Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Maria Callas



Maria Callas (Nova Iorque, 2 de dezembro de 1923 — Paris, 16 de setembro de 1977) foi uma cantora lírica americana de ascendência grega, considerada a maior celebridade da Ópera no século XX e a maior soprano de todos os tempos. Apesar de também famosa pela sua vida pessoal, o seu legado mais duradouro deve-se ao impulso a um novo estilo de atuação nas produções operísticas, à raridade e distintividade de seu tipo de voz e ao resgate de óperas há muito esquecidas do bel canto, estreladas por ela.


MÍNIMAS...



Chuva de verão
Menina na janela
Com água nos olhos.
No laço do vento
Desliza o momento
A tela e a tinta.
Manhã luminosa
Esconde a lua
Engole as estrelas
Vento serpenteia
Sonho se esconde
Atrás da vidraça


Claude Bloc
Diáspora
- Claude Bloc -

Dia limpo
Estrada a fora
Aflora a luz
O som, a cor
A melodia...
Diáspora

Claude Bloc

Maria La o







Maria la o
Caetano Veloso

mulata infeliz tu vida acabó
de risa y guaracha se ha roto el bongó
que oias ayer temblando de amor
y con ilusión junto a un hombre cruel

su amor ya se fue de mi corazón
que hoy ya la aborrece porque mi pasión
que hirió su traición yan tan solo es
sed de verlo al fin tendido a mis pies

maría la o ya no más cantar
maría la O hora es de llorar
de tus besos, que tan fugaz ya voló

maría la O toso se acabó
tu amor ya se fue de tu corazón
y jamás él volverá
maría la O sueña en morir

Uma pérola da MPB


A Volta
Roberto Menescal
Composição: Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli

Quero ouvir a sua voz,
E quero que a canção seja você,
E quero, em cada vez que espero,
Desesperar, se não te vir,
É triste a solidão,
É longe o não te achar,
Que lindo é o seu perdão,
Que festa é o seu voltar,
Mas quero que você me fale,
Que você me cale,
Caso eu perguntar,
Se o que a faz tão linda,
Foi sua pressa de voltar,
Levanta e vem correndo,
Me abraça e sem sofrer,
Me beija longamente,
O quanto a solidão precisa para morrer.

Carta ao Tom 2010 - José do Vale Pinheiro Feitosa



LIGUE A MÚSICA E LEIA O TEXTO


Pois bem, confesso. É um amor mais longínquo que minha própria vida. Pode ser ouvida uma modinha, o casco dos cavalos nas pedras de tuas ruas curvas, tuas ladeiras, as montanhas que se espremem logo na borda para demarcar os limites da planície do mar. Pode acontecer entre o século XVIII e XXI que sempre sentirei saudades.

Quantas vezes, após alguns copos de cerveja, desci o morro cantando, atravessei o túnel da Rua Alice e tive a alegria de estar vivo com os olhos abertos para a Baia da Guanabara. O Corcovado feito manta entre outros morros, uma floresta que vem lá dos confins e se entranha bem aqui no meu peito.

O samba. É preciso ter vivido para compreendê-lo. Numa quadra de bloco, com um panelão de feijoada num sábado e no outro um mocotó com pimenta malagueta, para fazer fogo com a pinga que canta feito um tamborim, um reco-reco de ritmo ou um poema de cavaquinho.

E teus mitos. Paulinho da Viola, João do Vale (mesmo maranhense), João Nogueira, Monarco, tantos mitos que nenhuma quadra de Escola tem o dom de definir. Eles estão muito além do piso, mesmo quando ecoam na cobertura de zinco, é na abóbada do céu que os sons se entremeiam nos vales. Tantos e vários tamanhos que nem sei quantos.

O Angu do Gomes, um lenço na mão para tocar com veludo a palma da dama na Estudantina. Os tempos de arrebenta balão da lona do Circo Voador, a Lapa renascendo como a velha Itália compreendendo que era muito maior que suas ruínas imperiais.

As longas horas da música popular brasileira na Rádio JB. As meninas ousadas como Angêla Rorô, os encantos de novidades em tantas canções que nem Eduardo Dussek conseguiu domar toda a ironia. Mas não esqueça que por aqui passava a onda globalizada do Rock e a Rádio Fluminense, lá do outro lado da Baía, em Niterói dizia muito mais que muitos ouvidos para ouvi-la. E a Mundial, quem não lembra do precoce Big Boy falando do Bem, um restaurante de São Conrado onde um dia dançamos o Charleston com uma big band de primeira.

A praia, o Pier, Copacabana e as asas deltas de São Conrado. Os meninos nascendo, Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo e o Pontal do Atalaia para um Por de Sol tão panorâmico ao qual até o sol estava embaixo. Eu realmente amo esta terra.

Mesmo quando falo em alma, não a imagino no etéreo mundo dos espíritos. Sempre atravessando estas serras, estes montes, as ruas irregulares, este modo de amar maior que tudo que tem fim. Não se pode amar como finalidade. O amor é o meio pelo qual a vida se realiza como chama que acende por natureza.

O Rio de Janeiro, esta terra que não empresto, não dou e nem troco. Não é mercadoria e nem objeto. È um tudo de vida e andar. Um muito que conclui o quanto se pode amar tantas outras mais chamas diferentes. Inclusive meu vale de origem e as dunas brancas do Ceará.

As folhas que o vento leva são retalhos da nossa alma - José do Vale Pinheiro Feitosa



A Stela Siebra andou relembrando a Serra da Boa Esperança, indo ao fundo da nossa alma interiorana. Profundamente interior, no sentido exato da palavra em oposição a este exterior que tudo mudo, do exarcebado individualismo. Ao ouvir a lembrança da Stela logo me veio à memória uma das canções brasileiras mais belas e mais cantada por sopranos, tenores e barítonos. A música é do genial Jayme Ovalle e a letra de um poeta maduro, capaz de laudas de canto e de sínteses como esta. A música é AZULÃO com letra de Manoel Bandeira:

Aqui interpretada por Isabel Bayrakdarian (soprano nascida no Líbano de família armênia, e cidadã canadense)

Vai, Azulão, Azulão
Companheiro, vai
Vai ver minha ingrata
Diz que sem ela o sertão
Não é mais sertão
Ai voa, Azulão, vai contar
Companheiro, vai





Aproveitei para mostrar como a música de Jayme Ovalle é objeto dos grandes do canto, trouxe esta versão pelo barítono francês Gerard Souzay.

A outra lembrança que a Stela desperta é GUACIRA, aqui na voz de Orlando Silva. Uma canção tão bela quanto a FELICIDADE do Lupicínio Rodrigues. Música de Hekel Tavares e Joracy Camargo. Vejam só que letra mais flor perfumada:

Adeus, Guacira, meu pedacinho de terra,
Meu pé de serra que nem Deus sabe onde está.
Adeus, Guacira, onde a lua pequenina
Não encontra na colina
nem um lago pra se oiá.
Eu vou me embora, mas eu volto noutro dia
Virgem Maria também há de me ajudar.
E se ela não quiser, eu vou morrer cheio de fé,
pensando em ti.


AS 250 CRIANÇAS DE PEDRO ESMERALDO - José do Vale Pinheiro Feitosa

Vamos por partes para não criar problemas de conjunto. Numa destas viagens freqüentes entre o nordeste e o sudeste, tivemos a companhia de uma mãe com duas crianças com destino a Belém. Ela vinha da Alemanha, era casada e criava os filhos na fronteira com a Dinamarca. Na verdade o marido morava na Alemanha, mas trabalhava na Dinamarca e tinha direito de educar os filhos neste país.

O casal optara por educar os filhos numa escola dinamarquesa, ao invés da alemã, dado a relação professor aluno. Na Dinamarca cada sala de aula tinha seis a oito alunos, enquanto na Alemanha isso era mais que o dobro. Eles viam nesta concentração por sala uma vantagem relativa em termos de aprendizagem.

No Brasil esta questão foi objeto de aprovação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, definindo que o número máximo de alunos em turmas do ensino médio e dos quatro últimos anos do ensino fundamental não pode ultrapassar 35 alunos por turma. Já este número para os primeiros cinco anos do ensino fundamental seria limitado a 25 alunos.

Por qual razão abordo o assunto? É que houve uma abordagem salutar não desta questão especificamente, mas sobre o quantitativo de alunos necessários para a existência de uma escola. Salutar por que o assunto foi provocado pelo Pedro Esmeraldo em face do fechamento da escola Maria Amélia. E como tal foi respondido pelo Prefeito Samuel Araripe pelo menos no Blog do Cariri Agora por uma postagem do Dihelson Mendonça.

A primeira questão é que, democraticamente, o Prefeito do Crato ofereceu à sociedade uma visão de sua gestão de qual seja a viabilidade da existência de uma escola em termos do tamanho de alunos. Segundo o prefeito o próprio FUNDEB criou esta espécie de paradigma, qual seja uma escola não pode ter menos de 500 alunos sobre pena dr “ficar inviabilizada por conta da estrutura. Então, quanto mais alunos, melhor. Essa lei do FUNDEB é uma lei perfeita, então quanto mais alunos, mais recursos aquela escola recebe, e conseqüentemente, melhor estrutura.”

Isso é importante pela oportunidade dos munícipes levantar uma série de questões para a administração municipal. A primeira e mais básica é que não cabe ao cidadão a responsabilidade para encher uma escola com alunos como solicitou, politicamente, o prefeito a Pedro Esmeraldo. Este assunto é da gestão pública, mas cabe, como foi o caso, explicar por que a fechou e não a reabrirá.

A segunda questão é que permite levantar contradições, com base na realidade da ocupação territorial da população no município do Crato e confrontá-la contra o paradigma oriundo da forma de distribuição dos recursos do FUNDEB. Isso é particularmente verdade para comunidades pequenas, em que não se tenham quinhentas crianças ou mesmo as 250 pedidas para Pedrinho “gerar”. Qual será a política da prefeitura nestes casos: condução escolar, concentração territorial de alunos etc.?

Enfim Pedro Esmeraldo e Samuel Araripe abriram um debate salutar e cabe à sociedade desdobrá-lo com toda capacidade de argumentação e espírito público que se espera da construção de um futuro melhor para a cidade e seus cidadãos.

COMPOSITORES DO BRASIL


“Um homem de moral”...(Volta por cima)

PAULO VANZOLINI

Por Zé Nilton

Interessante o compositor Paulo Vanzolini. Aliou dois domínios como suportes de seu estar no mundo que para muitos são irreconciliáveis: a estúrdia (boêmia) com os estudos.

Ao longo de seus oitenta e seis anos manteve-se sempre fiel a essas duas formas de conhecimento: a música e a ciência. Grande compositor, renovador do samba paulista, o também médico e respeitado cientista com doutoramento em Zoologia, pela Universidade Harvard, Paulo Emílio Vanzolini. Faz bonito na música como o faz nas suas pesquisas e explanações sobre os insetos. Aliás, também é um dedicado pesquisador musical. Mostrou para o Brasil a riqueza da música do centro-oeste quando recolheu pérolas do folclore da região, como a regravadísssima “Cuitelinho” , entre outras.

Esteve na URCA tempos atrás. Vi-o, de cachimbo aceso, no centro de uma roda de novos professores-pesquisadores, baforando e fazendo gestos vibrantes na direção de seu colega de profissão, o nosso eminente prof. Waltércio Almeida.

Paulista de nascença, mas foi no Rio de Janeiro que aprendeu a fazer samba entre os intervalos de seus estudos universitários, nos anos de 1940.

Diferentemente de muitos, haja visto Noel Rosa, Chico Buarque, Tom Jobim, esse filho da classe média mostrou como é possível conciliar a poesia com a academia. Talvez o triunfo de Vanzolini deva-se a sua capacidade e sensibilidade na tradução das duas artes que se completam por estarem no mesmo plano da natureza. Tom Jobim sobrava nessa possibilidade mas preferiu só a poesia.

Vale a pena saber mais sobre Paulo Vanzolini como músico e cientista, a rede é pródiga.

Sobre sua obra musical falaremos um pouco do muito que produziu, nesta quinta-feira, entre 14 e 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri, no programa Compositores do Brasil, que há quase dois anos semanalmente destaca um compositor e sua obra, na perspectiva de atualizar a memória histórica da Música Popular Brasileira.

Na sequencia:

CUITELINHO, colhida por Paulo Vanzolini com Nara Leão
CAPOEIRA DO ARNALDO, de Paulo Vanzolini com Ary Lobo
O RATO ROEU A ROUPA DO REI DE ROMA, de Paulo Vanzolini com Paulo Vanzolini
CHORAVA NO MEIO DA RUA, de Paulo Vanzolini com Cristina Buarque
NA BOCA DA NOITE, de Paulo Vanzolini e Toquinho com Toquinho
SAMBA ERUDITO, de Paulo Vanzolini com Paulo Vanzolini
BANDEIRA DE GUERRA, de Paulo Vanzolini com Paulinho da Viola
AMOR DE TRAPO, de Paulo Vanzolini com Os Demônios da Garoa
MARIA QUE NINGUÉM QUERIA, de Paulo Vanzolini com Nelson Gonçalves
PRAÇA CLÓVIS, de Paulo Vanzolini com Chico Buarque
VOLTA POR CIMA, de Paulo Vanzolini com Maurici Moura
RONDA, de Paulo Vanzolini com Márcia

Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducaroradocariri.com)
Todas as quintas de 14 as 15 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Operador high tech: Iderval Dias
Direção Geral: Dr. Geraldo Correia Braga

Amigo por João Marni de Figueiredo


Palavra que ouvimos à nossa mesa e além muros por nossos pais. Referência. Porto seguro. Um amigo se faz presente, não espera. Deseja, de coração, o melhor para seu amigo, e muitas vezes, é anônimo quando o acode. De testemunho, basta-lhe Deus. É desprendido quando diz: Tenhas a minha amizade e o meu amor; usa-os enquanto te faz bem. É um mestre na arte de ouvir e de falar. É incentivador, enxergando no outro apenas qualidades, sendo renegados os defeitos, por serem comuns demais. Não é vigilante como o fofoqueiro nem intrometido, mas atento. Um padrinho sem batismo. Não é como as bolhas do champanhe, mas o sabor: duradouro, memorável, inesquecível. Unanimidade na família. Que tudo de bom aconteça a ti e à tua família.

Um abraço a todos.

João marni

Hino Nacional Brasileiro - Myrlla Muniz

Festa na cratera da lua - Por Socorro Moreira



Era um dia frio de Junho, em Friburgo, próximo à Copa de 94.
A casa estava florida para esperar amigos.Uns já haviam chegado. O último convidado, o especial, chegaria naquele dia, e eu ultimava os últimos retoques na cara e na casa.Ele instalado no meu coração se instalara em todos os meus porta-retratos. Com o coração aos pulos dirigi-me à Rodoviária local, com vistas ao ônibus que chegaria de Brasília.
Impossível não enxerga-lo de cara. Era o mais alto dos passageiros que desciam. Uma pequena e graciosa mulher o acompanhava.
-Esta é Simone, minha parceira de viagem.
Controlei o brilho do olhar, fechando-lhe a cortina da alegria, mas consegui abrir o melhor dos meus sorrisos...Aquele de compreensão imediata!
Quando estacionei o carro em frente á minha casa, enquanto eles lidavam com as suas mochilas, corri e escondi todos os porta-retratos, que nos denunciavam.
Apertei o cinto, relaxei, e me dispus a viver uma aventura inesperada. Conviver estoicamente com o meu amor e a sua namorada. Botei cadeado nas expectativas amorosas, e entreguei-lhes o meu quarto de hóspedes.
A casa virou uma festa: música dança, fogueiras no quintal, bebidas e fartura de quitutes. Uma semana, numa cratera da lua!
Novamente sozinha, sentimentalmente repensada, aprendi que o coração sabe levar sustos nas chegadas e nas partidas. Não Morre disso.
Dias futuros viriam com Simone ou com Marias.
Reencontramos-nos na festa de Natal daquele ano.Brindamos a paz do amor universal. Nunca mais seríamos namorados, mas seríamos sempre um casal, se ele três anos depois não tivesse partido, em definitivo.
Fim de ano de 1987.
Festa nas estrelas, pra receber um grande artista. Choram Marias com ciúmes das estrelas piscantes e dançantes.
Pisca de lá uma lua. Eu repisco, na mesma linha, numa cumplicidade misteriosa.
Amores especiais vivem no etéreo. São visitas com rede sempre armada na nossa casa, mas as redes vivem num balanço solitário. Eles não ficam.

Pérolas dos Bastidores - Socorro Moreira

Exposto à luz
Inspira o anverso sem registro
A poesia é um sentimento

invisível
Nas entrelinhas ela caminha e treme
Só para se sair do círculo.


Socorro Moreira

Começou... - José Nilton Mariano Saraiva

Agora, é pra valer. Entramos, definitivamente, em guerra contra o tráfico. E em uma guerra não se mandam flores ao inimigo. Podemos até, magnanimamente, enviar-lhe, devidamente revestidas em papel de presente, bananas (de dinamite) ou chocolates (granadas), acionados à distância.
A reflexão acima tem a ver com o auê que algumas misericordiosas e compadecidas almas (aquelas, eternamente do contra) trataram de verbalizar em razão da utilização, por determinação do Governo Federal, de blindados das forças armadas quando da invasão da comunidade denominada Complexo do Alemão, no Rio (na realidade, um sem número de favelas conjugadas).
A justificativa, pífia, é sobre a presumível inconstitucionalidade de tal medida, porquanto às Forças Armadas estariam reservadas missões mais nobres, tal qual a defesa da pátria por possíveis invasores estrangeiros e, portanto, os seus componentes não estariam preparados para uma “guerra urbana”.
Pura má fé, desconhecimento das leis.
Se se dessem à tarefa de consultar a nossa Carta Magna, facilmente comprovariam que o seu Artigo 142, Título V, Capítulo II é definitivo e contundente, a respeito: “"Art. 142 - As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, À GARANTIA DOS PODERES CONSTITUCIONAIS E, POR INICIATIVA DE QUALQUER DESTES, DA LEI E DA ORDEM”.
Ou será que no Complexo do Alemão, Rocinha ou em qualquer outra comunidade onde os traficantes mandam e desmandam, a lei não é usurpada ??? O ir-e-vir do cidadão obstado ??? A ordem frontalmente desrespeitada ???
Ou será que a intenção sub-reptícia embutida em tais ações não é confrontar o Estado ??? Criar um poder paralelo ??? Impor regras outras ???
Deveriam, pois, esses pseudos-nacionalistas, arautos de uma pseudo-moralidade, absterem-se de esgrimir argumentos tão cretinos e babacas, tais quais os apresentados, que, na realidade, só beneficiam os que trafegam à margem das leis.
O resto é perfumaria barata. De quinta categoria.

Curtas - XIV - Aloísio

Verso:
Instrumento do poeta,
Que fica exposto
Sem mostrar seu rosto
Aloísio

Uma intérprete fantástica !

Esse clima de guerra me faz lembrar uma música, e um tempo, numa cidade chamada Friburgo.




Nosso Amor Ao Armagedon
Angela Rô Rô

Meu bombom,
Nosso amor ao Armagedon
Tanta seda, tanto chifon
Sem niguém desfilar
Desperdício não ter tempo pra todo vício
Nem ter ar para arfar e gozar...

Meu bombom
Nosso amor e o Armagedon
Fica bem e é de bom tom
Se ter ansiedade
Na cidade, o que é chique é angustiante
Já pro mar, velejar e amar

Mas meu bombom
A Sardenha não é mais a mesma
E o que é chato no Armagedon
É champagne sem lesma
Malefício!
Essa guerra é um disperdício
Bem na hora
De se ir passear

Meu bombom
No encontro ao Armagedon
Não precisa usar batom
Venha como estiver...
Queimadinha de radioatividade!

Era o ano de 1993 !

Allen Ginsberg - Por Lupeu Lacerda


Allen ginsberg, eu não sei em que lugar do céu você coça seu umbigo judaico americano. Allen ginsberg, eu não tenho a menor ideia do que você possa dizer ao seu deus poeta, sionista e degenerado. Allen ginsberg, os estados unidos continuam invadindo, torturando e julgando todos os povos da terra, embora eu saiba que você não tem porra nenhuma a ver com isso. Allen ginsberg, eu gostaria de poder te ler um belo poema de Manoel bandeira, mas não sei decorado, e o livro, eu tive que vender pra comprar uma carteira de cigarros. Allen, Allen, eu descobri alguns códigos, mas eles não abrem nem a metade das portas de huxley. Allen, Allen, eu fico daqui do interior da Bahia imaginando se teu deus sionista te recebeu numa boa. Allen, pressupondo que você esteja no céu, onde você escuta seus be-bops ensandecidos? Quando bebo além do limite imagino você, Whitman, normando, chet baker e charlie parker em uma nuvem jam-session. Bêbados, felizes e implorando uma asa, uma nova chance no inferno da terra. Allen, eu imagino que você detestaria esse tempo de agora... os garotos e garotas detestam poesia, escutam coisas que eles chamam de música, que faria qualquer tocador reles corar de vergonha. As drogas? Quase todas sintéticas, ou batizadas, uniformes... eles conseguiram padronizar até a lombra! Allen, se eu tivesse teu endereço, te mandaria o livro do gustavo “o amor é uma coisa feia”. Do caralho man! Ele tem a alma atormentada dos beats, e sabe cozinhar, e escreve com a mão pesada dos velhos. Dos que vaticinam. Dos que viram poster´s na posteridade. Te mandaria também os escritos de gabi. A ciber punk baiana que tem dinamite em seu sangue moreno e belo. E que acha tempo pra ensinar meninos doentes a re-aprenderem a rir. Sabe Allen ginsberg, seu escroto judeu-americano, quando eu tinha 14 anos vi teu livro “uivo” em uma prateleira lá em fortaleza. Uivei contigo de capa a capa. Quando acabei de ler, peguei um caderno, uma caneta, e nunca mais deixei de escrever. Allen, você é um velho judeu morto. Eu sou um velho cariri ainda vivo. E a poesia, meu camarada, NÃO MORRE NUNCA.

lupeu lacerda

A Caixa de Pandora - Marcelo Debbio


Na mitologia grega, Pandora (”bem-dotada”) foi a primeira mulher, criada por Zeus como punição aos homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar dos céus o segredo do fogo.

“Caixa de Pandora” é uma expressão utilizada para designar qualquer coisa que incita a curiosidade, mas que é preferível não tocar (como quando se diz que “a curiosidade matou o gato”). Tem origem no mito grego da primeira mulher, Pandora, que por ordem dos deuses abriu um recipiente (há polêmica quanto à natureza deste, talvez uma panela, um jarro, um vaso, ou uma caixa tal como um baú…) onde se encontravam todos os males que desde então se abateram sobre a humanidade, ficando apenas aquele que destruiria a esperança no fundo do recipiente.

Existem algumas semelhanças com a história judaico-cristã de Adão (Adan) e Eva em que a mulher é, também, responsável pela desgraça do gênero humano.

Desde que Zeus (Júpiter) e seus irmãos (a geração dos deuses olímpicos) começaram a disputar o poder com a geração dos Titãs, Prometeu era visto como inimigo, e seus amigos mortais eram tidos como ameaça. Sendo assim, para castigar os mortais, Zeus privou o homem do fogo; simbolicamente, da luz na alma, da inteligência.

Prometeu, “amigo dos homens”, roubou uma centelha do fogo celeste e a trouxe à terra, reanimando os homens.

Ao descobrir o roubo, Zeus decidiu punir tanto o ladrão quanto os beneficiados. Prometeu foi acorrentado a uma coluna e uma águia devorava seu fígado durante o dia, o qual voltava a crescer à noite.

Para castigar o homem, Zeus ordenou a Hefesto (Vulcano) que modelasse uma mulher semelhante às deusas imortais e que tivesse vários dons.

Atena (Minerva) ensinou-lhe a arte da tecelagem, Afrodite (Vênus) deu-lha a beleza e o desejo indomável, Hermes (Mercúrio) encheu-lhe o coração de artimanhas, imprudência, ardis, fingimento e cinismo, as Graças embelezaram-na com lindíssimos colares de ouro…

Zeus enviou Pandora como presente a Epimeteu, o qual, esquecendo-se da recomendação de Prometeu, seu irmão, de que nunca recebesse um presente de Zeus, o aceitou.

Quando Pandora, por curiosidade, abriu uma caixa que trouxera do Olimpo, como presente de casamento ao marido, dela fugiram todas as calamidades e desgraças que até hoje atormentam os homens. Pandora ainda tentou fechar a caixa, mas era tarde demais: ela estava vazia, com a exceção da “esperança”, que permaneceu presa junto à borda da caixa.

Outra lenda grega diz que Pandora é a deusa da ressurreição. Por não nascer como a divindade, é conhecida como uma semideusa. Pandora era uma humana ligada a Hades. Sua ambição em se tornar a deusa do Olimpo e esposa de Zeus fez com que ela abrisse a ânfora divina.

Zeus, para castigá-la, tirou a sua vida. Hades, com interesse nas ambições de Pandora, procurou as Pacas (dominadoras do tempo) e pediu para que o tempo voltasse. Sem a permissão de Zeus, elas não puderam fazer nada.

Hades convenceu o irmão a ressuscitar Pandora. Graças aos argumentos do irmão, Zeus a ressuscitou dando a divindade que ela sempre desejava. Assim, Pandora se tornou a deusa da ressurreição.

Para um espírito ressuscitar, Pandora entrega-lhe uma tarefa; se o espírito cumprir, ele é ressuscitado. Pandora, com ódio de Zeus por ele tê-la tornado uma deusa sem importância, entrega aos espíritos somente tarefas impossíveis. Desse modo, nenhum espírito conseguiu nem conseguirá ressuscitar.

Curtíssima - II



No voo dos pássaros
O fio do tempo
Costurando a vida

Claude Bloc

Começando com música o dia primeiro de Dezembro /2010