Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quarta-feira, 16 de junho de 2010
Lamartine Babo - por Norma Hauer
Será que eu entendi bem?
Coisas da poesia
Coisas da poesia
O bule de café fumega no fogão.
O queijo frige na palha de milho.
A polenta na frigideira.
Na panela de ferro a banana são-tomé.
A velhinha sorri para mim.
O picumã pende do telhado.
O fogo crepita com a lenha verde.
Eu olho as estrelas entre as labaredas.
Um sapo de castigo num canto da parede.
Um caranguejo toma sol no quintal.
Havia um cheiro de mato
E um cheiro de pão no forno.
A minha língua era torta.
Coisas da poesia.
____
Por Luiz Alberto Machado
Naturalizados jogando em seleções estrangeiras - por José do Vale Pinheiro Feitosa
- Desinfeta meu irmão. Num vem com Caô prá cima de mim! Faço por que faço! Tipo assim fazer por que outro num faz.
Carlinhos pegava um ônibus ali no ponto da entrada do Túnel Dois Irmãos, do outro lado da Rocinha, mas Tião queria arrastá-lo para um jogo de bola. Carlinhos estava decidido e não cedeu ao argumento do irmão.
- Qualé Mané? O bugalho é de primeira. É de responsa, os Mané do Cantagalo estão vindo e hoje é o dia da nossa comunidade dar o troco neles. Aqueles dois a zero ainda dói bem aqui no meu coraçãozinho de ouro.
- Num dá. Tenho coisa muito importante para resolver na Cidade. De hoje num passa.
- Tu anda pegando bagulho malhado doido? Isso é lá coisa que gente de juízo vá apertar? Num dá para levar a sério meu irmão.
- E isso é lá contigo. Ó! Comigo a parada é outra. Não desisto. Nem que a parada esbarre numa mineira. Isso é assim mesmo. Tem que estourar a boca. Num pode é ficar nesta de vai um num vai. Eu disse que fazia e vou fazer.
- Porra que onda! Sair daqui até o Centro por uma parada ruim enquanto a gente aqui tem esta onda com os Mané do Cantagalo? Tu até parece olheiro sem foguete. Deixa isso para outro dia!
- Nem que a vaca tussa! É hoje ou dia nenhum. De hoje não passa!
- Então me diga como é que tu vai fazer?
- Vou chegar lá e armar o maior barraco. Vou tá na porta bem na hora que os repórteres estão. Eles vão anotar tudinho e eu metendo bronca na CBF. Pode ler os jornais amanhã que tu vai ver.
- Como vai ser o teu o lero?
- Simples. Muito na elegância, mas dizendo tudo. Olha aqui seus Filhos da Puta, se tem brasileiro jogando em outras seleções se passando por estrangeiro, aqui também tem que ter. Se o Deco joga em Portugal, Cacau na Alemanha, sem tem neto de Japonês na maior como se fosse Japonês e ainda dizendo que tem orgulho de ser o que é, nós temos que cuidar dos nossos daqui.
- Quem? Qualé malandro. Isso é o maior Caô que já vi. Quem é este?
- Ei! Qualé a tua? Tá me desconhecendo. E o Petkovic? Tu já esqueceu? Vamos naturalizar o cara e aí o flamengo vai ter mais um na seleção.
- Petkovic? Tu vai perder a parada de hoje por causa do Petkovic? Tu já perguntou isso para ele?
- Não precisa.
Aprendendo a viver... ??? - por Claude Bloc
Mas, o que importa, neste momento, é que venci mais uma etapa, e, diga-se de passagem, antes da data final de entrega.
Bom, passei por outros estresses(zinhos) só para não perder o costume. Como sou professora-colaboradora no momento, cada final de semestre é uma nova batalha, onde os benditos TÍTULOS falam mais do que a experiência, a dedicação, o compromisso e a pontualidade e disponibilidade da gente. Hoje, no campo do trabalho somos meros números, somos quantidade e não qualidade. Não adianta muito, por aí, a gente ter critério se esfolar vivo para produzir algo de qualidade, pois no final das contas, uma pessoa que fez cursos a esmo, mesmo sem qualidade nem propósito, vai tomar a tua, a minha, a sua vaga...
É diante dessas prerrogativas que me “encuco”. Vale a pena tanto sacrifício? O que sei é que tenho meu jeito de ser. Apaixonada por minha profissão, com todos os seus reveses. Com toda a sanha do mundo moderno. Mas gosto assim porque faz parte da minha natureza. Não sei sair por aí dando rasteira nos outros para subir, para galgar mais um degrau pisando no calo de quem está disputando comigo um lugar ao sol.
Sou o que Deus quer de mim. Vou engolindo alguns sapos e levando o barco à frente. Sempre em frente. Não amolecendo com as dificuldades. Não esmorecendo com os obstáculos. Sem estagnar nem me acomodar, pois isto sim não seria ViVER.
Claude Bloc
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Tímida vitória – Por: José Nilton Mariano Saraiva
E, no entanto, no embate de ontem o que vimos foi uma seleção brasileira tímida, travada, retraída, inofensiva, excessivamente burocrática ou, usando do popular jargão futebolístico, com o freio de mão acionado. Nossos principais jogadores, mesmo habituados a grandes decisões no futebol europeu, visivelmente sentiram o peso da estréia e ficaram longe de render aquilo do que são realmente capazes (o frio siberiano não é desculpa para o mau desempenho, já que acostumados estão, por jogarem e residirem na Europa).
O que vimos, aqui e acolá, foi o “ciclista” (Robinho) tentar pedalar com mais velocidade, levar sua mambembe bicicleta rumo ao gol adversário, mas ao seu lado nossa principal referência em termos de criatividade, Kaká, mostrava-se afobado, sem ritmo e incomodado com a apertada marcação, sem nada produzir e, até, atrapalhando em alguns lances. E o retrato emblemático da inoperância ofensiva daquele que deveria decidir (Luis Fabiano) traduzia-se nas constantes incursões do “capitão” Lúcio ao ataque, às vezes atabalhadoadamente, abrindo perigosas brechas lá atrás, conforme se comprovou no gol coreano, já na fase crepuscular da partida. Ainda bem que já havíamos feito dois gols, um dos quais um tanto quanto “acidental” ou espírita (o primeiro), já que o lateral Maicon chutou a bola sem maiores pretensões, na tentativa de impedir sua saída pela linha de fundo, conforme posteriormente declarou.
Ao final, até o pragmático treinador Dunga admitiu que a equipe não houvera rendido o esperado, ao tempo em que manifestou sua esperança de que, a partir do segundo confronto, enfrentando adversários teoricamente mais categorizados (que jogam e deixam jogar) a seleção se redima e apresente um melhor futebol, capaz não só de conseguir a classificação para a segunda fase, mas, e principalmente, se faça merecedora da confiança da torcida brasileira. E aí, embora o time deva continuar o mesmo, a conversa será outra, já estaremos num melhor ritmo, a tensão da estréia já se terá esvaído, o sangue já terá “esquentado” nas veias e a briga será entre “cachorros grandes”, pra valer.
Portanto, no próximo domingo, tal qual aconteceu ontem, nossas principais ruas e avenidas, das metrópoles às cidades interioranas, permanecerão estranhamente desabitadas, silenciosas e vazias, à espera de acolher, após 90 minutos, uma legião de apaixonados a comemorar mais uma vitória do nosso time.
A seleção ficou devendo, sim, mas temos plenas condições de progredir, render mais, deslanchar de vez (até porque os nossos principais adversários – Costa do Marfim e Portugal – agora não só já conhecem o modo de atuar da Coréia do Norte, como sabem da necessidade de abrir um placar confortável, na perspectiva de uma igualdade final).
Vamos chegar lá !!!
BOM DIA CARIRICATURAS
Já percorri meia estrada
de barro que lama virou
já me banhei em um rio
que toda sujeira lavou.
Já me mirei no espelho
e a fera me acenou
no espelho me mirei
e o Belo me abraçou.
Já fui pedra
Já fui ostra.
Hoje precisa e preciosa
sou
pérola de muito valor.
(StelaSiebraBrito)
Festa do Cariricaturas - 23.07.2010 - Primeiro Aniversário!
As mesas já estão sendo vendidas. Colaboradores e leitores, reservem a sua !
Local: Crato Tênis Clube a partir das 20 h.
Ingresso por pessoa : 10,00
Posição em 16.07.2010: 50 mesas disponíveis.