* CHAGAS
* CLAUDE
eu percorreria
todas as estradas desse mundo
mergulharia no escuro mais profundo
que o mar tivesse pra oferecer:
tudo eu faria
percorreria todas as dobras da chapada
todas as sendas dos teus sonhos
toda tua sede infinita
tudo o que eu pudesse te render:
tudo eu faria
me perderia por todas as ruas
esqueceria o meu nome até que
me voltassem as palavras suas
e no silêncio sempre sem saber
onde estaria o fim da saudade
nada mais teria pra dizer:
tudo eu faria
me perderia pelas estradas
dedos fincados nas nuvens
olhos abertos pra lua
e no silêncio de sempre saber
onde começa a alegria
eu queria te dizer:
tudo eu faria
dobraria o tempo
retornaria ao começo de tudo
recolheria as pedras do templo
se um templo existiu num tempo de absurdo
sem que ninguém viesse a saber
tudo eu faria
dobraria as mágoas
retornaria ao começo de tudo
recolheria as sombras do tempo
e as devolveria
sem que ninguém viesse a entender
tudo eu faria
me jogaria na calma dos desertos
o vento roçando na forma da areia
something vibrando em meus ouvidos
meu coração preso em sua teia
reduzido a nada o meu querer:
tudo eu faria
me jogaria no frescor dos rios
sono roçando minhas pálpebras
here comes the Sun em sol, em si
meu coração preso em véus
reduzido a nada o meu ser
tudo eu faria
me entragaria às lâminas do frio
que castiga a cidade no outono
quando o meu copo então está vazio
porque bebi o dia que é sem dono
de cujas horas se faz a solidão
porque é meu o dom de não esquecer:
tudo eu faria
me entregaria ao veludo dos teus sonhos
quando a estiagem me fechasse as portas
quando a solidão me tocasse as horas
porque então, eu já bebi a noite
e o fogo já não queima ao amanhecer
porque é meu dom de não te esquecer
tudo eu faria