o modo de viver da pessoa, assim, ela segue sua vida, realiza tarefas e participa de situações, apesar do medo. O nível mais grave é aquele que compromete ações diárias da pessoa, hábitos corriqueiros como sair de casa para ir à padaria viram um tormento. Medos por locais específicos, como túneis, são muito comuns em quem sofre de agorafobia. "Mas, normalmente, o medo de lugares menores está ligado à claustrofobia", explica a especialista.

Muita gente confunde a agorafobia com fobia social. No entanto, como explica a psicóloga, são situações completamente diferentes. "Enquanto a fobia social é ligada ao medo das pessoas, de exposição, críticas, a agorafobia é a falta de opções para encontrar uma saída, caso precise de uma", completa a especialista.

As pessoas mais próximas de quem sofre de agorafobia também são atingidas pela situação. Quando a pessoa demonstra precisar de companhia, há aqueles que acompanham e ajudam a pessoa que tem medo, mas também existe o grupo que não entende a doença. É aí que surgem efeitos em quem sente medo por conta da relação conflituosa com pessoas próximas. Segundo a psicóloga, aparece o sofrimento, a insegurança e a falta de confiança em si próprio. "Ser independente e livre do medo é fundamental para o bem-estar emocional", completa a especialista.

Assim que for identificado qualquer tipo de medo, a busca por um especialista é imprescindível. Como salienta Adriana de Araújo, o medo pode aumentar e prejudicar o controle emocional . "Uma vez que o medo é criado através de reforço, pode ficar mais intenso se não for tratado, prejudicando ações do indivíduo", comenta a psicóloga.


Tratamentos
Diante de um diagnóstico, o especialista apresentará as possibilidades de tratamento. "A técnica deve estimular a superação e o desbloqueio do medo", explica Adriana de Araújo. Pode-se fazer uso de exercícios específicos que estimulam a superação do medo, além de métodos como hipnose terapêutica, EMDR, PNL e o novo código da PNL. "Essas são técnicas modernas e de rápida ação na mudança do comportamento humano", completa a especialista.


EMDR (Dessensibilizaçao e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares)
Método desenvolvido na década de 1980, nos Estados Unidos, pela psicóloga Francine Shapiro. Uma pessoa emocionalmente alterada encontra dificuldades para processar informações e, por conta disso, a lembrança de um trauma se torna perturbadora. Durante uma sessão de EMDR, o cérebro é estimulado enquanto o paciente se concentra na situação que o aflige. A partir daí, o terapeuta faz movimentos circulares com o dedo diante da face do paciente e pede que ele os siga com os olhos enquanto mantém o pensamento no que o deixa angustiado Esses movimentos oculares são repetidos até que a concentração dispensada pelo paciente ao problema se disperse e ele comece a associar a situação a outros tipos de pensamentos, como "estou bem sendo eu mesmo".

PNL (Programação Neurolinguística)
Técnica desenvolvida na década de 1970 por John Grinder e Richard Bandler. Baseia-se na criação de estruturas para os processos inconscientes que formam a base da comunicação das pessoas. É o estudo da relação que criamos entre pensamentos, sentimentos, emoções e a forma como eles interagem com a comunicação com outras pessoas, desfazendo associações que causam sofrimento.

A Poesia de Geraldo Urano

( foto de Luiz Carlos Salatiel)

"era uma manhã com nuvens de pássaros
e árvores floridas
uma manhã musicada pela brisa
e as flores respondiam aos sorrisos
e os pássaros se aproximavam da gente
e a manhã era um pássaro
voando na felicidade da gente
e a gente tinha vida no verde das árvores
e nenhuma palavra feria o sol ou as nuvens
e a gente tinha aroma nas flores de toda cor
e a manhã era aroma e tu tão cheirosa
e teus cabelos em longos cachos
como cachos de luz dourada
e a luz do sol fazia o seu trabalho
na pele da gente na terra maciana
água brilhosa dos riachos
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ela tinha olhos roxos
morava numa casa de barro
ela era um pássaro do outro mundo
que lia os meus pensamentos
eu lhe dizia
baby
até quando isso?
a resposta
era um sorriso misterioso
como a alma dos montes nevados

um dia a procurei
e não a encontrei
e eu nunca mais fui o mesmo
a casa de barro ainda está lá
frágil
mas que aguentou
todos aqueles dias de paixão
paixão roxa
da cor dos olhos dela


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a vida é cheia de graça, maria
o teu vestido danada
onde tu lavas os pés, maria
sou capaz de beber a água

a lua sobre a estrada
brilhando na tua cara
por onde tu vais, Maria
eu boto as minhas pegadas

a tinta dos teus olhos
tem um gostinho de céu
dê só uma oiadinha
pra esse teu menestrel


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naquele dia você disse
que eu era a sua diversão
foi só uma brincadeira sua
mas não diga de novo não
use uma lente de aumento
se o seu óculos
não estiver mais servindo
se é porque eu não leio muito livros
eu vejo tudo no vento...


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te esquecer por um instante
é como a morte
sorte mortadela
vênus enlatada
minha cabeça ilusione
minha canção de amore
se morreres também morro
ah tu podes abrir
o meu coração de lata
eu sou um boneco
envivecido por teus lábios
minha cabeça ilusione
minha canção de amore
sorte mortadela
vênus enlatada

mas tu podes abrir

o meu coração de lata "


(Geraldo Urano)