TAMBORES DE OGANS
Ouçam longe os tambores
Ouçam o som dos tambus
Ogans de larga mandinga
Tambus guias e
protetores
Invicando seus eguns
Candongos de bela ginga
Nas mãos dos seus batedores
São eles... são os tambores
São deles a nossa alma
São deles nossos amores
No seu batucar rasteiro
Por quem cantam os seus louvores?
No seus versos loroteiros
Por quem velam os tambores?...
É à noite que eu escuto
Eles chegam na madrugada
Ritimado, ouço o
seu bater astuto
Numa rica e seca batucada
Por quem soam os tambores?
Por quem canta essa madeira?
Quem são os adoradores?
Que acompanham a
batedeira
Espalmando, jogando flores...
De quem são esses tambores?
Essa turba candongueira
Vai em noite enluarada
Por vielas becos e guetos
Vai em festa e brincadeira
Pela risca da estrada
Dessa terra brasileira
De quem são esses tambores?
E estes cantos verdadeiros
Que em festa negra encantam
Batidos por candongueiros
Pouco a pouco se agigantam
São dos negros coroados
Lá dos guetos do além mar
Dos sem terra aqui trazidos
Amarrados e cativos
Pra sofrer, não prá cantar
São vozes no seu rufar
São candongos insistentes
Gritos negros renitentes
Que não querem se entregar
Que Rufem os nossos tambores
Do nosso povo
guerreiro
Indio, Mulato, Cafuso
Negro, amarelo e Luso
Viva o povo candongueiro
Wilton Dedê
(imagens: google)