Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

domingo, 13 de dezembro de 2009

Edredon vermelho - Herivelto Martins

Meu edredon vermelho,
Brilha que nem espelho,
Reflete o rosto teu,
Quando tu sentas na cama,
Suja os tapetes de lama,
Mas não faz mal, digo eu.


E quando tu vais embora,
Parece que tudo chora,
Sentindo falta talvez,
Traze alegria contigo,
Volta a falar comigo,
Senta-te a cama outra vez.

Teu retrato,
Lá no meu criado-mudo,
É testemunha de tudo,
Que entre nós, se passou,
Teu retrato,
Fica as vezes tão sisudo,
Porque não compreende tudo,
Porque alguém não voltou.

Meu edredon vermelho,
Brilha que nem espelho,
Reflete o rosto teu,
Quando tu sentas na cama,
Suja os tapetes de lama,
Mas não faz mal, digo eu.

E quando tu vais embora,
Parece que tudo chora,
Sentindo falta talvez,
Traze alegria contigo,
Volta a falar comigo,
Senta-te a cama outra vez.

H.Martins

Calmaria - Domingos Barroso




Não faço a mínima ideia
qual a próxima mulher
a rasgar-me o ventre
e puxar-me os cílios.

Tampouco ando sonhando
com fadas, bruxas, artesãs.

Minha solidão brinca de esconder-se
entre as páginas dos livros empoeirados.
Às vezes até escapa pelas rugas dos dedos.

Mas nada tão mágico
quanto um verso de Quintana.

Pra falar a verdade,
minha solidão envergonha-se
por sua habitual truculência.

Faz um barulho horrível
de madrugada
sobre os telhados.

Domingos Barroso

Espera , no fim da linha - por Socorro Moreira



Sem endereço,
que eu sempre vejo,
adianta fugir?


Leio silêncios
Esqueço
até por momentos ...
E fio,
dias a fio...
Desafio !


A relação se perde,
e fica na espera
do constante ressurgir


Amor que não azucrina
ultrapassa a linha,
os limites do entender.

Flores brotam
estrelas brilham
sol cintila
vozes gritam ...
Amor sem fim !

Para Rosa Guerrera - do seu amigo secreto


Para Ana Cecília - do seu amigo secreto


A paixão de Cristo encenada na Paraíba - Colaboração de Rosineide Esmeraldo


Gente, essa é uma história verídica!

Aconteceu numa cidadezinha lá nos confins da Paraíba.

O dono do circo, em passagem pela cidade, sabendo quão religiosa era sua comunidade, resolveu encenar a PAIXAO DE CRISTO na Sexta-Feira Santa.
O elenco foi escolhido dentre os moradores locais e, no papel pincipal - de Jesus Cristo - colocaram o cara mais 'gato' da cidade.
Os ensaios iam de vento em popa quando, às vésperas do evento, o dono do circo soube que 'Jesus' estava de caso com sua mulher.
Furioso, o corno deu-se conta que não podia fazer escândalo pois iria por a perder todo o trabalho e o investimento que fizera pra montar a peça.
Pensou, pensou...
Na véspera do espetáculo, comunicou ao elenco que iria participar ... fazendo o papel do CENTURIÃO!
- Mas como? - reclamaram todos - Você não ensaiou!
- Não é preciso ensaiar, porque centurião não fala!
(Mesmo sem gostar, o elenco teve que aceitar, afinal, o cara era o dono do show).
Chegou o grande dia.
A cidade em peso compareceu.
No momento mais solene, a platéia chorosa em profundo silêncio...
Jesus carregando a cruz... e o 'centurião' começa a dar-lhe chicotadas. De verdade.
-Pô, cara, ta machucando! Reclamou 'Jesus', em voz baixa .
- É pra dar mais veracidade à cena, devolveu o 'centurião' .
E tome mais chicotada... lept, lept, o chicote comendo solto no lombo do infeliz.
Até que 'Jesus' que já reclamara bastante, enfureceu-se de vez, largou a cruz no chão, puxou uma PEIXEIRA e partiu pra cima do 'centurião':
- 'Vem, desgraçado! Vem cá que eu vou te ensinar a não bater num indefeso'!
O 'centurião' correndo, 'Jesus' com a peixeira correndo atrás,e a platéia, em delírio, gritando:
'É isso aí! Fura ele, 'Jesus'! Fura que aqui é Paraíba, não é Jerusalém não'!
( autor desconhecido)

Versos de Quintana




Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu…
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.

Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.”

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Quero, um dia, dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim e que eu sempre dei o melhor de mim…
e que valeu a pena.

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Amor não é se envolver com a pessoa perfeita,
aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.


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Quiseste expor teu coração a nu.
E assim, ouvi-lhe todo o amor alheio.
Ah, pobre amigo, nunca saibas tu
Como é ridículo o amor… alheio!

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DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu, agora – que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

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Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas porque têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de conseguir. Assim, as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, eles estão errados. Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar, aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore.

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CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos…

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Nunca diga “te amo” se não te interessa. Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem. Nunca toque numa vida se não pretende romper um coração. Nunca olhe nos olhos de alguém se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por causa de ti. A coisa mais cruel que alguém pode fazer é permitir que alguém se apaixone por você quando você não pretende fazer o mesmo.

Mário Quintana

" Nosso Amor e a Arte " por Corujinha Baiana




"O Beijo" - Escultura em mármore de Auguste RODIN (1840-1917), Musée Rodin - Paris
***

"Nosso Amor e a Arte"

***

Tu - "Da Vinci"

Eu - " Gioconda" toda tua.

Eterna "Mona Lisa",

"Esfinge"

de sorriso enigmático.

***

Tu - "Monet"

Eu - " Impressões".

Lençóis perfumados

"Fleur de Rocaille"

"L 'Amour est Bleu"

"La Vie en Rose".

***

Tu - "Pigmaleão"

Eu - "Galatéia"

Esculpiste a minha alma

alisaste os meus contornos,

e criaste as formas mais perfeitas.

***

Tu - "Orfeu"

Eu - "Eurídice".

Com a lira mais sonora

meus sentidos adormecias.

- Mágico acalanto.

***

Tu - "Quixote"

Eu - "Dulcinéia"

Juntos cavalgamos

nos lençóis - "La Mancha".

Lança em punho,

cavaleiro destemido.

***

Tu - "Nureyev"

Eu - " Giselle"

No palco da nossa cama

na mais bela coreografia,

um sensual "pas-de-deux".

***

Tu - "Dante"

Eu - "Beatriz"

Me conduziste ao Céu e ao Purgatório,

até descermos ao Inferno das paixões,

onde a nossa "Comédia" deixou de ser "Divina".

***

Tu - "Boccacio"

Eu - Religiosa sem pudor ...

Nas linhas do meu corpo,

tanta história...

e um "Decameron" só nosso.

***

Tu - "Debussy"

Eu - "Variações do 'Clair de Lune' "

Nas teclas do meu corpo,

Muitas "Claves",

"Bemóis" ... "Sustenidos".

"Pausas" ... "Staccatos"...

"Pizzicatos"...

"Pausas..."

"Ritornellos"...

***

Tu - "Rodin"

Eu -"Camille"

Amor... Paixão...

Loucura.

Nossos corpos entrelaçados

E nossos beijos eternizados

No frio e leitoso branco dos lençóis.

***

Tantos talentos!

Tantas criações !

***

Eu e Tu

Tanta inspiração !

E uma só Obra de Arte:

"O Nosso amor"

***

( Corujinha Baiana - 13 de dezembro de 2009 )

Premonição? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Naquela noite, inicio de dezembro de 1965, eu fui dormir pensando na viagem que faria ao Crato no dia seguinte. Um pouco de ansiedade me envolvia por completo. Primeiro pelas férias há tantos dias aguardadas. Depois pela viagem aérea que sempre me deixava um pouco tenso. Embalado por essa ânsia, adormeci e tive um sonho tão nítido quanto preocupante. Estávamos na nossa casa do São José e na sala de visitas havia um caixão de defunto. Um velório era acompanhado por muita gente do lugar. Cheio de curiosidade, olhei para ver quem era o morto. O velho Mamundo estava dentro do caixão completamente inerte. Uma tristeza invadiu minha alma, pois Mamundo era um personagem da minha infância. Ele era nosso vizinho de sítio, no São José e há muitos anos morava na nossa casa. Foi casado com uma prima de meus pais. Quando ele ficou viúvo, entrou num desespero de fazer pena, totalmente sem planos para enfrentar tamanha solidão. Meus pais convidaram Mamundo para passar alguns dias na nossa casa. E ele por lá ficou mais de trinta anos. Agora, num sonho estranho, ele jazia inerte naquele caixão. De repente uma das minhas irmãs disse: “Finalmente essa praga morreu!” Fiquei tão chocado com essa frase e mais ainda quando vi Mamundo levantar-se bruscamente do caixão e apontando o dedo para minha irmã disse: “Você está pensando que eu morri? Pois eu não morri, não! Quem vai morrer é seu pai!”

Acordei sobressaltado, olhei o relógio, três horas da madrugada. Não consegui mais dormir no restante daquela noite. Aquele sonho me deixou completamente preocupado, pois temia muito que meus pais morressem antes que eu concluísse meus estudos. A cada passagem do trem suburbano do outro lado da Ribeira, sentia-me no São José, com o tão familiar apito e o barulho dos rolantes dos trens. E um medo muito grande me encheu por completo. Aquele sonho mexeu comigo.

Durante o vôo não conseguia me livrar da preocupação que o sonho me trouxera. Bobagens, sonhos são apenas sonhos, talvez apenas projeções inconscientes dos nossos medos. Tentava desse modo me livrar daquele mau estar.
Quando o velho DC-3 pousou no Aeroporto de Fátima, de longe se avistava a pequena estação de passageiros. Tomei um susto porque não vi meu pai, que sempre costumava me esperar nessas viagens. Em seu lugar estavam dois irmãos. Mal desci do avião, perguntei a eles: “Por que papai não veio?” “Papai está doente. Apareceu um derrame abaixo das duas axilas.” Responderam. Novamente o sonho da noite anterior voltou a me incomodar.

Uma semana depois da minha chegada, um primo médico foi com meu pai ao Recife, onde na véspera do Natal daquele ano ele foi submetido a uma cirurgia para retirada dos gânglios sob suas axilas, tendo a biopsia constada que se tratava de melanoma, um dos tipos de câncer mais mortal. A previsão dos médicos era a de que ele teria no máximo três meses de sobrevida.

Meu pai viveu ainda seis meses. Durante esse tempo, ele tinha consciência do seu estado e enfrentou aqueles dias com muita serenidade e confiança, que somente a certeza dos que crêem na imortalidade da nossa alma podem ter. Nos seus últimos dias, nossa casa ficou repleta de familiares e de uma multidão de amigos, que a gente não imaginava que meu pai fosse tão querido.

Percebendo que suas forças estavam acabando, ele chamou os filhos para uma última conversa. Por ser o filho caçula, fui o último a ouvir suas palavras, quase num sussurro. Foi muita emoção! De imediato, eu não compreendi porque ele me agradeceu as alegrias que eu lhe havia proporcionado. Depois entendi que ele estava dizendo o que esperava de mim no futuro. E durante toda a minha vida, eu procurei norteá-la pelo exemplo de vida que meu pai deixou. Um homem honesto, correto, amigo de todos sem distinção e de uma postura moral irretocável. Agora, depois de quarenta e três anos daquela despedida, espero haver correspondido àquele agradecimento que, para mim foi um direcionamento para o futuro.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Histórias em fotos - Encontro com a Cultura

Esta foto é da Secretária de Cultura de Pernambuco , Dra. Luciana Azevedo, presenteando Dr. Heládio Teles Duarte , com seus projetos administrativos .




Quando a Direita encontra a Esquerda ... ( foto- Heládio Teles Duarte)





Encontro com os descendentes da Estrêla de Davi( Roichmanns)‏
foto : Heládio Teles Duarte

Coisas Invisíveis - Domingos Barroso

Depois quando digo
fantasmas me acompanham
pensam loucura minha

então quem matou essa amórfica barata
cuja gosma já petrificada na cerâmica branca?

Vê-se que o crime ocorreu de madrugada.
Tarde, bem tarde da noite.

Não sou sonâmbulo.
Meu filho quando dorme desmaia.
Não tenho gatos nem cachorros.

Portanto, quem matou essa híbrida barata
cujos olhos ainda abertos olham para seu verdugo?

Vê-se que foi uma morte dura.
O abdome esmagado com requinte de crueldade.

Conservou-se para meu espanto
uma barata monstro -

meio homem,
meio dragão de Komodo.


Domingos Barroso

João e Maria - para os amigos secretos - do amigo secreto


não sou a fonte para a sede
nem a palha pro repouso
Doer ..." já finjo que é dor
a dor que deveras sinto"
Sangrar ...
Já finjo que não sinto
Tive tremeliques
quado recebi pontinhos
cheios de silêncio...
e ainda hoje os espero.
São como milho
ou o miolo de pão
do Joãzinho e Maria
marcando um caminho...
Mas
se sou bruxo
tenho o direito de oferecer
a gaiola/prisão
água fervente/caldeirão

O caminho
é uma busca incessante...
"Só peço a Deus que vos guarde
na palma da sua mão"!

Para Sauska - do amigo secreto


sinto que

me acendes uma chama

no mais subterrâneo recôndito

luz, calor , desejo

e enquanto escrevo

está sendo eterno

depois que voar daqui

eu findo


Doce mulher

nascida

brusca

sauska

há resquícios de vida

ao longe

Para José do Vale Pinheiro Feitosa - do amigo secreto

"Muito Estranho "( Dalton) , considero trilha sonora do romance "Paracuru" ( maravilhoso!) do escritor Zé do Vale, amigo secreto do Cariricaturas.

Um abraço domingueiro para ele .

Brincando com fogo - por Socorro Moreira



Delicadeza

O vento barulha
nas folhas secas da serra
nos telhados e janelas
canta rouco, canta fino
sibilante como cobra
irritante como o grilo

Adoro a zoada que a natureza orquestra
Fico calma, delicada,
e penso numa orquídea, enfeitando
a minha casa!



Casamento poético

Namoro tudo que eu quero
Sem pensar, no juntar dos trapos
Penso apenas, no cruzar de versos...
Enxoval sem lençóis bordados !


Viola calada

Na boca da noite tem vinho
No vento da madrugada, poesia
Nas cordas do violão... Paixão!

Foi muita lua
Mas o sol sempre impõe
o clarão da razão!

Domingos que se foram ... - por Rosa Guerrera


As vezes o dia de domingo me traz saudades .Não aquele tipo de saudade que dói , que machuca , que deixa a gente meio pra baixo , como se diz na gíria. É uma saudade gostosa , de fatos alegres, quando as “tardes de domingo ( como canta o Roberto Carlos ) eram mais jovens”, pertencentes a “velhos tempos’, “belos dias” .E assim deixo rolar na minha mente o terraço da minha casa, as canções divertidas ao som do violão,os papos sobre namoricos ,os garotos bonitos, os beijinhos as escondidas , o sorriso da minha mãe, e um relógio que pouco se importava em marcar tempo ou hora.Afinal , quem não teve um tempo onde o próprio tempo nos deixava a vontade , sem exigências ou compromissos ! Será que éramos felizes e não sabíamos, ou apenas estávamos engatinhando em busca da felicidade?Hoje sinceramente não consigo analisar o porque daqueles encontros barulhentos que aconteciam todos os domingos no terraço da minha casa. Por quanto tempo existiram, também não lembro. Sei apenas que as jovens tarde foram envelhecendo a medida que fomos crescendo e o terraço foi se esvaziando pouco a pouco.Éramos talvez dez ou onze participantes daquelas tardes domingueiras que terminavam sempre depois das 8 horas da noite .E ansiosos esperávamos durante a semana o próximo domingo...E dessa maneira muitos e muitos domingos marcaram os vários calendários da minha vida .Mas como o destino dá sempre passos para a frente, aquela turminha foi seguindo cada um o seu caminho.Veio o período da faculdade, do primeiro emprego , das primeiras responsabilidades e os domingos foram tomando outro aspecto.
Quando nos encontrávamos , já não existia o som do violão , e as nossas conversas eram outras, muitas até marcadas por decepções amorosas, experiências amargas, romances inacabados , enfim : o domingo passou a ser um dia comum como todos os demais .Saí daquela casa faz mais de 30 anos , mas por incrível que pareça , todas as vezes que passo em frente a ela , olho a varanda daqueles dias alegres , e na minha mente sou quase capaz de ouvir o violão e as gargalhadas daquela turminha bagunceira e despreocupada que marcaram de tanta ternura a minha vida.E a saudade que bate no meu peito , é exatamente como falei no começo : é gostosa , é gostosa demais!


rosa guerrera

A Poesia de DOMINGOS BARROSO

Objeto

Um pé de meia branca
prende a porta do armário.

Os bofes ao avesso
para fora.

Quem escolheu tal trágico fim
a esse taciturno pé de meia branca?

Tanto me fez companhia
dentro do corredor escuro
do tênis rainha.

Onírica

O batom sobre a penteadeira
não é o mesmo batom
dentro da bolsa.

A musa reserva-se ao direito
de ter duas bocas.

Um par de lábios
diante do poeta;

outro par de lábios
em situação verídica.

Os chinelos debaixo da cama
não são os mesmos na praia -

a musa tem pés de cabra
e asas de borboleta.

A Carambola

Ganhei de presente uma carambola.
Lembrei-me dos teus grandes lábios.

Guardei a dádiva dentro de um depósito
no qual havia antes pela manhã
um pedaçinho de bolo.

Imagina uma carambola
suja de chocolate e chantily.

Tenho pena de sacrificar-lhe a alma.
Mordê-la.


domingos barroso

Mousse mesclado de chocolate com pistache- compondo a sua ceia ...




(Rende 10 porções)

Ingredientes

MOUSSE DE CHOCOLATE MEIO AMARGO

360g de chocolate meio amargo, picado.
½ lata de creme de leite.
2 claras.
2 colheres (sopa) de açúcar de confeiteiro.

MOUSSE DE CHOCOLATE BRANCO COM PISTACHE

360g de chocolate branco, picado
½ lata de creme de leite
2 claras
2 colheres (sopa) de açúcar de confeiteiro
150g de pistache, picado
Cerejas

MONTAGEM

1 embalagem de Biscoito Tortinhas Sabor Chocolate Suíço Adria (160g), picados grosseiramente.

Modo de Preparo
Comece preparando as mousses. Derreta o chocolate meio amargo no microondas (potência média por 2 minutos). Acrescente o creme de leite, mexa bem e reserve. Leve à batedeira as claras e bata em ponto de neve. Junte aos poucos o açúcar de confeiteiro sem parar de bater. Desligue a batedeira, despeje aos poucos o chocolate e com um batedor de arame ou espátula mexa delicadamente para a mousse ficar fofa.
Prepare a mousse de chocolate branco com pistache utilizando o mesmo procedimento que o mousse de chocolate meio amargo. Depois de pronto, acrescente o pistache e mexa delicadamente.
Num refratário médio monte a mousse da seguinte forma: mousse de chocolate meio amargo, Biscoito Tortinhas Sabor Chocolate Suíço Adria, mousse de chocolate branco com pistache, finalize mesclando as duas mousses e decore com Biscoito Tortinhas Sabor Chocolate Suíço Adria, cereja e fio de ovos. Leve à geladeira por 3 horas e sirva a seguir. Decore com cerejas.

Peito de frango picante e pêras - compondo a sua ceia de Natal



PEITO DE FRANGO PICANTE

Ingredientes (rende seis porções)


1 frango desossado (aproximadamente 1 kg);
6 ameixas frescas picadas e sem cascas
3 peitos de frango cortados ao meio sem osso
¼ taça de azeite de oliva
½ taça de cebola picada
1 dente de alho picado
Pimenta malagueta picada, a gosto
¼ taça açúcar
½ taça de vinho branco
¾ taça creme de leite
Sal e pimenta a gosto
Coentro picado a gosto



Modo de Preparo

Lave os peitos de frango e tempere-o por todos os lados com sal e pimenta. Depois, coloque-os em uma assadeira para forno agregando o vinho e um pouco de água. Asse a 150 °C até que se cozinhem, banhando-os continuamente. Enquanto isso, em uma panela com o azeite quente, adicione o alho, a cebola, o coentro, a pimenta e as ameixas, deixe que ferva por dois minutos. Agregue o açúcar e as peras reservando umas para a decoração e sem deixar de mexer incorpore o creme de leite pouco a pouco. Tempere a seu gosto com sal e pimenta e retire do fogo antes que ferva. Coloque os peitos de frango em uma travessa e banhe com o molho de pêra e cereja picante, adorne com as pêras que foram reservadas e com coentro.

A cara de hoje - Por Emerson Monteiro

A gente vive de influenciar e ser influenciado, por tudo que a vida mostra a todo instante. Seja em relação às pessoas, aos acontecimentos em si e à Natureza, qualquer ação implica numa reação, condicionando resultados inevitáveis. Um dos motivos principais desse processo de interação cabe à cota do prazer, porquanto há em volta uma razão justa de atitude para quebrar inércias e sair para ações. Uma troca de valores, digamos assim. Desloca-se a individualidade em busca de resultados agradáveis, atuais ou iminentes.
O sentido da observação, fruto da experiência, localiza inúmeras ocasiões em que pessoas agem sempre no usufruto posterior dos benefícios. Raros, raríssimos, rompem o círculo do interesse pessoal em favor de ocasionar oportunidades aos outros, livres e desapegados.
Nestes tempos capitalistas mundiais, com excelência, ninguém joga tempo fora. Máquinas funcionam durante as 24 horas do dia sempre gerando lucros estonteantes. Mesmos líderes autênticos apreciam ampliar seus espaços de influência, aguardando a lei do retorno em prol de futuras gestões agregadas aos valores antes planejados, essa coisa de reeleição.
A democracia representativa do presente, sim, essa sempre vem preenchida dos absurdos da vez, quando gastos das campanhas eleitorais exigem somas fabulosas de custos, sob a perspectiva de dominar os postos de comando e reverter as possibilidades sociais. Ainda que signifique o extermínio da ética filosófica, nomes expressivos dos grupos sociais arriscam suas belas histórias originais em nome do poder sem limite.
Espécie de fim de rama, os bilhões de seres humanos avançam no bolo inicial da Terra mãe, em processo de autodestruição jamais visto nas proporções do que agora se apresenta. Poucos querem abrir mão da capacidade produtiva acelerada que carcome as chances vitais das novas gerações; derrubar a mangueira para comer uma safra, quer isto representar.
Juntos na Dinamarca em conclave mundial, os representantes defendem seus territórios de emissão de gases numa enxurrada mistificadora do progresso industrial de causar dó, de negrume nunca imaginado pela pior ficção.
Tempos do “era uma vez” se tornou a existência dos humanóides decadentes, senhores da guerra, mártires da futilidade sem causa, em um período histórico ausente de mínima sensatez.
Enquanto a farra persiste de fustigar o destino das leis universais, clamor de respostas graves leva ao desencanto coletivo imediato, quando os diretores da cena reteem os cordões das decisões qual lhes pertencesse a vida de todos habitantes do planeta, no direito de reger seus bens, herança de todos nós.
Contudo o sistema invadiu as privacidades mais remotas e letargia imensa constrange os protagonistas do drama aos piores abusos, preço alto da omissão imprudente. Então, as luzes acesas do palco revelam a verdade no largo sorriso da inevitável Esperança do futuro.

Eu vou pro Crato - Luiz Gonzaga

"No meu pé de serra"- pra matar as saudades dos caririenses distantes

Pensamento para o Dia 13/12/2009


“Aqueles que buscam difundir para outros os valores da Verdade (Sathya), Retidão (Dharma), Paz (Shanti), Amor (Prema) e Não-violência (Ahimsa), devem primeiro procurar praticá-los de todo coração. Imaginar que os valores podem ser instalados através do ensino é um erro. Tal aprendizado não terá efeito permanente. Os educadores devem tomar conhecimento desse fato. Se a transformação deve ser realizada nos estudantes, o processo deve começar a partir de uma idade muito precoce.”
Sathya Sai Baba

Mais uma homenagem a MIGUEL ARRAES - por Joaquim Pinheiro





Na próxima terça-feira, 15.12, se vivo fosse, o ex-governador Miguel Arraes estaria completando 93 anos. Para marcar a data, o Governo do Estado, comandado por seu neto, inaugura no município de Paulista, região metropolitana de Recife, o Hospital Gov. Miguel Arraes. A unidade hospitalar tem o que há de mais moderno em termos equipamento e seu projeto levou em consideração avanços da tecnologia incorporando conceitos que humanizam os tratamentos. Não existem isolamentos nem na UTI e a parte pediátrica prevê acompanhamento por parte da família e todos os complementos necessários para rápida recuperação.

O nome do ex-governador superou o de Agamenon Magalhães em edifícios públicos, praças, avenidas no Estado de Pernambuco. Mesmo depois de morto, seu prestígio não para de crescer. Pesquisas indicam que ele ocupa espaço na memória coletiva dos pernambucanos equivalente Maurício de Nassau e Joaquim Nabuco.

Circula na internet filme de poucos minutos resumindo a trajetória do grande cearense.



Olhar castanho - por Socorro Moreira


Olhar que aperta o céu,
e faz chover em mim ...
.
atiça, pergunta ,
sorri ...
.
olhar sempiterno
penetra e fica,
na menina dos meus...

Pra comer depois - Adélia Prado



Na minha cidade, nos domingos de tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de bicicleta,
a campainha desatada, o aro enfeitado de laranjas:
‘Eh bobagem!’
Daqui a muito progresso tecno-ilógico,
quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas,
em meu país de memória e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo.

O Convite - por Roberto Jamacaru



Correio!!!

O grito do carteiro ecoou casa adentro!
Ao abrir o envelope Marcos viu que se tratava de um convite para uma “Festa de Arromba” destinada aos amantes da Jovem Guarda de sua cidade.
Sacudindo a memória pensou com seus botões: “Eu Daria a Minha Vida” para participar desse acontecimento. Afinal, “Eu sou Terrível”, não tenho um “Coração de Papel”, mas amo meu passado com muita “Ternura”!
De imediato procurou reunir novamente a turma dos cinquentões/sessentões, pois, assim como ele, essa gente também amava Roberto Carlos, Erasmo, Wanderléa, Renato e seus Blue Caps, Leno e Lilian, Os Vips e tantos outros ídolos musicais dessa época.
No rápido diálogo ao telefone com um desses componentes, o “Papo Firme” foi o seguinte:

- Olha, bicho, prepare-se para reviver os embalos do “iê, iê, iê”... E pode vir quente que eu já estou fervendo, pois o baile vai ser uma brasa, mora!

Só que, nessa festa dos “Velhinhos Transviados”, havia uma exigência básica: todos os convidados deveriam se apresentar à caráter. Isto obrigou Marcos a tirar do velho baú, o sonho que adormecia. Estava lá, quase intacto, o kit da Jovem Guarda composto de: medalhão, camisa brilhosa, jaquetão preto, cinto de fivela larga, calça boca-de-sino; alguns anéis e um par de botas com saltos ligeiramente altos.
Pronto! Era tudo que ele precisava para reincorporar o “Negro Gato!”.
Porém, ao tentar se travestir, percebeu, apavorado, que suas medidas estavam desajustadas dentro do velho kit. Olhou para o topete, para a pança, para os músculos, para o traseiro e viu que a quilometragem e a Lei da Gravidade haviam alterado seu leiaut, ou seja, ficou careca, barrigudo, flácido e com a bunda reta que nem uma tábua.
Mas pensou: tudo bem, corpo meu, “Tu não presta, mas eu te amo...”.
E foi com esse apelo à auto-estima que o “Lobo Mau” ressurgiu das cinzas!
Até porque, examinando bem, segundo ele mesmo, nem tudo ali estava perdido. O “Gatão” ainda dispunha de outras armas secretas para conquistar os “Babys” do lugar. A primeira era que, embora coroa, ele ainda tinha molho. A segunda era o seu olhar que julgava ser estonteante. Na falha dessas duas primeiras estratégias, com certeza ninguém iria resistir à sua voz... Ela tinha o tom aveludado! Finalizando a tática, ele ainda apostava no seu “Estúpido Cupido” que, mesmo estando sem muita alegria nas últimas décadas, pelos cálculos, à base de duas doses de cuba-libre e tira gosto de amendoim, ele ainda conseguiria dar u-m-a... d-u-... Bom, essa era uma “Prova de Fogo!”, “Tremendão” é que ele não poderia deixar de ser!
Na garagem, o “Carango” (um zelado Carmanguia), já estava “Barra Limpa”. O aceso ao local do baile era o mesmo das tertúlias anteriores: iniciava com a descida pela “Rua Augusta”, de preferência a 120 km por hora. Em seguida, avançava o sinal, parava na contra mão e com isso deixava de ser mais um “Alguém na Multidão”.
Finalmente ele chegou ao local do baile!
Na entrada estavam presentes “O rádio e a televisão; cinema, mil jornais, muita gente, confusão!”. As “Gatinhas Manhosas e as Coisinhas Estúpidas”, enlouquecidas, o assediavam chamando de Pão, ao mesmo tempo em que tentavam roubar-lhe um beijo.
Com o ego nas alturas, Marcos subiu ao palco e, assumindo o microfone, rasgou com o conjunto os sucessos da época: Menina linda, Doce de Coco, A Primeira Lágrima, Até o Fim, Namoradinha de Um Amigo Meu, Pobre Menina, entre tantos outros.
No retorno ao dancing encontrou-se com seu “Tijolinho”, Rose, que ainda hoje se mantém como o seu “Primeiro Amor”.
Isolados, no centro da roda que se formara, os dois passaram a exibir tudo que sabiam em termos de passes do iê, iê, iê! O público foi ao delírio e pediu bis!
A festa rompeu a madrugada e o sonho parecia não acabar!
Em determinado momento, porém, os sons e as imagens começaram a ficar cada vez mais inaudíveis... Desaparecendo... Nebulosas... Quase sumindo... Sumindo... Su...
De repente...

- Hei, Painho, acorde, já é tarde!
Eu tenho um trabalho da faculdade para ser feito e preciso acessar a internet no seu computador!

- Hã? O quê? Onde? O que está acontecendo? E a música? Filha, cadê o baile?

- Baile? Pirou de vez, velho? Sei lá dessa história de baile!
O que eu vi mesmo foi o senhor dormindo e delirando nessa cama. Dizia também umas palavras meio doidas como “É uma brasa! Bicho! Meu tijolinho, Amapola...” e outras mais. O que significa isso, painho, o senhor estava xingando maínha?

- Claro que não, filha, estava só “Pensando Nela”, morou?

- Morou? O que é isso?

- Nada, nada! “Esqueça”, filha.
São apenas “Detalhes”... “Detalhes tão pequenos de nós dois” dos quais você é um doce fruto deles!


Por Roberto Jamacaru