Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
SOB O CÉU DO DESERTO por João Marni
Necessário é que nos recolhamos e que fiquemos frente a frente com nós mesmos, não de um espelho, pois a imagem seria invertida.
Falo do mergulho ao nosso interior, buscando nossos motivos, com a alma nua e em silêncio, capaz então de perceber nossos ruídos, nossas dores, nossas culpas e os aplausos pelos nossos acertos.
Não será uma balança, posto que gramas do que fazemos pelo próximo pesam muito mais do que quilos por nós mesmos, quando no nosso prato só a vaidade, o egoísmo, a insensatez, a grosseria, a ingratidão e a cegueira - apesar de tanta luz -, e a mudez quando não gritamos pelo outro diante de uma injustiça!
Isso tudo deveria dar dó na gente!... Mas a percepção de que somos capazes de gestos bonitos, como perdoar ou “fazer o bem sem olhar a quem”, e saber que aquele sorriso que nem é para nós ficarmos felizes à distância, dá-nos esperança. É gratificante!
Entregar-se, doar-se, arriscar-se, não pensar mais em si.
No silêncio, olhar para cima e maravilhar-se com as constelações, tendo a convicção de nossa pequenez e que fizemos o que deveríamos ter sido feito!...Se assim for, ao amanhecer e durante todo o dia, o calor não nos incomodará e á noite o frio cederá lugar á beleza!
De quem temos que lembrar?
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2 comentários:
J. Marni,
Antes de tudo, obrigada pela postagem.
Quero agradecer também por esse momento de reflexão a que esse seu texto nos remete.
Realmente, muitas vezes a nossa dor é tão grande diante de uma injustiça que só conseguimos enxergar a ela (a dor), essa que nos invade e nos sufoca. A dor consome e só quando ela abranda é que percebemos que poderíamos ter olhado mais para o mundo além de nós buscando alento e assim, poderíamos até, quem sabe, ter sofrido menos.
A dor da rejeição, o desconforto da deslealdade nos afogam. A grosseria injustificada nos abafa. E é preciso mesmo de muita força para conseguirmos emergir sozinhos de uma tal situação. Quando as luzes da nossa esperança se desvanecem nos conscientizamos de nossa pequenez porque sabemos que nada podemos fazer sozinhos. A coisas têm sempre duas mãos. Uma que vai, uma que vem. É necessário que ambas andem ao encontro da outra para que consigamos sanar as diferenças...
That's it
Abraço,
Claude
João Marni,
Aceite os meus elogios ao texto com reflexções importantes para todos nós.
Eu que sei bem de perto que a dor engrandece nossa alma e nos torna mais humanos, solidarios e pacificadores.
Voce conhece bem as minhas provações.
Agradeço a postagem.
Grande abraço !
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