Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Perfil de amigos - Por Socorro Moreira
A casa dos sonhos- Por Socorro Moreira
Ele sabe que de vez em quando entra nos meus sonhos, e faz uma historinha comigo?
Ontem estávamos num dos estúdios de cinema (só pode!).Havia uma casa isolada, como aquela de Katy “, em” Vidas Amargas “. Existiam portas mágicas, nas laterais. A entrada era um sumidouro. A saída, sempre aos meus pés, parecia traze-lo do interior da terra.
O movimento repetiu-se por várias vezes. Nos encontros, aparecíamos numa festa familiar.Muitos rostos conhecidos... Nos abraçávamos indiferentes àquelas presenças. Aposto que ficávamos invisíveis.
Quando acordei senti a impressão de ter vivido um especial momento amoroso. Os olhos dele acordaram comigo, e procuravam a casa e o sonho.
O inconsciente responde-me à interpretação do sonho: existe uma ponte que nos liga. Namoramos noutros planos, onde o amor impossível é possível.
-A realidade encontra sempre um jeito de resolver as pendências dos desejos.
Marcel Proust
Aleijadinho
Iberê Camargo
COMPOSITORES DO BRASIL
O SAMBA CANÇÃO
Parte II
Por Zé Nilton
- Siga a partitura, Zezinho, isto não está ai ! Este foi o meu primeiro carão recebido de um Pe. Ágio furibundo porque ousei inverter uma tonalidade que o meu ouvido pedia no samba canção “Ave Maria no Morro”. Talvez seja por isso que ainda hoje torço o nariz para inversões às vezes descabidas nas estruturas rítmicas e de tonalidades que se fazem em certas músicas. Só fico vidrado nas repetições joãogilbertianas porque ele repete inovando em acorde, em timbre de voz, na batida e vai por aí.
Pode vê, ou melhor, ouvir os 9 minutos e seis segundos de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, interpretado ao vivo no 19 th Montreux Jazz Festival, no dia 18 de julho de 1985. João se superou em tudo, viveu todas as suas excentricidades neste show.
Bom, mas o assunto aqui é o Samba Canção, e nesta segunda parte vamos seguir um roteiro idealizado pelo mestre Tárik de Sousa.
Nesta quinta feira, às 14 horas na Rádio Educadora do Cariri, no programa Compositores do Brasil, conversaremos, nesta última parte, sobre o ritmo e seus defensores, suas mudanças e permanência, enquanto ouviremos:
A NOITE DO MEU BEM, de Dolores Duran com Dalva de Oliveira
A VOLTA DO BOÊMIO, de Adelino Moreira com Nelson Gonçalves
BOM DIA TRISTEZA, de Adoniran Barbosa e 12. VINGANÇA, de Lupicínio Rodrigues com Linda Batista Vinicius de Moraes com Aracy de Almeida
MATRIZ OU FILIAL, de Luiz Cardim com Angela Maria e Cauby Peixoto
ME DEIXE EM PAZ, de Monsueto Menezes com Milton Nascimento e Alaíde Costa
OUÇA, de Maysa Matarazo com Maysa
AVE MARIA NO MORRO, de Herivelton Martins com Dalva de Oliveira e o Trio de Ouro
SE ALGUÉM TELEFONAR, de Alcyr Pires Vermelho e Jair Amorim com Lana Bittencourt
CHUVAS DE VERÃO, de Fernado Lobo com Caetano Veloso
RONDA, de Paulo Vanzoline com Maria Bethania
CONCEIÇÃO, de Dunga e Jair Amorim com Cauby Peixoto
VINGANÇA, de Lupicínio Rodrigues com Linda Batista
Quem ouvir verá.
Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri(www.radioeducadoradocariri.com)
Acesse: www.blogdocrato.com
Quintas-feiras. De 14 às 15 h.
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Direção Geral: Dr. Geraldo Correia Braga
Pedacinhos de sonhos - Por Rosa Guerrera
Nonato Luiz - Emerson Monteiro
HOMENAGEM A RAQUEL DE QUEIROZ
Telha de vidro
( RAQUEL DE QUEIROZ )
Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda, na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...
A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...
Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz doa dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha! Era tão feia!
- Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você na experimenta?
A moça foi tão vem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!
Geometria dos ventos
Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma.
Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio;
onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao
mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia
( RAQUEL DE QUEIROZ )
A mão, o fio, a renda...
Fractais- Por Everardo Norões
De Wellington de Melo
Pérola nos bastidores- Por Zé Nilton Figueiredo
Gilberto Gil- Grande Poeta !- Letra de música sugerida por Aloísio. Linda !
"Crato é final de linha" - José Nilton Mariano Saraiva
Em sentido contrário, sob pena de inviabilizar suas ações, obstando-lhe o acalentado caminho em busca de vôos políticos mais altos (e não venham com o papo furado de que nem todo político sonha com isso), a improbidade administrativa, possessividade, cabeça quente, falta de controle, pessimismo e afobação não devem constar do dicionário de referida autoridade, por mais pressionada que se encontre.
As reflexões acima têm a ver com um acontecimento recente (menos de dois anos), vivenciado aqui em Fortaleza, quando o prefeito do Crato, atendendo convite da Associação dos Filhos e Amigos do Crato (AFAC), compareceu ao auditório da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), a fim de falar sobre sua gestão à frente da municipalidade.
Depois de muita rasgação de seda nas preliminares, da exibição de belos slides da cidade (e o Crato tem muita coisa bonita, sim, mas que se degradam dia-a-dia), lá pras tantas, e aí já visivelmente incomodado com as interrupções da sua fala e os recorrentes questionamentos a respeito do marasmo da sua administração ou do “porque” do Crato não conseguir acompanhar o pool desenvolvimentista da cidade vizinha, Sua Excelência literalmente perdeu as estribeiras e foi incisivo, curto, grosso e contundente (ipsis litteris): “Pessoal, vocês têm de entender que o Crato é final de linha; só vai ao Crato quem tem negócios lá”.
Ou seja, não mais que de repente - e um tanto quanto surrealistamente, vocês hão de convir - a posição geográfica do Crato (em relação à capital ???) era usada e atestada como justificativa primeira e única para a sua visível estagnação, seu progressivo esvaziamento, sua parada no tempo (só não nos foi explicitado como é que a cidade vizinha, que dista apenas 12 quilômetros da nossa, tudo consegue, o tempo todo e com relativa facilidade).
Estupefatos, os componentes da platéia se entreolharam abismados e pasmos, num misto de espanto e decepção, à procura de entender aquele testemunho sublinear de capitulação, acomodação ou simples descaso com o destino da cidade.
Definitivamente, não estávamos ali para ouvir aquilo. E no entanto, a verdade é que, ao vivo, perante todos nós, aquele que deveria representar a esperança e o porvir de novos tempos se nos mostrava a impotência em forma de gente, o pessimismo em estado latente, a afobação nua e crua, a desesperança em sua mais completa acepção, a incapacidade de alinhavar palavras minimamente confortadoras (e depois dizem que somos pessimista).
E então nos vem à lembrança o testemunho de um dos integrantes da comitiva que esteve em Fortaleza quando da reunião com o reitor da UFC, onde definitivamente se bateria o martelo na definição da localização do campus Cariri da UFC: segundo ele, o prefeito do Crato estava, sim, em Fortaleza, naquele dia, mas teria se negado terminantemente a comparecer àquele importante e decisivo evento, sob a estapafúrdia justificativa de que, de véspera, a decisão já houvera sido tomada, e sua presença, portanto, não alteraria em nada o rumo das coisas, o desenrolar do processo. Que os “bois de piranha” galhardamente enfrentassem a travessia do rio, sozinhos.
E, como pimenta nos olhos dos outros é refresco, o que agora se comenta, aqui em Fortaleza, é que o Crato perdeu também a sonhada Faculdade de Odontologia e tende a ficar sem a Faculdade de Agronomia (e as instalações do Colégio Agrícola, vão servir mesmo pra quê ???).
Por qual razão ??? Onde vamos parar ??? Vamos ficar com o quê ??? Só com o "lixão" do Cariri ??? Querem matar o Pedro Esmeraldo do coração ???
TODOS DEVEM TER FORÇA PARA AGIR
Muitos não me compreendem. Pensam que quero falar como pessoa maldosa e revoltada, querendo esmorecer o meu semelhante. Nada disso acontece comigo. Tudo que faço é em benefício da cidade e ao mesmo tempo desejo acordar o cratense, alertando-o para não cair no sono e não se descuidar dos sérios problemas que se sucedem frequentemente nesta cidade.
Finalmente, os políticos dormem juntamente com o povo e não procuram solucionar os problemas.
Na crônica anterior, intitulada “uma cidade esquecida”, recebi uma saraivada de protestos em meio de tempestade de palavras ”de baixo relevo” com vocabulário que passo a incriminar como sendo pessoa de pouca altura e que não sabe utilizar as palavras mais dóceis e amigáveis.
Recrimino com o som articulado e de gestos amáveis o rebuliço provocado por pessoa do sexo feminino ou masculino e que tem o nome de Janaína. Veio me insultar com esse vocabulário baixo e indigno, acometido por mulher de péssimo comportamento moral. Considero-a pessoa de caráter fora do normal no meio da sociedade.
Aconselho a essa senhora ou senhorita que da próxima vez venha com melhores modos e pratique melhor o uso da palavra. Aviso para ela, “a Janaína”, que não gosto de maltratar ninguém.
Quando defendo a minha terra, é porque fico com ansiedade e espero que o povo reaja às ocorrências funestas que ora acontecem nesta praça. O meu maior desejo é livrar o Crato desse esfacelamento provocado por essa massa que invade a cidade constantemente.
De há muito tempo, desde quando o Dr. Figueiredo Filho era vivo, me empurrava para o lado do jornalismo, dizendo que queria ver a juventude defender a cidade. Daí então, comecei a escrever com um português frágil e sem ânimo, mas fui à frente com muita garra.
Certo tempo depois, por causa de uma desavença política, deixei de lado a escrita. Com o ocorrer do tempo, observando o esfacelamento do Crato, resolvi voltar a lidar com a escrita.
Infelizmente, não sou compreendido e não possuo valor algum em minha terra, já que permaneço no ativismo e desligado da vida cotidiana.
Isto para mim é um gesto amargo investido por pessoas maldosas, inimigas do Crato.
Peço a Janaína ou Janaino, que seja mulher ou homem guerreiro, não venha ofender a ninguém, saiba respeitar o seu semelhante e na próxima vez diga o nome completo.
Lembrando as incongruências do passado, praticados por pessoas pertencentes à época trogloditiana, o Crato estaria tão à frente que ninguém seria capaz de alcançar. Olhem bem senhores; o Crato perdeu a Faculdade Leão Sampaio, o Campus Universitário da UFC e por último a Faculdade de Odontologia, tudo culpa da força negativa da nação troglodita.
E o pior é que esse homem pré-histórico foi empurrado pelo próprio povo e que hoje paga as inconseqüências provocativas provindas do atraso de políticos inconvenientes pertencentes à era passada.
Agora, com muita dificuldade, os políticos têm que readquirir um pouquinho do novo patrimônio, quer econômico, quer moral, empuxado pela força de vontade de todos os cratenses “se houver”, o Crato crescerá com força de vontade, a fim de poder elevar-se com o desejo de igualar-se a outros municípios gigantes, seguindo a trilha do caminho real, digno de cidade civilizada, atestando o populismo do desenvolvimento.
Para conseguir isso, é necessário que busque mais indústrias, façam impulsionar com modernidade o comércio, procurem ter uma educação digna e avançada e por fim cuidar bem da saúde de todo pessoal que é morador da cidade.
Crato, 12.11.2010
Pequenas.Liduina Belchior.
As despedidas de Socorro - José do Vale Pinheiro Feitosa
Se em português Despedidas tem uma solenidade de separação, solidão, saudade, não menos é o termo um ato de movimento. Um afastar-se de um núcleo de ação para uma promessa de outra contingência. Na verdade a “despedida” é uma reação a um status determinado, não importa que valor tenha para quem nele se encontrava. Embora tenha a qualidade comparativa do antes e do depois, não se pode negar um movimento que cortou o status único e dito inescapável em um antes que não mais totaliza o depois.
Quando imagino Liborinho, um antigo comerciante do Crato, que vendia sua mercadoria na própria casa, penso na despedida. Daquele sertão imenso dos Inhamuns sem qualquer seiva para promover-lhe o futuro que sonhava. Ele queria muito mais que o sertão lhe poderia. E de subterfúgio, numa madrugada de lua cheia, para brilhar as trilhas de fuga, sem despedir-se, pedir a bênção aos pais, solitariamente desapareceu do terreno patriarcal e enfrentou as “léguas tiranas”.
Como imagino Helena, cabocla carregada de crias e seu marido subindo os pequenos degraus da Viação Varzealegrense. Tanta gente por despedida. Tantas promessas de mal traçadas linhas. Os mais radicais se apartando até o “Dia de Juízo”. Pois é, o nosso nordeste é terra da esperança, não existe a despedida definitiva, um dia todos nos encontraremos. Mesmo que na terrível sentença de um Deus, já naquela altura da narrativa bíblica, não mais com a expansão de seu dom criativo, mas como juiz de suas criaturas. Um Deus que pareceu ter se tornado um latifundiário do patrimônio humano.
E por que estou falando isso tudo mesmo? É que a Socorro deu a senha de despedida para nos juntar. E não é que juntou? Também logo a nossa querida, frágil, constante, apaixonada, companheira destas jornadas virtuosas do Cariricaturas.
No início era o Verbo Por:Manoel Severo
Como decifrar a ciência magnânima que mantém esta bola de Terra viva? Viva e tão cheia de vida? Como explicar o maravilhoso mecanismo da mais incrível dança de roda do universo, onde brincam de mãos dadas, espalhafatosamente, o grande Sol, a romântica Lua e a incrível Terra, cada um desempenhando sua coreografia, como que reverenciando seu Criador? Ah... Belo universo, como és cheio de mistério!
Qual o botão ou tecla que precisamos apertar para que tudo comece a funcionar? Será que o astro rei hoje vai se atrasar? Será que o ar que respiramos resolverá não aparecer? Dormimos e acordamos sem nos preocupar com esses detalhes... Detalhes tão pequenos de nós dois... Tão incrivelmente simples e maravilhosos oriundos deste mecanismo criador, a Ciência Divina. “No início era o Verbo...” E depois criamos tantos verbos para tentar encontrar a harmonia perdida ao longo de tantos e tantos bilhões de anos... Bilhões de anos? Sim, aqueles seis ou sete misteriosos dias se tornaram milhões, bilhões, e daí a bola de Terra ganhou sementes, plantas, grandes árvores, oceanos, rios, montanhas, insetos minúsculos e maiúsculos, feras selvagens e mansas, e aí a bola de Terra ganhou o homem, e a bola de Terra ganhou a mulher, e todos ganhamos...
Por: Manoel Severo
Jane Duboc
Languidez
Bem queria saber de nada
Dos bichos, das águas,
Das matas, do ar
Só queria ficar calada
E te namorar, namorar
Bem queria saber do mundo
Das guerras, dos crimes, de tudo que há
Só queria mergulhar no fundo
Do teu olhar, teu olhar
E descansar de mansinho em teu corpo,
Sorrir e espreguiçar
E ronronar bem mansinho e gostoso,
Feito uma gata angorá, angorá
Só queria falar besteira
Cantar, sorrir, dormir e sonhar
Só queria deitar na esteira
E ta amar, me entregar, te adorar
E descansar de mansinho em teu corpo,
sorrir e me espriguiçar
e ronronar bem mansinho e gostoso
feito uma gata angorá