1950: após a “hecatombe” da segunda grande guerra mundial, o mundo tenta paulatinamente voltar à normalidade, “entrar nos eixos”, seguir avante; e nada como, em uma das frentes, valer-se da popularidade de um esporte praticado em todo o planeta, o futebol, visando atingir o desiderato. Assim, retomado, realiza-se no Brasil o Campeonato Mundial de Futebol, da Fifa. Arrasadora, a seleção nacional, comandada pelos “mágicos” jogadores Ademir e Zizinho, literalmente trucida quem encontra pela frente; na partida final, entretanto, ante um estádio do Maracanã novinho em folha, abarrotado por cerca de 200 mil pessoas, baqueia ante a modesta e pragmática seleção uruguaia; 2 x 1 o placar final.
1954: tida e havida merecidamente como um verdadeiro rolo compressor a aniquilar quem encontra no caminho, a máquina húngara de jogar futebol, comandada pelo extraordinário Puskas, que disputou a Copa do Mundo da Fifa, nem por isso, ao final, constou como um dos campeões do seleto panteão daquela entidade; quem lá inscreveu seu nome como campeão mundial daquele ano foi a pragmática seleção alemã; placar final, 3 x 2.
1982: após faturar três títulos mundiais (o bicampeonato em 1958-1962 e um outro em 1970) e sempre figurar como potencial candidato a novas conquistas, o afoito e decantado “futebol-espetáculo” do Brasil, comandado pelo sisudo treinador Telê Santana e operacionalizado no campo por Sócrates, Falcão e companhia, fica pelo caminho ao postar-se de joelhos, antes mesmo da final, ao soçobrar (afundar) ante a pragmática seleção italiana; placar final do jogo: 3 x 2.
E assim, embora tenhamos retomado o ciclo de conquistas em 1994 e 2002, nem por isso devemos ser considerado "penta”, como insiste em “pavonear” a corrupta e parcial mídia esportiva tupiniquim, já que vencedor em edições intervaladas: afinal, se assim fosse, como “batizar” um time que ganha 39 edições de um campeonato regional, não seguidamente, como o Ceará Sporting, por exemplo ???
2010: faltando pouco mais de uma semana para a seleção nacional adentrar os gramados da África do Sul à busca de conquistar o seu sexto título mundial (que, lembremo-nos, não tem anda a ver como o tal “hexa”, como querem nos enfiar goela abaixo) de novo o “país do futebol” inspira, pulula, transpira, vive e respira a magia do futebol; nas ruas, esquinas, bares, motéis, igrejas, academias, universidades, santuários e sodalícios da vida, as cores verde e amarelo pontificam e são exibidas com orgulho. Todos nós, até mesmo aqueles poucos que não se identificam com o futebol, participamos e nos deixamos envolver pelo “clima”, pela expectativa, pelo desejo de que os nossos jogadores consigam o almejado título.
À borda do gramado, a comandar os nossos atletas, estará o antipático treinador Dunga, ex-esforçado e guerreiro jogador-capitão da seleção, que representa, na essência, o puro pragmatismo; pra começo de conversa, cortou todos os privilégios até então dispensados à Rede Globo de Televisão, ao retirar a exclusividade de atuação junto aos jogadores e proibir a livre circulação dos seus repórteres na concentração; depois, ignorou solenemente o lobby dos “doutores” da crônica esportiva tupiniquim, ao deixar de fora da convocação “medalhões” e inveterados farristas freqüentadores da noite (Ronaldo Gorducho, Ronaldo Gaúcho, Adriano, Roberto Carlos, além de outros “queridinhos” da mídia, mas sem nenhuma experiência internacional na seleção, como o tal Ganso e Neimar, dentre outros); assim, os convocados são praticamente os mesmos com os quais sempre trabalhou e que lhe apresentaram satisfatórios resultados.
Em resposta às críticas de que “sua” seleção joga feio, esgrime com orgulho uma “folha-corrida” onde constam diversas conquistas num espaço relativamente curto, tais quais a Copa América, Copa das Confederações e por aí vai, além das seguidas, gostosas e convincentes vitórias nos confrontos com o nosso maior rival continental, a Argentina.
As cartas estão postas à mesa; o jogo vai começar pra valer e o país praticamente parar (durante os dias de jogos da seleção). Independentemente do resultado final, preparemo-nos para ver nos gramados africanos uma seleção brasileira com a cara do seu treinador: frio, calculista, ranzinza, pragmático até a medula. Tomara que vitoriosa.
Traremos o “caneco” e com ele o reconhecimento e “coroação” definitivos de Dunga como um treinador competente-eficiente ??? Ou o “pragmatismo” futebolístico de Dunga o levará a exilar-se compulsoriamente nos confins do universo ???
Façam suas apostas.